Lula diz que Brasil voltará a financiar obras em Angola: “África oferece oportunidades”

À plateia formada por empresários e representantes da classe política dos dois países, Lula disse que é preciso estabilidade política e previsibilidade

Luís Filipe Pereira

Foto: Ricardo Stuckert / PR
Foto: Ricardo Stuckert / PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na tarde desta sexta-feira (25), que o Brasil voltará a financiar obras públicas em Angola. Falando de improviso durante encerramento de fórum de empresários na capital Luanda, o presidente disse que a “África oferece ao Brasil as oportunidades que geralmente ficamos procurando em outro lugar”.

“Nós nunca deveríamos ter saído do continente africano. Muitas vezes por ignorância acham que fazer negócio com países ricos é muito melhor, mas países ricos querem exportar produtos manufaturados e importar de nós somente commodities”, disse.

“Angola sempre foi um país que nos deu certeza que cada dólar investido aqui seria ressarcido, e assim o fez. Porque esse país aqui não é resultado de um traçado de régua. Esse país é resultado de uma luta sangrenta, não só para conquistar a independência, mas depois para construir o país”, frisou ao lado do presidente angolano, João Lourenço.

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O país africano obteve sua independência de Portugal em 1975, e o Brasil foi a primeira nação estrangeira a reconhecê-la. No mesmo ano, foi assolado por uma guerra civil que durou até 2002, com os grupos rivais Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) lutando pelo poder.

Entre 2012 e 2016, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou US$ 4 bilhões em obras públicas em Angola, com a participação de construtoras como a Odebrecht. A relação teve um fim com os desdobramentos da Operação Lava Jato, quando vieram à tona denúncias de corrupção envolvendo suborno a integrantes do governo e tentativas de favorecimento a empresas brasileiras.

À plateia formada por empresários e representantes da classe política dos dois países, Lula disse que é preciso oferecer estabilidade política e previsibilidade para atrair investimentos. O presidente brasileiro afirmou que “investimento é quase uma garimpagem”, e citou iniciativas realizadas no continente africano durante outras gestões petistas, como a abertura de um escritório da Embrapa em Gana, na tentativa de viabilizar técnicas de criação de rebanhos de pequenos animais na savana.

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“Nós voltamos à África para dizer aos empresários angolanos que nós voltamos para valer. Vamos voltar a fazer financiamento para os países africanos. Vamos voltar a fazer investimento para Angola, que é um bom pagador das coisas que o Brasil investiu aqui”, disse.

“Não sei quantos diamantes esse país já produziu. Esse país tem ouro, tem petróleo, tem oportunidades extraordinárias. Nós não temos o direito de continuarmos pobres. Não temos o direito de continuar ser chamado de terceiro mundo”, completou Lula.