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Terminou sem consenso a primeira reunião de conciliação organizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar resolver o impasse entre o governo federal e os estados na cobrança do ICMS sobre os combustÃveis.
Representantes estaduais apresentaram propostas, e a União se comprometeu a dar uma resposta em 24 horas. O prazo termina no fim desta quarta-feira (29).
Os estados pedem que a alÃquota do ICMS sobre o diesel seja calculada com base na média dos últimos 60 meses e que os combustÃveis não sejam considerados bens essenciais (e, portanto, sujeitos a uma alÃquota máxima de 17% e 18%).
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O encontro foi promovido pelo ministro Gilmar Mendes, que avaliou o encontro no STF como “infrutÃfero” e pediu mais “sensibilidade” dos entes envolvidos em busca de uma solução.
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Existem duas ações sobre o tema em tramitação no Supremo: uma movida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e outra pelos governadores.
O governo federal alega que os estados ferem preceitos fundamentais, ao fixar a alÃquota do ICMS sobre os combustÃveis superior à alÃquota mÃnima praticada no paÃs, e pede que diversas normas estaduais sobre o tema sejam declaradas inconstitucionais pelo STF.
Os governadores pedem que a Lei Complementar 192/2022, sancionada pelo presidente para limitar a cobrança do ICMS sobre combustÃveis, seja declarada inconstitucional porque reduz a arrecadação dos estados e a capacidade de investimento das gestões locais em áreas como saúde e educação.
“A arrecadação dos impostos não é um fim em si mesma. Muito pelo contrário, os recursos financeiros existem para fazer frente à s inúmeras despesas que decorrem dos direitos fundamentais garantidos em nossa Carta Constitucional”, disse Gilmar Mendes ao cobrar coesão e harmonia dos entes federativos. “Nossa Federação é formada pela união indissociável de todos os Entes Federativos e estamos aqui para debater as suas bases de continuidade”.
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Rombo de R$ 31 bilhões
A reunião contou com representantes do governo federal, dos estados, do Ministério Público, da Câmara, das Assembleias Legislativas e das procuradorias-gerais dos estados, além de um representante do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do DF (Comsefaz), que apontou a possibilidade de perda de arrecadação de R$ 31 bilhões nas administrações estaduais até o final do ano, por causa da imposição da alÃquota única.
Segundo o Comsefaz, as leis sancionadas por Bolsonaro devem afetar o repasse de recursos para a saúde, a educação os municÃpios (com perda de R$ 19 bilhões). Os argumentos foram reforçados pelos governadores, que apontaram impactos danosos em serviços essenciais por causa da queda repentina de arrecadação.
Durante a reunião, Gilmar Mendes destacou a importância do ICMS na arrecadação dos estados e disse que a discussão sobre redução do preço dos combustÃveis afeta diversos paÃses que também convivem com fenômenos como a inflação causada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia.
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A proposta dos estados
O presidente do Colégio Nacional de Procuradores dos Estados (Conpeg), Rodrigo Maia, sugeriu a aplicação da média do ICMS sobre o diesel nos últimos 60 meses. O governo federal, por sua vez, se comprometeu a analisar as sugestões.
Os representantes da União pediram prazo de 24 horas para analisar as propostas e dar encaminhamento a um acordo. O relator aceitou o pedido e determinou que todos os envolvidos se manifestem dentro do prazo.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que é aliado de Bolsonaro, disse que os estados já fizeram sua parte ao congelar, em novembro, o valor do ICMS cobrado nas vendas de combustÃveis.
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O mesmo discurso foi usado por representantes da oposição, como a governadora do PiauÃ, Regina Souza (PT), que defendeu uma compensação aos estados em decorrência da redução de receitas gerada pelas leis aprovadas no Congresso para limitar a alÃquota do ICMS.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também se queixou da falta de diálogo entre o governo federal e os estados.