Lula: “ONU de 1945 não vale mais nada em 2023”

Presidente destaca trabalho da diplomacia brasileira à frente do Conselho de Segurança e diz seguirá em busca de soluções pela paz

Luís Filipe Pereira

Foto: Canal Gov
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta terça-feira (14), o desenho atual da Organização das Nações Unidas (ONU), definido em 1945. Segundo ele, é preciso haver uma mudança na representatividade e no funcionamento da entidade nascida após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a paz, os direitos humanos e a cooperação internacional.

A fala de Lula ocorreu durante o programa “Conversa com o Presidente”, apresentado pelo jornalista Marcos Uchôa. Ao dar o contexto sobre a guerra entre Israel e Hamas, Lula citou o resgate dos brasileiros no Oriente Médio e a negociação com o corpo diplomático de Israel e do Egito.

O presidente também destacou o trabalho feito pelo Itamaraty no Conselho de Segurança da ONU, durante o exercício da presidência temporária do Brasil no órgão, mas que não superou as resistências necessárias para a aprovação de uma resolução − vetada pelos Estados Unidos, um dos membros permanentes do órgão e com direito a barrar iniciativas.

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No fim de outubro, a delegação brasileira, propôs um cessar-fogo imediato, com a criação de corredores humanitários e a libertação de reféns. A proposta teve cinco votos favoráveis, entre eles o da França, quatro contrários e seis abstenções.

“Apenas um país vetou, foi os Estados Unidos. Isso é incompreensível, não é admissível. Por isso que nós brigamos para mudar a ONU. A ONU de 1945 não vale mais nada em 2023. É por isso que a gente quer mudar a quantidade de pessoas e o funcionamento e acabar com o direito de vetar”, afirmou.

Segundo Lula, o Brasil continuará empenhado na busca pela paz na região. “É inadmissível que a gente não tenha uma solução para isso”, frisou. Na segunda-feira (13), ao recepcionar os repatriados na base aérea de Brasília, o mandatário comparou Israel ao próprio Hamas ao dizer que as ações do país na Faixa de Gaza, que acabaram vitimando crianças e mulheres e incluíram bombardeios hospitais, são tão graves quanto do grupo extremista.

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O governo de Benjamin Netanyahu alega que a ofensiva em Gaza é uma resposta a ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro, nos quais 1,2 mil pessoas foram mortas e 240 sequestradas e levadas como reféns pelo Hamas.

ONU

Atualmente a ONU possui 193 estados-membros, e as delegações de todos eles participam da Assembleia Geral da Organização, sediada em Nova York.

Já o Conselho de Segurança é composto por 15 países. Destes, cinco são membros permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China − todos com poder de veto. Os outros 10 são temporários. Hoje ocupam essa posição Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes Unidos. O mandato dessas nações no colegiado expira no fim deste ano.