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Investir em empresas americanas é uma escolha comum de quem quer diversificar o portfólio com posições em dólar, mas nem sempre alocar o dinheiro em produtos dos EUA é a melhor opção. Isso porque, dependendo do instrumento, pode ser mais interessante usar outro paÃs como “intermediário”.
Esse é o caso do investimento por meio de ETFs (fundos de Ãndice), considerados uma das formas mais acessÃveis de investir no exterior, seja pela baixa barreira de entrada quanto pela possibilidade de, com uma só cota, obter participação em gigantes como Apple, Microsoft e Tesla.
Mas há um porém. Nos EUA, mercado mais comum entre os brasileiros, dividendos distribuÃdos por ETFs são tributados em 30% para estrangeiros. à aà que entra uma alternativa: do outro lado do Atlântico, o custo tributário pode cair pela metade.
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Essa é a situação, por exemplo, da Irlanda, que cobra uma alÃquota de imposto sobre dividendos de 15%, mesmo que o ETF invista nas mesmas empresas americanas à s quais os ETFs dos EUA têm exposição.
âOs ETFs irlandeses não são fundos que investem em empresas da Irlanda. São apenas fundos domiciliados no paÃs, mas que investem em empresas americanasâ, diz Eduardo Grübler, gestor quantitativo da Warren. âA estratégia é a mesma, inclusive, já que a maior parte dos emissores são os mesmos, como BlackRock e Vanguard.â
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BenefÃcio tributário
Quando uma empresa americana distribui dividendos, ela não recolhe impostos ao transferir o dinheiro para um ETF dos Estados Unidos que compra suas ações. Porém, quando esses ETFs americanos repassam o valor para investidores não residentes no paÃs, eles recolhem 30% do valor como imposto.
Já para o ETF que está domiciliado na Irlanda, o paÃs europeu tem um acordo com os Estados Unidos para recolher apenas 15% de imposto sobre dividendos. Então, quando a empresa americana vai distribuir os proventos para o ETF irlandês, já recolhe a alÃquota menor, reduzindo o peso tributário para o investidor naquele paÃs.
Exemplo: suponha que a Microsoft distribuirá US$ 2 em dividendos por ação. Um ETF dos EUA receberia US$ 2 da empresa e distribuiria US$ 1,40 para os acionistas não residentes fiscais no paÃs, porque 30% seria recolhido na forma de imposto. No caso de um ETF irlandês, o valor lÃquido seria de US$ 1,70, porque somente 15% seria recolhido como tributo.
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No longo prazo, isso gera uma rentabilidade consideravelmente maior para o investidor. Porque são vários dividendos distribuÃdos ao longo do tempo, que vão aumentar a rentabilidade do ETF irlandêsâ, diz Grübler.
Acumulação x distribuição
A diferença de cobrança, no entanto, depende de uma condição para que se reverta em benefÃcios para o investidor: é crucial que o ETF investido seja de acumulação, não de distribuição.
ETFs de acumulação são como os brasileiros, que não distribuem os proventos aos seus acionistas, mas reinvestem diretamente aumentando a rentabilidade da cota. Já nos EUA, é mais comum que os fundos sejam de distribuição â aqueles que repassam todos os valores pagos pelas empresas.
Na Irlanda, é possÃvel encontrar as duas versões de fundos. Entretanto, se o investidor brasileiro optar pelos ETFs de distribuição, a diferença de imposto em relação aos EUA não será verificada. Nesse caso, a “culpa” é do Brasil, que tributa o lucro com dividendos internacionais em até 27,5%.
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Entretanto, em um ETF de acumulação, o pagamento de imposto é postergado até que a posição do investidor seja desfeita no fundo, momento em que incidirá o tributo sobre ganho de capital, desde que ultrapassem os R$ 35 mil mensais.
Se o investidor se desfizer da sua posição aos poucos, há grandes chances de não pagar mais imposto nenhum, no caso dos ETFs de acumulaçãoâ, afirma Grübler.
Para quem gosta de receber os dividendos periodicamente, direto na conta, a estratégia dos fundos irlandeses não faz sentido, porque acabariam sendo tarifados duas vezes: na saÃda do pagamento nos Estados Unidos e ao serem repatriados ao Brasil. âà um investimento que faz sentido para o longo prazo, em ETFs de acumulação. Porque todo dividendo pago se reverterá em cotas maiores e mais rentabilidade futuraâ, afirma o gestor da Warren.
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Onde investir
Os ETFs irlandeses estão disponÃveis nas bolsas de valores europeias, sendo a principal delas a Bolsa de Londres (LSE). Por lá, é possÃvel negociar os ativos em dólares ou em euros. Para isso, é necessário ter conta em uma corretora que dê acesso à essas bolsas.
Veja alguns exemplos e desempenhos dos ETFs irlandeses:
| Ticker | Nome | Preço (US$) | Desempenho 2023 | Desempenho 12 meses | Desempenho 5 anos |
| CSPX | iShares Core S&P 500 UCITS ETF | 466,47 | 18,31% | 17,50% | 63,21% |
| CNDX | iShares NASDAQ 100 UCITS ETF | 867,66 | 41,48% | 41,48% | 105,76% |
| EIMI | iShares Core MSCI Emerging Markets IMI UCITS ETF | 30,27 | 5,40% | 8,22% | 8,34% |
Fonte: Bolsa de Londres, verificado em 15/09/2023