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Apesar da volatilidade e das incertezas do momento, há âambiente adequadoâ para que o Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) reduza a Selic (taxa básica de juros), atualmente em 13,75%.  à o que aponta o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), de julho, produzido pela Instituição Fiscal Independente (IFI) e divulgado na quarta-feira (19).
No relatório, a instituição afirma que a desaceleração da inflação, o moderado ritmo de crescimento da economia e o discreto comportamento do mercado de trabalho proporcionam as condições para que o Banco Central (BC) inicie a flexibilização da polÃtica monetária, com a redução da taxa básica de juros, que pode ser adotada em agosto ou setembro. O patamar dos juros é o mesmo desde agosto de 2022.
A extensão do corte nos juros, no entanto, ainda é incerta, segundo os economistas da IFI. Isso porque a redução depende da dinâmica inflacionária, que inclui a expectativa para o Ãndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em prazos mais longos, com menos influência de questões conjunturais. O relatório destaca recuo nas variações para o IPCA de 2025 e 2026 no Boletim Focus, após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta de inflação em 3%.
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A projeção para 2025 passou de 4% em maio para 3,6% em junho, enquanto a de 2026 diminuiu de 4% para 3,5%. Dados do inÃcio de julho apontam estabilidade nesses novos patamares, segundo o texto. âA redução das expectativas de inflação mais longas após decisão do CMN elevou a probabilidade de queda da Selic em agostoâ, disse a IFI, que destacou, ainda, a distância entre a taxa de juros real e a taxa de juros neutra, que evidencia a postura restritiva da polÃtica monetária.
Meta Fiscal
Ainda de acordo com o texto, em 2023, mesmo com uma expectativa de déficit primário superior à meta prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO – Lei 14.535, de 2023), será possÃvel cumprir o a meta fiscal com relativa folga. Isso ocorre porque o espaço fiscal foi ampliado, com várias exceções que permitiram ao governo gastar mais. Os R$ 145 bilhões de ampliação são resultado da Emenda Constitucional 126, que ampliou o teto de gastos em e excluiu algumas despesas da regra constitucional.
Em 2024, caso a Câmara aprove o novo arcabouço fiscal (PLP 93/2023), o cumprimento das metas vai depender mais das receitas do que das despesas. Segundo a IFI, especialmente para cumprir a meta de déficit primário zero definida no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 (LDO – PLN 4/2023), o governo dependerá do incremento das receitas primárias.
âOs principais riscos de descumprimento das metas fiscais estão associados ao desempenho das receitas primárias, uma vez que as composições das despesas primárias projetadas pela IFI parecem ser compatÃveis com os limites propostos no novo arcabouço fiscalâ, diz o relatório.
Estados
O relatório também analisa os resultados primaÌrios dos estados e do Distrito Federal no primeiro quadrimestre de 2023, com declÃnio da saúde fiscal na maioria dos entes federados. Entre os principais fatores que geraram o resultado negativo, a IFI destaca os  movimentos de reajuste salarial de servidores e as perdas decorrentes da redução das  alÃquotas de ICMS incidentes sobre combustÃveis, energia elétrica e telecomunicações. As exceções foram Alagoas, Roraima, Rondônia, Maranhão e Pernambuco, que apresentaram superávits superiores aos registrados em 2022.
âO principal desafio para as finanças dos estados e do Distrito Federal será equilibrar as contas em um contexto de aumento permanente de despesas (oriundo dos reajustes) e de perda permanente de receita do ICMS. Em resposta a essa perda de arrecadação, alguns estados já iniciaram um movimento de aumento das alÃquotas modais do ICMS, o que atenuará os impactos sobre as receitas nos próximos mesesâ, prevê o relatório.
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Projeções
O RAF também faz projeções para os principais indicadores macroeconômicos. A projeção para o PIB em 2023 se manteve 2,28% entre o último relatório (junho) e o atual (julho). Para o IPCA, a projeção caiu de 5,52% para 5,2%. A projeção para a taxa Selic passou de 12,75¨%  para 12% ao ano. O câmbio em dólar também teve a projeção alterada de R$ 5,10 para R$ 5,02.
Para os indicadores fiscais, a projeção é que o resultado primário seja de déficit de 1,2% do PIB (em junho a projeção era de 1,19%). Já a projeção para a dÃvida bruta do governo passou de 76,74% para 76,4% do PIB.