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A subida expressiva das taxas longas nos Estados Unidos, puxada pela perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manterá os juros elevados por mais tempo, provocou sangrias nas Bolsas mundo afora e saques nos fundos de investimento.
O efeito também foi sentido no Brasil. Em setembro, a indústria de fundos domésticos como um todo voltou a registrar mais saídas do que captações, com os resgates líquidos somando R$ 13,6 bilhões, contra entradas líquidas de R$ 29,6 bilhões em agosto.
Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
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No acumulado do ano, porém, a situação permanece delicada, com os saques líquidos alcançando R$ 84,6 bilhões.
Na avaliação de Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, a piora em setembro é reflexo de uma aversão a risco maior no mundo, o que tende a concentrar a liquidez em ativos considerados mais seguros, como os americanos, e não tanto em emergentes, caso do Brasil.
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O mês passado foi particularmente difícil para os multimercados, que acumularam resgates líquidos de R$ 11,9 bilhões – liderando entre as classes com maiores saídas.
Já no quesito subclasse, multimercados macro terminaram o mês na primeira posição com mais saques do que entradas, no valor de R$ 4,6 bilhões.
O movimento, porém, não é novo. No acumulado do ano, os resgates líquidos em multimercados chegam a R$ 57 bilhões.
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Após um período de retornos bastante expressivos no ano passado, 2023 tem sido marcado por uma dificuldade maior dos multimercados como um todo em bater o CDI (taxa de referência da classe).
Prova disso é que a média dos multimercados de gestão ativa no Brasil, medida pelo Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), fechou setembro em 0,01%, contra um avanço de 0,97% do CDI.
Apesar da piora no retorno, Rudge, da Anbima, afirma que a rentabilidade não parece ser o único fator que tem atrapalhado as captações e cita o exemplo visto no começo do ano, quando os multimercados registraram ganhos, mas mantiveram um volume expressivo de resgates.
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É uma classe de fundos que consegue navegar em momentos mais desafiadores. O investidor deveria ter por uma questão de diversificação. A tendência é que a gente volte a ver uma captação para esse tipo de fundo
Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima
Setembro também foi difícil para fundos que investem em direitos creditórios (FIDCs), que somaram saídas líquidas de R$ 3,3 bilhões. Apesar do resultado, o valor ficou abaixo dos resgates registrados em agosto que chegaram a R$ 6,5 bilhões.
O mês foi negativo para fundos de renda fixa e ETFs (fundos de índice), que terminaram setembro com saques líquidos de R$ 1,5 bilhão e de R$ 140,4 milhões, respectivamente.
Fundos de ações também voltaram a sofrer, com as saídas líquidas chegando a R$ 49,1 milhões, mas houve melhora nos números: em agosto, os resgates líquidos chegaram a R$ 1,7 bilhão.
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Ainda que o cenário tenha sido especialmente difícil para ativos de risco ao redor do mundo em setembro, Rudge não descarta uma melhora nas captações de fundos de investimentos, se os indicadores nos Estados Unidos vierem um pouco mais positivos ou dentro da expectativa.
“Se virmos um comportamento da inflação dentro do esperado e o Fed [banco central americano] sinalizar que o movimento não será de aumento [nos juros], veremos certo retrocesso nesse movimento e teremos mais confiança internamente”, avalia o executivo.
O profissional lembra que, no Brasil, o cenário é favorável para a tomada de risco com a desaceleração da inflação e consequente queda da Selic.
Fundos com captações líquidas positivas
Fundos de previdência, cambiais e fundos que investem em participações (FIPs), por outro lado, conseguiram atravessar a maré negativa e encerrar o mês de setembro com captações líquidas de R$ 2,4 bilhões, R$ 52,5 milhões e R$ 804,8 milhões, nessa ordem.
Já levando em conta dados acumulados do ano, apenas fundos de previdência, FIPs e FIDCs escaparam de ter mais resgates do que captações, com os depósitos líquidos chegando a R$ 9,7 bilhões, R$ 40,4 bilhões e R$ 1,6 bilhão, respectivamente.
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