Os “green bonds” como oportunidade de financiamentos de longo prazo

Os green bonds possuem a mesma sistemática de títulos de dívidas comuns, com a diferença de que devem ser utilizados em investimentos sustentáveis.

Felipe Toledo

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(RomoloTavani/Getty Images)
(RomoloTavani/Getty Images)

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A Revolução Verde, que teve seu início entre 1960 e 1970, foi marcada por melhorias tecnológicas relacionadas às produções agrícolas, acarretando profundas transformações na produção de alimentos como até então era realizada.

Se por um lado o avanço da tecnologia e de algumas inovações possibilitaram o aumento da produção, alguns pontos negativos também surgiram – dependência às novas tecnologias, altos custos de desenvolvimento, uso excessivo de recursos naturais e fontes de energia não renováveis são apenas alguns dos fatores alarmantes.

Em 2004, através do pacto global que traz os objetivos de desenvolvimento sustentável, ganhou força o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance), tendência que vem crescendo e se tornando prioridade para empresas e consumidores.

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Orientado pelo processo de transformação global e a pressão por uma economia autossustentável, o agronegócio é um dos principais impactados nesse processo. Por conta das mudanças requeridas, que vão desde processos de adaptação nos seus meios produtivos até mudanças estruturais nas discussões estratégicas e iniciativas de cultura, o processo exige altos investimentos.

Observando essas necessidades, o mercado financeiro iniciou a geração de oferta de uma nova linha de crédito – os títulos verdes, conhecidos como “green bonds”.

 Green Bonds

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Os green bonds possuem a mesma sistemática de títulos de dívidas comuns, com a diferença de que devem ser utilizados em investimentos sustentáveis. Ainda, possuem prazos de pagamentos a longo prazo e taxas de juros atrativas em relação a outras modalidades de financiamento.

Levando em consideração o alto custo atual do capital, os green bonds passam a ser uma boa oportunidade de captação de recursos com alto potencial a ser explorado pelo mercado de emissão destes títulos.

Quanto à facilidade de acesso ao recurso, existem diversos fatores e critérios exigidos para elegibilidade. Alguns critérios para os recursos:

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– Devem ser destinados a projetos sustentáveis;

– Seguir uma série de regras como indicadores chave, metas e princípios ligados ao ESG;

– Devem ser reportados com extrema transparência (um dos pontos principais desta modalidade de captação de recursos financeiros).

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Somando-se às obrigações inerentes à aquisição, uma boa prática é a divulgação de uma segunda opinião através de um parecer atestando a aderência da empresa aos padrões exigidos, demonstrando a real possibilidade de atender as exigências.

Ainda, como alternativa, uma outra forma de captação de recurso é a oportunidade de avaliação de um portfólio atual, identificando projetos já existentes que atendam às causas sustentáveis. Assim, seria apenas necessário adequar as métricas de forma a atenderem as normativas ESG.

Passos importantes

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Após definir para quais projetos os recursos serão alocados, deve-se considerar a realização de uma avaliação feita por uma empresa de mercado, que validará e dará mais segurança às métricas, garantindo a relevância do projeto e sua adequação às normativas.

A fase de preparação e definições é de suma importância para sustentar todo o processo de captação de recursos, além de definir a governança dos projetos ligados ao financiamento.

Por fim, ocorre o processo de emissão de oferta dos títulos através de bancos e organizações financeiras, que realizarão uma série de validações como os demais títulos de emissão de dívidas, além dos específicos para a modalidade.

 Pontos de atenção

Por mais que os green bonds sejam utilizados como alternativa para captação de recursos, para que todo o processo ocorra de forma orgânica são necessárias algumas readequações em todos os processos de governança. Estes devem ser redesenhados, avaliados e implantados de forma a reestruturar e adequar as áreas internas, coordenando o processo de transformação e mensurando, por meio de métricas e formas de acompanhamento, os seus índices “verdes”.

Nessa transição, a governança também tem o papel de acompanhar e direcionar a mudança cultural, entendendo e auxiliando as áreas e alinhando expectativas em relação a tempo e esforço necessários para o processo.

Impactos do ESG e recomendações

O ESG é uma alavanca de transformação social e ambiental que veio para mudar a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos. Na busca por uma sociedade mais sustentável, as mudanças no comportamento do consumidor são diretamente refletidas nas relações comerciais, agrícolas e industriais.

Com tantas mudanças, cabe às companhias se adequarem e planejarem essa transformação para que ela ocorra de forma tranquila e direcionada. É importante manter a perspectiva do ESG como ferramenta estratégica, investindo e explorando oportunidades agora para colher benefícios no futuro.

Quanto ao agronegócio, recomenda-se que a adaptação ocorra o mais rápido possível, já que esta pode se tornar um diferencial estratégico. A urgência pela transformação sustentável, agora facilitada pelos green bonds, fica cada vez mais evidente para o setor, que compõe a base da economia brasileira.

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Felipe Toledo

é consultor da Peers Consulting & Technology