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SÃO PAULO – A desconfiança do mercado em torno do novo programa de transferência de renda do governo – que pode levar ao abandono completo do teto de gastos – ganhou contornos ainda maiores na tarde desta quarta-feira (20).
Durante coletiva de imprensa, João Roma, ministro da Cidadania, disse apenas que o Auxílio Brasil vai começar em novembro, com reajuste de 20% e que o governo não quer que qualquer família receba menos do que R$ 400, sem mais detalhes.
Nesse contexto, o mercado de títulos públicos negociados via Tesouro Direto segue sem apresentar direção única na tarde desta quarta-feira (20). Os papéis prefixados apresentam alta nas taxas e voltam a bater marcas históricas, enquanto os juros pagos pelos papéis atrelados à inflação recuam.
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Na atualização das 15h26, o juro pago pelo título com vencimento em 2024 se mantinha em 10,86%, mesmo valor visto durante a manhã. O percentual pago é o maior já oferecido por esse papel, que começou a ser negociado em fevereiro de 2021. Um dia antes, o título apresentava retorno de 10,69% ao ano.
No mesmo horário, a taxa paga pelo papel com vencimento em 2031 era de 11,58%, em linha com os 11,57% ao ano vistos na abertura das negociações – o que representava um avanço de 15 pontos-base em relação aos juros pagos nesta terça-feira (19). O valor também é recorde para esse papel, que passou a ser oferecido em fevereiro do ano passado.
No sentido oposto, os juros reais pagos pelos títulos atrelados à inflação recuavam na tarde desta quarta-feira (20). O retorno real pago pelo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 5,25% ao ano, frente aos 5,29% vistos no começo do dia. O título oferecia remuneração real de 5,40% ao ano na sessão anterior.
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A mesma situação era vista com os títulos atrelados à inflação com vencimento em 2035 e 2045. A remuneração oferecida por esses papéis recuava de 5,31% ao ano na tarde de ontem, para 5,15% anuais, na atualização das 15h26 de hoje.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidas na tarde desta quarta-feira (20):
Auxílio Brasil e PEC dos precatórios
Mesmo depois de fortes emoções na sessão anterior, a quarta-feira (20) promete ser longa para o mercado financeiro e para a equipe econômica em Brasília. O destaque da agenda local segue no Auxílio Brasil.
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Em coletiva de imprensa sem perguntas dos jornalistas realizada na tarde de hoje, o ministro da Cidadania disse que o Auxílio Brasil vai começar em novembro e que deve beneficiar mais famílias, passando de 14,7 milhões para algo próximo a 17 milhões, zerando a fila do programa em dezembro.
Roma afirmou ainda que o programa permanente, que hoje varia de menos de R$ 100,00 a mais de R$ 500,00, terá um reajuste de 20%. Ele também ponderou que o desejo é que as famílias ganhem ao menos R$ 400.
“O governo não quer que qualquer família beneficiária receba menos do que R$ 400”, afirmou o ministro, confirmando que o auxílio vai ser maior do que se falava anteriormente. No início desta semana, o próprio Roma falava que o benefício deveria ser de R$ 300.
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De acordo com apuração da Reuters, parte do valor mensal de R$ 400 seria financiado pela criação de um novo auxílio no Congresso, ao custo de US$ 50 bilhões, estourando o orçamento público. Existiriam articulações entre a ala política e a equipe econômica para que o furo do teto dos gastos com o programa social seja ainda maior, para acomodar emendas cobiçadas em ano eleitoral.
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Também na cena política, a Comissão Especial da Câmara decidiu adiar para amanhã (21) à tarde a votação do parecer da PEC dos precatórios. O texto de Hugo Motta (Republicanos-PB), deputado e relator do projeto, foi apresentado no começo de outubro.
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Cena internacional
Enquanto isso, no cenário externo, investidores repercutem a divulgação do Livro Bege, relatório do Federal Reserve (Fed, banco central americano) com comentários sobre as condições econômicas atuais, às 15h.
Segundo o documento, empresários observaram que o ritmo de crescimento econômico foi de modesto a moderado, sendo que diversos distritos apresentando desaceleração em relação ao período anterior. Gargalos na cadeia de suprimentos, escassez de mão de obra e incerteza causadas pela Delta seguraram o crescimento.
Na maioria dos distritos, entretanto, foram notadas melhoras no consumo. “Porém, as vendas de automóveis foram amplamente relatadas como em declínio devido aos baixos níveis de estoque e preços crescentes”, diz o Livro Bege.
Ainda nos Estados Unidos, Randal Quarles, diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) afirmou hoje que apoia o anúncio do tapering, redução do programa de compra de ativos, na reunião de política monetária de novembro.
Durante evento, o dirigente também disse que o processo deve ser concluído em meados de 2022. “Reduzir as compras e encerrá-las nesse cronograma não é um aperto monetário, mas uma redução gradual do ritmo de acomodação”, explicou Quarles.
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