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Familiaridade com uma empresa é um dos gatilhos para investidores pessoas fÃsicas comprarem ações. A confiança é maior com nomes facilmente reconhecidos, como Itaú (ITUB4) ou Petrobras (PETR4), por exemplo. E isso também vale para quem investe no exterior.
As bolsas de Nova York estão cheias de ações de multinacionais populares entre os brasileiros, como Coca-Cola (COCA34), Disney (DIS) e Apple (AAPL). Mas não é apenas a familiaridade com nomes e produtos que pode direcionar os investidores na escolha internacional. A familiaridade com um setor ou um modelo de negócio também podem ser guias.
Para quem investe em bancos no Brasil, o conhecimento sobre indicadores importantes, riscos e fatores macroeconômicos que afetam as ações se aplicam também à s instituições financeiras internacionais. Já quem investe em exportadoras sabe a importância da cotação das commodities, do clima e dos custos de frete â informações que também são relevantes para empresas equivalentes listadas em bolsas internacionais.
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âà possÃvel encontrar muitas empresas nos Estados Unidos com negócios similares aos de brasileiras. Dá para identificar semelhanças nos produtos ou serviços, setores e atuação, principalmente, mas os riscos são diferentes, porque estamos falando principalmente de multinacionaisâ, diz Luan Alves, analista-chefe da VG Research.
O Itaú, por exemplo, é o maior banco brasileiro. Ele também tem operação em outros paÃses da América Latina, mas o grande volume de clientes está no Brasil. Alves afirma que o banco mais similar nos EUA é o JP Morgan (JPM).
âTambém é um conglomerado de crédito, como o Itaú, com grande exposição ao mercado interno e uma atuação similar. Mas aà acabam as semelhanças, porque o JP Morgan tem uma atuação internacional muito grande. Isso faz com que os riscos mudem em relação ao Itaú, assim como a exposição regulatória de um banco internacionalâ, diz o analista.
Mas as diferenças entre as companhias não invalida este método como uma opção de seleção para o portfólio internacional, segundo Arthur Siqueira, sócio e analista de investimentos da GeoCapital. Segundo ele, a familiaridade com um setor ou um negócio é importante na hora de investir. âAssim você já tem parte do caminho trilhado, o que resta é uma adaptação para entender o risco internacional e mais detalhes sobre a empresaâ, diz.
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Siqueira afirma que as empresas mais relevantes do mundo estão fora do Brasil e para ter uma carteira de investimentos diversificada, é necessário ter exposição a esses nomes.
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âDiversificar a carteira não é investir em ações, renda fixa e fundos imobiliários no Brasil. Assim você diversificou a forma de retorno financeiro, mas não o risco. Diversificação de verdade inclui mudança geográfica e de moedaâ, diz o sócio da GeoCapital.
Para ele, faz sentido aproveitar um conhecimento e a familiaridade que já se adquiriu com setores de ações investidas nacionalmente. Alves acrescenta que, ao buscar as paralelas nos Estados Unidos, a melhor opção é buscar os nomes lÃderes do setor.
âSe investe nos maiores nomes do Brasil, o melhor caminho é buscar os maiores nomes internacionais também. São empresas conhecidas, com histórico de crescimento e mais informações disponÃveis para as análises iniciaisâ, diz o analista.
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O InfoMoney levantou as cinco ações brasileiras mais negociadas e suas similares nos EUA. Veja quais são:
Petrobras = Chevron
A Petrobras é um caso bastante especÃfico, segundo os analistas. Por ser uma empresa estatal, seu risco é diferente de uma companhia petroleira privada. Pensando um modelo de negócios, os analistas indicaram a Chevron (CVX) como o exemplo mais próximo.
âA Chevron tem uma dinâmica em Bolsa bastante parecida com a Petrobras, além do modelo de negócio em si. Ambas têm suas performances atreladas à cotação do petróleo. A diferença da Petrobras está no risco maior por ser uma estatalâ, diz Alves, da VG Research.
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Considerando este aspecto, o analista cita a Saudi Aramco, uma petroleira árabe que é controlada pelo Estado. A empresa não possui ações listadas nos Estados Unidos, apenas na Bolsa da Arábia Saudita.
| Ticker | Empresa | Valor da empresa (bilhões) | Preço da ação | P/L em 12 meses | Crescimento médio anual da receita em 5 anos |
| PETR4 | Petrobras | R$ 614,78 | R$ 30,33 | 2,20 | 17,72% |
| CVX | Chevron | US$ 305.04 | US$ 157,09 | 8,49 | 11,85% |
Fontes: Status Invest e Yahoo Finance
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Vale = Albemarle
A Albemarle (ALB) foi a escolha dos analistas para quem está familiarizado com a Vale no Brasil. A empresa também é uma mineradora, porém seu carro-forte é o lÃtio, não o minério de ferro â e essa é uma das vantagens da companhia.
O lÃtio é um componente crucial para o desenvolvimento de baterias para veÃculos elétricos. Em 2020, a Albemarle era a principal fornecedora do lÃtio no mundo. âO potencial de crescimento da empresa é muito grande. Toda a indústria automobilÃstica tem metas para veÃculos elétricos e o consumo de lÃtio só deve aumentar com os anosâ, argumenta Siqueira, da GeoCapital.
| Ticker | Empresa | Valor da empresa (bilhões) | Preço da ação | P/L em 12 meses | Crescimento médio anual da receita em 5 anos |
| VALE3 | Vale | R$ 355,51 | R$ 68,67 | 4,55 | 15,85% |
| ALB | Albemarle | US$ 28,26 | US$ 226,79 | 7,24 | 18,97% |
Fontes: Status Invest e Yahoo Finance
Itaú = JP Morgan
Ambos os bancos são conglomerados de crédito dominantes em seus paÃses. Entretanto, o JP Morgan tem uma exposição internacional maior do que o Itaú â o banco opera em mais de 100 paÃses. Em 2022, foi considerado o sexto banco mais rentável do mundo, com US$ 3,74 trilhões em ativos.
Outros bancos que os analistas também citaram como paralelos do Itaú são o Goldman Sachs (GSGI34) e o Bank of America (BAC).
| Ticker | Empresa | Valor da empresa (bilhões) | Preço da ação | P/L em 12 meses | Crescimento médio anual da receita em 5 anos |
| ITUB4 | Itaú | R$ 255,17 | R$ 28,36 | 9,26 | 13,63% |
| JPM | JP Morgan | US$ 324,41 | US$ 141,49 | 10,37 | 5,09% |
| GS | Goldman Sachs | US$ 264,67 | US$ 336,68 | 11,89 | 6,41% |
| BAC | Bank of America | US$ 232,06 | US$ 29,12 | 8,71 | 2,95% |
Fontes: Status Invest e Yahoo Finance
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B3 = CBOE
Para quem está familiarizado com a exposição a bolsas, os analistas indicaram três opções de empresas dos Estados Unidos: a CBOE (C1BO34), bolsa de opções de Chicago; a CME (CME), bolsa de derivativos de Chicago; e a holding proprietária da Bolsa de Nova York, Intercontinental Exchange (ICE).
âSão três bolsas dominantes nas áreas em que atuam, com gestão sólida e bons modelos de negóciosâ, diz Siqueira, da GeoCapital.
A CBOE é a maior bolsa de opções dos Estados Unidos, além de ter derivativos do S&P 500 e o Ãndice de volatilidade VIX. A CME é a principal bolsa de derivativos do paÃs, com negócios de grãos como milho, soja e café, além de produtos de energia, como petróleo e gás natural. Metais como ouro e prata também são negociados lá.
Por fim, a ICE é uma holding proprietária de bolsas, como a de Nova York (NYSE), a maior dos EUA. A empresa tem tecnologia e domina áreas importantes da cadeia financeira, como serviços de custódia e liquidação.
| Ticker | Empresa | Valor da empresa (bilhões) | Preço da ação | P/L em 12 meses | Crescimento médio anual da receita em 5 anos |
| B3SA3 | B3 | R$ 85,88 | R$ 15,10 | 20,41 | 22,44% |
| ICE | Intercontinental Exchange | US$ 61,96 | US$ 111,39 | 42,95 | 9,78% |
| CME | CME Group | US$ 67,16 | US$ 181,51 | 23,02 | 6,60% |
| CBOE | Cboe Global Markets | US$ 16,15 | US$ 139,00 | 49,30 | 37,81% |
Fontes: Status Invest e Yahoo Finance
Ambev = Diageo
As indicações de ações internacionais para quem tem exposição à Ambev no Brasil foram Diageo (DEOP34) e Coca-Cola. No primeiro caso, os analistas afirmaram que a empresa tem uma exposição global forte, com marcas de bebidas tradicionais e com recorrência de compra.
âA Diageo tem um modelo de negócio mais resiliente, com marcas relevantes e de qualidade. à mais difÃcil ver uma pessoa que bebe whisky trocar sua marca favorita na hora da compra do que uma pessoa que está buscando por cerveja, por exemploâ, diz Siqueira. A Diageo é fabricante de destilados como Smirnoff, Johnnie Walker e Tanqueray.
Já a Coca-Cola é mais similar à Ambev em termos de modelo de negócio, com a venda de bebidas alcoólicas e não alcoólicas reconhecidas pelo público.
| Ticker | Empresa | Valor da empresa (bilhões) | Preço da ação | P/L em 12 meses | Crescimento médio anual da receita em 5 anos |
| ABEV3 | Ambev | R$ 231.29 | R$ 15,18 | 16,31 | 10,72% |
| DEO | Diageo | US$ 113,95 | US$ 172,44 | 22,14 | 3,70% |
| KO | Coca-Cola | US$ 291,29 | US$ 60,77 | 26,80 | 3,50% |
Fontes: Status Invest e Yahoo Finance