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SÃO PAULO – Você lembra da última vez que o Ibovespa bateu os 62 mil pontos? Nesta sexta-feira, o benchmark da bolsa atingiu o seu maior patamar intradiário desde 2014, quando o mercado estava de olho nas eleições presidenciais. Em 2016, a sessão que levou a Bolsa a esse patamar foi marcada por boas surpresas da China e pelo ânimo dos investidores com a Petrobras. Mas o que estava acontecendo nos mercados no início de setembro de 2014, a última vez que o índice encostou nos 62 mil?
Mais precisamente, a última vez que o Ibovespa havia encostado neste patamar foi em 3 de setembro de 2014. Apesar de fechar o pregão em baixa de 0,09%, aos 61.837 pontos, o índice chegou a atingir uma máxima de 62.304 pontos naquela sessão. As sessões do índice naquele ano eram marcadas por forte volatilidade, por um motivo bastante especial: as eleições presidenciais daquele ano.
O mercado voltava seus olhos como poucas vezes fez para o mundo político e respondia com alta para qualquer notícia que apontasse uma maior chance da presidente Dilma Rousseff não ser reeleita. Isso porque o último biênio do primeiro mandato da petista não foi bem visto pelo mercado, com o congelamento dos preços dos combustíveis pela Petrobras – que galgou um forte aumento da dívida da companhia -, além de redução dos juros em um cenário em que a inflação mostrava riscos ascendentes, assim como interferências no mercado de concessões e infraestrutura, entre outras questões que desagradaram os investidores.
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Desta forma, apenas rumores sobre novas pesquisas presidenciais já eram suficientes para gerar fortes movimentos na Bolsa. Naquele dia 3, especificamente, o mercado repercutia os rumores da pesquisa Ibope, que apontaria uma maior distância entre a então candidata do PSB, Marina Silva, que tinha uma pauta mais pró-mercado e a presidente Dilma. Além disso, o mercado passava a precificar cada vez mais as chances de Marina vencer as eleições ainda no primeiro turno, que aconteceu no dia 5 de outubro.
Um dia depois, porém, o Ibovespa registrou forte queda de 1,68%, com os investidores digerindo os números do Ibope e do Datafolha que mostraram que, apesar de Marina ter seguido na dianteira, as possibilidades de que um segundo turno acontecesse eram maiores.
O resto da história nós já sabemos. Marina acabou caindo nas pesquisas, terminando a disputa em terceiro lugar com 21,32% dos votos. Os escolhidos pela população para o segundo turno foram Dilma, com 41,6% dos votos, e Aécio Neves (PSDB), com 33,6% dos votos. Após uma intensa campanha de polarização no segundo turno, Dilma foi reeleita no dia 26 de outubro daquele ano, com 51,64% dos votos válidos ante 48,36% do tucano, na disputa mais apertada desde a reeleição.
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Contudo, a petista não terminaria o mandato: em 31 de agosto, ela sofreu o impeachment, acusada de irresponsabilidade fiscal; sua saída também foi influenciada pela falta de traquejo político e a enxurrada de denúncias que afetou seu partido nos últimos meses, principalmente por conta das investigações da Operação Lava Jato. A sua substituição por Michel Temer, com políticas pró-mercado, fizeram com que o índice voltasse aos patamares daquele ano, quando havia fortes expectativas de que a petista deixasse o poder.