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A aproximação do fim de ano diminuiu a liquidez nos mercados e o número de ofertas de Certificados de Depósito Bancário (CDBs). A queda afetou também a taxa máxima oferecida pelos papéis. Entre os dias 20 de dezembro de 2022 e 2 de janeiro deste ano, o maior retorno encontrado para títulos que possuem a remuneração atrelada ao CDI foi de 105%.
O valor era pago por um título emitido pelo Banco ABC Brasil, que possui classificação de risco de crédito (rating) de longo prazo nacional AAA, ou seja, com melhor qualidade, segundo a Fitch Ratings.
O percentual, no entanto, ficou bem abaixo dos 120% do CDI vistos entre os dias 22 de novembro e 6 de dezembro de 2022. Naquela ocasião, havia 203 ofertas de CDBs com retorno atrelado ao CDI, contra apenas dez registradas na última quinzena, o que ajuda a entender a mudança nas taxas.
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Os dados fazem parte de levantamento da Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, feito a pedido do InfoMoney.
O movimento mais intuitivo seria de manutenção ou de leve alta das taxas oferecidas pelos papéis, diante do aumento das expectativas para a Selic neste ano. Segundo o último Relatório Focus divulgado nesta semana, agora as estimativas para a taxa básica de juros estão em 12,25% ao ano, bem acima dos 11,75% de quatro semanas antes.
Leia mais:
• Boletim Focus: mercado vê inflação maior em 2023, 2024 e 2025 e Selic mais alta neste ano
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Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 20/12 a 02/01) |
||||||
Prazo (meses) | Indexador | Mínimo | Média | Máximo | Número de ativos | Emissores das maiores taxas |
3 | DI | 83,00% | 83,00% | 83,00% | 1 | BANCO BRADESCO |
6 | DI | 105,00% | 105,00% | 105,00% | 1 | BANCO ABC BRASIL |
12 | DI | 90,00% | 97,25% | 104,75% | 3 | BANCO BTG PACTUAL |
24 | DI | 98,00% | 99,25% | 101,00% | 4 | BANCO DO NORDESTE DO BRASIL |
36 | DI | 103,00% | 103,00% | 103,00% | 1 | BANCO DAYCOVAL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
CDBs prefixados
Também foram registrados recuos nas taxas máximas entregues por títulos com retorno prefixado. Entre os dias 20 de dezembro de 2022 e 2 de janeiro deste ano, o valor máximo oferecido por um CDB do tipo chegou a 15,40%, percentual inferior aos 15,95% registrados no levantamento anterior.
O CDB em questão era oferecido pelo Banco Master, que possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo BBB-, ou seja, com grau especulativo, que tende a ser um pouco mais arriscado, segundo a Fitch Ratings.
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Assim como ocorreu com CDBs atrelados ao CDI, o número de ofertas durante o período ficou bem abaixo do começo de dezembro, quando as ofertas chegaram a 67. Agora, só foi possível encontrar duas, segundo a Quantum Finance.
Retornos brutos de CDBs prefixados (de 20/12 a 02/01) |
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Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissores da maiores taxas |
3 | PRÉ | 14,01% | 14,01% | 14,01% | 1 | BANCO BTG PACTUAL |
24 | PRÉ | 15,40% | 15,40% | 15,40% | 1 | BANCO MASTER |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
CDBs atrelados à inflação
Movimento semelhante foi visto com CDBs com retorno indexado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na última quinzena, a rentabilidade máxima chegou a 6,45% ao ano acrescida da variação do IPCA para papéis com vencimento em 24 meses. O título em questão era emitido pelo Banco ABC Brasil.
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No estudo anterior, o valor máximo alcançado chegou a 7,55% mais IPCA.
Durante a última quinzena, o número de ofertas também foi reduzido e chegou a apenas duas. Entre o fim de novembro e o começo de dezembro, foram registradas cinco ofertas para produtos do tipo.
Retornos de CDBs indexados à inflação (de 20/12 a 02/01) |
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Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissores da maiores taxas |
24 | IPCA | 6,45% | 6,45% | 6,45% | 1 | BANCO ABC BRASIL |
36 | IPCA | 6,05% | 6,05% | 6,05% | 1 | BANCO ABC BRASIL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
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Expectativas de inflação em alta
Um fator que tem chamado a atenção de investidores nas últimas semanas é a piora das estimativas para o IPCA neste ano e também nos próximos dois anos.
Nesta semana, o Focus indicou que a projeção para o indicador agora está em 5,31% em 2023, contra 5,08% vistos um mês antes. Houve revisão para cima também nas expectativas de 2024 e 2025, que agora estão em 3,65% e 3,25%, respectivamente, acima dos 3,50% e 3% registrados quatro semanas antes, nessa ordem.
Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimento, afirma que a justificativa para a piora está na incerteza fiscal. Para ele, se o governo tivesse anunciado que voltaria com a reoneração dos combustíveis e tivesse sinalizado medidas para recompor as receitas, isso teria ajudado a ancorar as expectativas. Mas não foi o caso.
Após a cerimônia de posse no último domingo (1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou a isenção de tributos federais sobre os combustíveis (PIS/Cofins e Cide) e assinou uma Medida Provisória (MP) que renovou a renúncia fiscal sobre a gasolina por dois meses. Na ocasião, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), também afirmou que a desoneração será por tempo indeterminado para o diesel e o gás de cozinha.
Diante da postergação, o especialista explica que a projeção para a inflação neste ano da Monte Bravo está em 6,25%, acima de boa parte das projeções para 2023, mas ele acredita que a tendência é de que o mercado caminhe para rever as estimativas para o IPCA para algo entre 5,5% e 6% neste ano.
Apesar da piora e dos primeiros sinais de desancoragem, Costa diz que é cedo para que isso altere o plano do Banco Central. Prevendo que a desoneração pudesse ser mantida por mais um período, a autoridade monetária deslocou o horizonte da política monetária para 2024, explica.
“Ele sai um pouco dessa discussão e fica mais centrado na questão do equilíbrio fiscal. O BC vai precisar saber como vai ser equacionado o nível de Orçamento deste ano”, diz. “E também como vai ser o novo arcabouço fiscal e como ele será implementado, já que o Congresso pode alterá-lo”.
Dessa forma, o que deve balançar o mercado de juros nas próximas semanas são sinalizações de que o governo busca o equilíbrio da gestão orçamentária, na visão de Costa.
O economista estima um déficit de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano caso não haja nenhuma medida fiscal que busque o equilíbrio das contas.
“Acreditamos que medidas em torno de R$ 100 bilhões precisam ser feitas para reduzir o déficit para algo em torno de 1,5% do PIB. A gente acha que esse nível seria mais palatável para o mercado”, reforça. Para isso, o economista reforça que o governo precisa começar a sinalizar medidas críveis para melhorar a sustentabilidade da dívida pública.
Além de fatores políticos, investidores vão monitorar com atenção a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que será apresentada nesta quarta-feira (4).
No último encontro, do dia 14 de dezembro, o Fed elevou os juros básicos da economia dos EUA em 50 pontos-base (0,50 ponto percentual), reduzindo o ritmo de aperto monetário, que vinha de altas de 75 pontos-base.
A semana também será marcada por dados oficiais do mercado de trabalho americano, que tem sido observado com atenção pelo Federal Reserve nas suas decisões para controle da inflação.
O payroll será divulgado na sexta-feira (6) e o consenso Refinitv projeta a criação de 200 mil vagas em dezembro. A média das projeções do mercado também aponta para taxa de desemprego mantida em 3,7% e um crescimento de 0,4% nos salários em comparação a novembro.
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