Publicidade
Beneficiados nos últimos anos pela elevação dos juros e da inflação, os FIIs de recebíveis parecem ter perdido – pelo menos, por enquanto – o protagonismo no segmento. No rali dos últimos meses, o retorno da classe ficou abaixo da média do mercado e bem distante do desempenho de outros tipos de fundo.
Também conhecidos como FIIs de “papel”, esse tipo de fundo imobiliário investe em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação ou à taxa do CDI (certificado de recebíveis imobiliários).
Dada a indexação, a receita desses fundos varia de acordo com o comportamento dos indicadores. Em caso de alta, o resultado da carteira aumenta, elevando o dividendo distribuído aos cotistas. O cenário foi observado nos últimos anos – marcado pela forte pressão inflacionária e aumento dos juros.
Continua depois da publicidade
No entanto, com o recente arrefecimento da inflação e o início do ciclo de redução da Selic (taxa básica de juros da economia), a atratividade deste tipo de fundo imobiliário foi colocada à prova.
Em média, os FIIs de “papel” (Títulos e Valores Mobiliários) subiram 9% nos últimos quatro meses – período marcado pelo rali dos fundos imobiliários. O desempenho está abaixo da média do mercado (de 15%) e representa aproximadamente um terço do retorno de outras classes, como a dos FoFs (fundos que investem em outros fundos), que subiu quase 30% no período.
Segmento | Variação desde abril (%) |
FoF | 29,71 |
Renda Urbana | 24,98 |
Shoppings | 23,83 |
Logística | 23,12 |
Lajes Corporativas | 22,68 |
Híbrido | 21,15 |
Multiestratégia | 17,76 |
Títulos e Val. Mob. | 9,95 |
Ifix | 15% |
Fonte: Economatica. Dados até 10/08/2023.
Continua depois da publicidade
Os números são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e consideram apenas os fundos que fazem parte do Ifix – índice dos FIIs mais negociados da Bolsa. O retorno toma como base a valorização da cota e a distribuição de dividendos no período.
Leia também:
- FII negocia compra de participação em três novos shoppings; transação está avaliada em R$ 283 mi
- FII HCTR11 sobe forte e recupera parte das perdas da semana; Ifix sobe
Ainda vale a pena investir em FIIs de “papel”?
Brunno Bagnariolli, sócio e gestor da Mauá Capital, considera natural que os fundos de “papel” tenham menos destaque em um momento mais positivo para a economia – de queda da inflação e dos juros. No entanto, segundo ele, esse tipo de fundo ainda tem espaço no portfólio do investidor.
Continua depois da publicidade
Bagnariolli explica que cada classe de ativo apresenta um retorno melhor de acordo com o ciclo do mercado, que atualmente beneficiaria mais os fundos de “tijolo – que investem diretamente em imóveis, mais demandados em um cenário econômico mais aquecido.
A dinâmica, porém, não deveria ser motivo para mudanças drásticas na carteira de investimentos, alerta o gestor.
“Se o investidor ficar caçando a próxima classe que vai performar melhor, provavelmente vai escorregar no meio do caminho”, observa.
Continua depois da publicidade
Diante disso, o sócio da Mauá Capital reforça o consenso do mercado financeiro sobre a importância de um portfólio diversificado, onde FIIs de “papel” e de “tijolo” trabalham juntos, sugere.
“A diversificação do portfólio sempre vai ser a solução ideal para um retorno sólido ao longo do tempo”, diz. “Um tem mais risco e oferece maior retorno [FII de “papel”] e o outro menor retorno, mas com um risco também mais baixo [FII de “tijolo”]”, pontua.
Além disso, Bagnariolli lembra que, em média, os FIIs de “papel” estão sendo negociados abaixo do valor de mercado – considerando o P/VP (preço sobre o valor patrimonial).
Continua depois da publicidade
De acordo com estudo da Mauá Capital, o desconto dos FIIs de “papel” chegou a bater 9% em maio e hoje se mantém na casa dos 5% – patamar interessante dado o histórico, sinaliza Bagnariolli.
“Geralmente quando um ativo está descontado significa que é a hora de comprar”, pondera Bagnariolli, indicando mais um motivo que reforçaria a atratividade desta classe de ativos.
Além disso, acrescenta, a redução dos juros deverá ser feita de forma gradual e ainda deveremos ter taxas elevadas nos próximos anos – o que garantiria dividendos interessantes dos fundos mais expostos ao CDI, que acompanha a Selic.
Confira mais análises do gestor e o estudo completo da Mauá Capital sobre FIIs de “papel” na edição desta semana do Liga de FIIs. Produzido pelo InfoMoney, o programa vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você também pode rever todas as edições passadas.
Leia também:
You must be logged in to post a comment.