André Jakurski, o novo governo e a lei das consequências imprevistas

Um dos maiores gestores de recursos do País, André Jakurski foi o convidado do episódio 176 do podcast Stock Pickers

Lucas Collazo

André Jakurski, sócio-fundador da JGP, em entrevista ao podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo e Henrique Esteter
André Jakurski, sócio-fundador da JGP, em entrevista ao podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo e Henrique Esteter

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Nenhum governo assume o poder mal intencionado, mas é importante lembrar da lei das consequências imprevistas. Essa foi uma das passagens que mais me marcou no papo com André Jakurski no episódio 176 do Stock Pickers, que foi ao ar nesta quinta-feira (15).

Ele é uma daquelas pessoas que, quando se pronuncia em público, o mercado para e ouve calado. Mesmo com a responsabilidade de conduzir o papo junto com Henrique Esteter (mais conhecido como “Hzão”), meu companheiro de bancada, passei boa parte do programa em silêncio, apenas absorvendo os aprendizados.

Isso porque a figura de André Jakurski vai além da gestão de recursos: ele não só estava na indústria financeira quando tudo era mato, como foi um dos responsáveis por pegar o facão e podá-lo. É fundador da JGP, uma das maiores e mais vencedoras casas de gestão de recursos do país, e também foi do Pactual.

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Jakurski já viu de tudo na sua carreira, acompanhou quase toda a evolução do mercado. Porém, não venho trazer boas notícias sobre a nossa conversa no episódio.

A cautela reinou em suas palavras – mesmo afirmando diversas vezes o quanto se sentia incompetente em fazer previsões e as dúvidas que tinha sobre quem diz ser capaz de fazê-las.

A direção para a qual o País aponta o preocupa. “Nenhum governo é mal intencionado, mas é importante lembrar da lei das consequências imprevistas”, disse. A frase expressa bem a cautela com que encara a situação política e econômica do Brasil.

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Jakurski foi duro em relação ao sinal que é transmitido pela alteração repentina e instantânea na Lei das Estatais, aprovada na noite de terça-feira (13) na Câmara. Inicialmente, a perspectiva era de que apenas regras sobre gastos das empresas públicas com publicidade fossem mexidas. Na última hora, no entanto, os deputados incluíram um dispositivo para reduzir o tempo de quarentena para indicados ao comando de estatais que tenham participado de campanhas eleitorais.

“Na calada da noite, é possível alterar a Constituição”, decretou Jakurski. Isso esboça a insegurança institucional a que o Brasil fica exposto com esse movimento, em sua visão.

Mesmo assim, quando questionado sobre a Petrobras, Jakurski afirmou que a companhia não vai quebrar – e, a depender do preço que a ação alcançar na Bolsa, pode ser uma boa oportunidade para o investidor que tiver a paciência do longo prazo.

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De todo modo, nem essa passagem mais esperançosa conseguiu conduzir o papo para uma visão mais construtiva sobre o mercado acionário brasileiro.

Jakurski acredita que é preciso ser mais criterioso do que nunca para selecionar ativos, e que viveremos um ambiente extremamente desafiador para geração de retorno. Ele enxerga o mercado dessa forma não apenas no Brasil, mas também no restante do mundo – em especial nos Estados Unidos.

Aliás, ele frisou que considera o S&P 500 – principal índice americano de ações – “caro” no momento e que poderemos enxergar mais quedas de preços daqui para frente.

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Ainda sobre a “terra do Tio Sam”, Jakurski também levantou sua hipótese de que as empresas de tecnologia americanas devem continuar apresentando uma performance pior do que a do índice, exatamente como se verificou ao longo de 2022.

Não é sempre que esse ícone fala abertamente sobre tantos assuntos relevantes para a construção de cenário ou de uma estratégia de investimento. Confira o resultado do papo completo no Stock Pickers.

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney