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Cerca de 6,7 mil fazendas de fornecedores de gado do país já tiveram apoio dos Escritórios Verdes da JBS para a regularização socioambiental de suas atividades junto ao poder público. A iniciativa da maior empresa de proteínas animais do mundo, que chegou a 2 mil hectares direcionados para recuperação florestal, começou em 2021, e hoje contempla 19 escritórios espalhados pelas regiões Norte e Centro-Oeste. Mais uma unidade deverá ser inaugurada até dezembro.
Não necessariamente os pecuaristas regularizados fornecem – ou fornecerão – animais para abate em seus frigoríficos. O problema principal de produtores com inconformidades continua sendo o desmatamento ilegal. Assim, simplesmente bloqueá-los reduz a oferta disponível e estimula o fortalecimento de um mercado ilegal que não favorece o setor como um todo. A maioria dos apoiados pela JBS é formada por fornecedores diretos, mas a empresa está expandindo a assistência para fornecedores indiretos.
Quando a resistência dos clientes em comprar carne de áreas desmatadas ilegalmente começou a crescer, nos anos 2000, a resposta dos frigoríficos em geral foi bloquear imediatamente os fornecedores flagrados com irregularidades. Mas a postura setorial mudou nos últimos anos. “O bloqueio automático se torna um trabalho sem fim. Depois de um período de aprendizado, vimos que é melhor ajudar a regularizar o pecuarista com alguma inconformidade”, disse Liège Correia, diretora de sustentabilidade da JBS Brasil, ao IM Business.
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A JBS monitora diariamente cerca de 74 mil potenciais fornecedores de gado. Desse total, entre 20 mil e 25 mil efetivamente entregam animais para abate nas unidades da companhia. Atualmente, 12,3 mil fazendas estão bloqueadas pela empresa, e outras 12 mil estão em processo de regularização ambiental com assistência dos Escritórios Verdes.
Em cada uma das 19 unidades existentes há um profissional gabaritado para auxiliar o produtor interessado. Nesse time há engenheiros florestais, agrônomos e até um matemático, que se reportam a dois supervisores. O tempo de regularização varia. Nos processos mais simples, pode durar dois meses, mas em casos mais complicados o prazo pode se aproximar de um ano. Quando o produtor já foi multado, por exemplo, o processo é mais demorado.
Normalmente, a regularização necessária é com órgãos estaduais de meio ambiente. Onde as análises de Cadastros Ambientais Rurais (CAR) estão mais avançadas, o trabalho costuma ser mais célere. Pendências com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também não são raras e muitas vezes a regularização passa pelo crivo do Ministério Público Federal.
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O governo de Mato Grosso, por exemplo, tem seu próprio programa de reinserção de pecuaristas no mercado “legal”, com participação do MPF e do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), entidade criada para promover a carne bovina do Estado. Mato Grosso reúne o maior rebanho do país (mais de 30 milhões de animais), e o Imac desenvolve diversas ações de promoção da proteína no exterior.
A JBS não financia processos de regularização de propriedades, mas Liège disse que, com a assessoria prestada pelos Escritórios Verdes, foi possível atrair crédito do Banco do Brasil e do Bradesco voltado a pecuaristas que precisam investir para solucionar seus problemas. As instituições financeiras estão restringindo cada vez mais a liberação de recursos para agentes da cadeia produtiva que desmatam.
A JBS Brasil encerrou o segundo trimestre deste ano com receita líquida de R$ 14 bilhões, 0,9% menos que no mesmo período de 2022. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da divisão recuou 15,9% na comparação, para R$ 675,7 milhões. Além dos escritórios verdes, a companhia desenvolve diversas outras ações para garantir a sustentabilidade da matéria-prima que compra. Entre elas está a rastreabilidade do gado, de fornecedores diretos e indiretos, sobretudo no bioma Amazônia.
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