Inflação na Argentina desacelera em outubro, mas para analistas dado reflete congelamento de tarifas

Inflação "reprimida" pode chegar a 30%, segundo alguns cálculos; índice em 12 meses chega a 142,7% e bate recorde de 32 anos

Roberto de Lira

Bandeira da Argentina (Shutterstock)
Bandeira da Argentina (Shutterstock)

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Embora o anúncio feito na segunda-feira (13) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) que o índice de preços ao consumidor na Argentina em outubro desacelerou para 8,3% – após altas de 12,4% em agosto e de 12,7% em setembro – analistas econômicos disseram na imprensa local que esse comportamento dos preços não aponta uma tendência, mas apenas reflete alguns congelamentos feitos pelo governo, o que indica que há um inflação represada, que pode aparecer nos dados de novembro e dezembro.

O site Infobae prevê que o novo governo, que assume em 10 de dezembro, terá incentivo para reduzir essas distorções e calcula que a inflação “reprimida” alcança 30%.

De qualquer maneira, a variação do IPC argentino ainda é considerada muito alta, acumulando 120% no ano e 142,7% em 12 meses, batendo o recorde 32 anos.

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Santiago Manoukian, chefe de pesquisa da Ecolatina, disse ao jornal Ámbito Financiero que a desaceleração no índice mensal foi obtida por meio de uma estratégia do governo para conter os aumentos de preços no período que antecedeu as eleições. “O congelamento aplicado aos serviços públicos, como energia, transporte, combustíveis e até mesmo ao câmbio oficial foi fundamental para frear a dinâmica de aumento de itens como medicamentos”, comentou

Já a GMA Capital considerou o IPC do mês passado mais como um “dado isolado” do que uma queda sustentada para os próximos meses. “A primeira semana de novembro apresentou um salto significativo, ao qual se somará um maior carrego estatístico”, observou a empresa em relatório divulgado no site Infobae

No mês, as maiores altas foram observadas em Comunicação (+12,6%) , devido aos aumentos nos serviços de telefonia e internet. Também tiveram forte subida os preços de Vestuário e Calçados (+11%), devido à mudança de estação, e Equipamentos e Manutenção Doméstica (+10,7%).

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Alimentação e bebidas não alcoólicas subiram 7,7%, desacelerando 6,6 pontos percentuais ante o mês anterior, dado que, para Claudio Caprarulo, diretor da Analytica, foi a chave da medição do mês. “Ao mesmo tempo, foi importante a desaceleração dos preços administrados como transportes”, explicou o economista ao Ámbito Financiero.