Nome completo: | Gregory Edward Abel |
Data de nascimento: | 1 de junho de 1962 |
Local de nascimento: | Edmonton, Canadá |
Formação: | Bacharelado em Contabilidade |
Cargos de destaque: | Vice-presidente de negócios não ligados a seguros da Berkshire Hathaway |
Quem é Greg Abel?
Greg Abel é um canadense que ocupa desde 2018 uma das vice-presidências da Berkshire Hathaway Inc., conglomerado do lendário investidor Warren Buffett. Ele é formado em Contabilidade pela Universidade de Alberta, no Canadá.
Seu nome ganhou destaque a partir de 2021, quando o “Oráculo de Omaha”, como Buffett é conhecido, confirmou que Abel será seu sucessor na presidência da holding. No entanto, ainda não há uma data definida para essa transição ocorrer.
“Os diretores concordam que, se algo acontecesse comigo esta noite, seria Greg quem assumiria amanhã”, disse Buffett em entrevista ao canal de televisão CNBC.
Dias antes dessa entrevista, durante a reunião anual de acionistas da empresa, um episódio chamou a atenção. Questionado se a Berkshire poderia se tornar muito complexa para administrar, Charlie Munger, parceiro de negócios de Buffett há décadas, respondeu: “Greg manterá a cultura”.
“A observação, que fez Buffett perder o prumo por um breve momento, foi interpretada pelos ouvintes como um sinal raro sobre quem o sucederia”, escreveu o jornal Financial Times (FT). “Foi uma pausa longa o suficiente para o investidor mais astuto da Berkshire Hathaway notar.”
Atualmente, a companhia está entre as dez maiores dos Estados Unidos, com um valor de mercado de US$ 744 bilhões (com base em dados do último dia 20), segundo o TradeMap.
Em agosto deste ano, Buffett completará 93 anos. Munger, por sua vez, chegou aos 99 anos em 1º de janeiro. O plano de sucessão, portanto, é um assunto que interessa aos acionistas há algum tempo.
Abel acabou de completar 61 anos. Ele é o responsável pela vice-presidência de negócios não relacionados a seguros, supervisionando grande parte do império da Berkshire, incluindo os ativos de energia, ferrovias e varejo.
Em abril deste ano, ele acompanhou Buffett a uma viagem ao Japão para visitar as principais tradings do país. Nos bastidores, espera-se que ele assuma grande parte das atividades desenvolvidas hoje pelo megainvestidor, como a alocação de capital entre os diferentes negócios do grupo, que incluem desde seguros até chocolates, passando por uma enorme rede de fast food, uma empresa de táxi aéreo e uma participação relevante na poderosa Apple.
“Ele faz todo o trabalho e eu aceito – é exatamente o que eu queria”, disse Buffett sobre Abel em entrevista à CNBC no Japão.
Buffett revelou também que, diferente do que muitos poderiam imaginar, não havia competição entre Abel e o indiano Ajit Jain, vice-presidente de operações de seguros do grupo, pelo cargo de CEO. Eles foram promovidos juntos em 2018 e, desde então, eram os mais cotados para a função. “Ajit nunca quis comandar a Berkshire”, afirmou Buffett.
Em uma reportagem sobre a mais recente reunião de acionistas da companhia, realizada em maio, o FT relata a mudança de comportamento do público em relação a Abel. Em 2022, ele conseguia andar pelo salão da convenção sem ser notado, mas, neste ano, foi cercado por dezenas de pessoas em busca de uma foto. O executivo atendeu e agradeceu a presença de todos.
“Abel parecia mais confiante do que antes em suas respostas às perguntas dos acionistas, mesmo que não tivesse o charme popular de Buffett”, escreveu o jornal britânico.
De acordo com o FT, a experiência de Abel no comando da Berkshire Hathaway Energy (BHE), de 2014 a 2018, e sua abordagem prática com as dezenas de empresas do grupo podem significar que ele será um administrador mais ativo do que Buffett. Espera-se, por exemplo, que ele busque sinergias ou parcerias entre subsidiárias, algo que o atual CEO nunca fez.
A publicação pondera, no entanto, que os investidores ainda desejam mais informações sobre Abel e os executivos que o cercarão, pois eles já administram uma parte do portfólio de ações de US$ 328 bilhões da Berkshire e devem supervisionar muito mais quando Buffett se retirar.
Na linha de sucessão, também se sabe que o filho mais velho de Buffett, Howard, assumirá a presidência do conselho de administração no futuro.
Liderança e versatilidade
Gregory Edward Abel nasceu em 1º de junho de 1962 em Edmonton, Canadá. Sua mãe era assistente jurídica e, após o seu nascimento, tornou-se dona de casa. Seu pai trabalhava com vendas, e eles viviam em um bairro de classe média.
Em uma entrevista à Horatio Alger Association of Distinguished Americans, da qual recebeu um prêmio em 2018, Abel conta que jogava hóquei na infância e colheu ensinamentos desse período. “Acredito que o esporte me ajudou a desenvolver minhas habilidades de liderança”, afirma. “Eu tinha muito respeito pelos meus treinadores, que serviam como mentores.”
Ele relata também que teve vários empregos antes de entrar na faculdade. Começou entregando panfletos publicitários nas casas, limpou garrafas descartadas para vendê-las e foi operário em uma empresa de produtos florestais. Trabalhou também enchendo extintores de incêndio e, dessa empresa, acabou ganhando uma bolsa de estudos na Universidade de Alberta.
Abel concluiu o curso universitário de Contabilidade com distinção em 1984. Após se formar, ingressou na PwC (antiga PricewaterhouseCoopers) em Edmonton, mas logo se mudou para o escritório da empresa em São Francisco, Califórnia.
Um de seus clientes era a CalEnergy, empresa para a qual se transferiu em 1992, ocupando o cargo de executivo sênior. Em 1999, o grupo mudou a denominação para MidAmerican Energy Holdings Company e, com a nova marca, Abel tornou-se CEO e, posteriormente, presidente do conselho.
Em 2014, após ser adquirida, a MidAmerican tornou-se Berkshire Hathaway Energy (BHE). Atualmente, a empresa conta com ativos superiores a US$ 90 bilhões e subsidiárias envolvidas principalmente em negócios de energia nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Filipinas.
Ao analisar a trajetória de Abel, especialistas destacam que ele ajudou a construir o império de energia da Berkshire, desempenhando um papel ativo na concretização de acordos, principalmente durante seu período de liderança na BHE. Isso inclui as aquisições da NV Energy em Nevada, por US$ 5,6 bilhões, e da empresa canadense de transmissão de energia Altalink, por quase US$ 3 bilhões.
Os gerentes da Berkshire trabalham para Abel desde 2018 afirmam estar impressionados com sua capacidade de supervisionar dezenas de negócios diferentes, de acordo com uma reportagem da revista Fortune em parceria com a agência de notícias Associated Press.
O portfólio inclui, por exemplo, a Iscar Metalworking, fabricante israelense de ferramentas de corte de metal; a Marmon Holdings, produtora de soluções para diversos segmentos industriais e de serviços; a joalheria Helzberg Diamonds; e a NetJets, empresa de táxi aéreo.
“Greg está herdando um bom negócio, e acredito que ele o tornará ainda melhor”, disse Buffett na reportagem.
De acordo com a imprensa especializada, todos os movimentos de Abel estão sendo monitorados de perto pelos analistas. Em março deste ano, ele aumentou sua participação pessoal em ações da Berkshire para cerca de US$ 105 milhões, o que reforçou a expectativa de que a cultura da empresa será mantida após a sucessão, afirma a CNBC.