A ressaca do mercado automotivo brasileiro

Queda na venda de veículos em janeiro explicita o que dá certo (e o que não dá) na economia do país

Raphael Galante

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Flood in the city
Flood in the city

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Caros leitores, digníssimas leitoras: o ano de 2020 acabou de começar e, já encerrado o primeiro mês do ano, percebemos que o consumidor brasileiro ainda está de ressaca das festas de fim de ano. Acho que, como o pessoal usou todo o 13º salário para fazer as compras de Natal, o que sobrou só deu para pagar aquelas contas básicas como: rematrícula; material escolar; IPVA entre outros.

O mercado em janeiro registrou 184 mil carros novos vendidos contra 191 mil sobre janeiro de 2019, queda nas vendas de 3,5%.

Mas detalhando um pouco mais as vendas de todo o setor automotivo (automóveis; comerciais leves; caminhões; ônibus e motocicletas), a gente percebe que a encrenca está só na parte de automóveis.

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Como se comportaram as vendas de veículos neste primeiro mês do ano?

janeiro 2020 janeiro 2019 variação
automóveis 154.572 163;796 – 5,63%
comerciais leves 29.553 26.956 + 9,63%
caminhões 7.186 6.932 +3,66%
ônibus 2.153 2.112 + 1,89%
motocicletas 91.689 90.772 + 1,01%
TOTAL 285.153 290.569 – 1,86%

Como diria Jack, o Estripador: “vamos por partes”!

Automóveis e comerciais leves

Na parte de automóveis, tudo caiu! O segmento de hatch pequeno registrou queda de 5,5%; assim como o de sedans pequeno e médio com retração de 4,2% e 16%, respectivamente. Aqueles segmentos “zumbi” (que já morreram, mas ninguém ainda enterrou) tiveram forte retração: monovolume (-23%); hatch médio(-32%) e station wagon (-86%). Tirando as SUVs, que conseguiram vender 57 carros a mais do que no ano passado, e apresentou crescimento de 0,1%.

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O mais interessante, é o crescimento dos comerciais leves. Os subsegmentos de Picapes Grandes (+13%), Picapes Pequenas (+5%) e Furgões (+7%) ajudaram o setor a registrar crescimento de 10%. O grande ponto aqui é levarmos em consideração que o pessoal vem comprando veículos que auxiliam no crescimento da atividade econômica, já que todos tem finalidade comercial.

Encerrando a questão dos automóveis, um outro ponto que percebemos é que o povo lá da “república de Belo Horizonte” ainda não saiu para comprar carro. Provavelmente voltarão às compras em março, depois do Carnaval (para variar o Brasil só volta a funcionar depois do Carnaval).

venda de veículos no Brasil em janeiro

Caminhões e ônibus

O pessoal de caminhões registrou crescimento de quase 4%. Alguns pontos a considerar: o primeiro é que parte do mercado que era da Ford já foi mais do que assimilado (e incorporado) pelas demais. O segundo: o segmento vem em ritmo forte para aproveitar a mudança de motores prevista para 2022/2023. Ou seja, o setor de caminhões deverá ser o de maior crescimento neste período.

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Além disso, com a retomada da economia (e sendo o nosso modal quase que 100% rodoviário), o crescimento aqui é mais certo que o mundial do Palmeiras. Por consequência, os investimentos neste segmento estão aparecendo, como a MERITOR (MTOR – na bolsa de NY), que anunciou investimento de R$ 200 milhões em uma nova fábrica com produtividade inicial de 2 mil eixos/mês.

E o segmento de ÔNIBUS? Bom… como estamos em ano eleitoral, e nada melhor do que eu (prefeito tentando a reeleição – ou alguém do meu partido que seja candidato), colocar ônibus novinho na rua!

Motocicletas

O mercado de motocicletas, depois de 6 anos consecutivos de queda, iniciou seu processo de retomada a partir de 2018. Este ano o setor deverá vender algo próximo a 1,15 milhão de motocicletas. O que vem motivando esse crescimento é uma maior oferta de crédito (aqui, além do consórcio, temos o CDC); o perfil dos consumidores de motocicleta vem mudando.

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Saiu o “cachorro louco” e vem entrando o pessoal que está atrás de mobilidade/aventura! Tanto que os segmentos que mais cresceram no ano passado, foram o de SCOOTER (+44%); OFF-ROAD (+41%) e BIGTRAIL (+27%), num mercado que avançou. 13%.

Qual a moral da história neste primeiro mês do ano?

É igual ao “mineirim”: “tá ruim, mas tá bom!”. Só vamos sentir (pra valer) qual vai ser a pegada do setor no final do primeiro trimestre deste ano.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva