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SÃO PAULO â O Brasil deve convergir para um novo ânormalâ, com inflação controlada, juros baixos e uma taxa de câmbio mais desvalorizada. O dólar mais alto, contudo, não deve atrapalhar a evolução da economia doméstica. Essa é a avaliação da Verde Asset, uma das maiores gestoras independentes do paÃs, com R$ 43 bilhões em ativos sob gestão.
Em artigo intitulado âDesta vez é diferenteâ, a asset traz à luz a questão do comportamento pró-cÃclico dos juros no Brasil. No passado, escreve a equipe da Verde, “uma perturbação internacional gerava depreciação da taxa de câmbio, queda da bolsa e aumento do nÃvel dos juros”.
Isso acontecia em razão da fragilidade fiscal. “Fazia total sentido demandar prêmios de risco mais altos, dadas as implicações de um choque”, traz o artigo.
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Agora, porém, o cenário é outro. O texto destaca a “mudança de patamar na credibilidade do regime monetário, fiscal e parafiscal, o menor crescimento das despesas públicas com a adoção do teto de gastos e a reforma da Previdência â “o que deverá ser complementado com uma reforma administrativa”.
Para os profissionais da gestora, esse ambiente “criou uma nova realidade no fundamento para a inflação no paÃs”. Na avaliação deles, enquanto o paÃs tiver um largo hiato de produto, credibilidade do Banco Central e perspectiva de uma estabilidade fiscal, os impactos de eventos internacionais sobre os ativos domésticos serão muito mais sentidos no câmbio e na renda variável do que nas taxas de juros curtas.
âHoje há muito mais espaço de polÃtica monetária contra-cÃclica do que no passado, mesmo a despeito de choques externosâ, observa. Ou seja, os juros podem se manter baixos ainda que haja problemas no exterior.
E, dado que já não há mais uma associação automática de desvalorização cambial e problemas domésticos, segundo a Verde, um horizonte de dólar apreciado não deve vir carregado de um sentimento negativo sobre a economia. “Sob esse aspecto, o Brasil está se tornando um paÃs mais normal.”
A casa ressalva, no entanto, que, dependendo do grau do choque externo, poderá haver impactos sobre os juros locais. Afirma ainda que a estabilidade é “completamente condicionada à manutenção de uma pseudo-normalidade polÃtica, da perspectiva de uma polÃtica fiscal sensata e de um Banco Central independente para exercer seu mandato”.
Um passado não tão distante
No artigo, a Verde, do renomado gestor Luis Stuhlberger, traça uma relação entre câmbio, inflação e preço das commodities, considerando o efeito da âinflação externaâ sobre os preços domésticos, para mostrar que a relação já não é mais tão mecânica.
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Com isso, vê-se que, de 2017 em diante, as expectativas de inflação não se elevaram em relação à meta, mesmo com câmbio e commodities em reais com variações muito significativas ao longo de 2018, além da greve dos caminhoneiros e da volatilidade eleitoral. âO conjunto da obra se traduz num repasse cambial mais baixo do que o históricoâ, conclui.
A casa cita ainda a gestão do ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, que resultou em uma mudança de credibilidade no regime de polÃtica monetária, além das expectativas de inflação mais ancoradas na meta. A Verde também destaca o papel âcrucialâ da mudança na polÃtica fiscal, com o estabelecimento do âteto de gastosâ.
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