Ex-chefe do SVB culpa altas nos juros americanos e redes sociais pela derrocada do banco

Em depoimento no Senado americano, Becker disse acreditar que o banco trabalhou para resolver seus problemas diante de corrida bancária "sem precedentes"

Equipe InfoMoney

Silicon Valley Bank SVB (Foto: Justin Sullivan/Getty Images)
Silicon Valley Bank SVB (Foto: Justin Sullivan/Getty Images)

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O ex-CEO do Silicon Valley Bank Greg Becker pediu desculpas nesta segunda-feira (15) em depoimento ao Congresso norte-americano pelo que chamou de colapso “devastador” da empresa, citando o aumento dos juros e as redes sociais como as causas centrais para o colapso.

Em depoimento divulgado pelo Comitê Bancário do Senado dos Estados Unidos, Becker disse acreditar que o banco respondeu às preocupações dos reguladores sobre o gerenciamento de riscos e trabalhou para resolver seus problemas antes que uma corrida bancária “sem precedentes” levasse à sua falência.

“A tomada de controle do SVB foi pessoal e profissionalmente devastadora, e sinto muito pelo impacto que isso teve sobre os funcionários, clientes e acionistas do SVB”, afirmou.

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Leia também: Greg Becker, do SVB, foi ‘o cara’ do dinheiro do Vale do Silício por 30 anos, até que de repente ele não era

A posição de Becker contrasta com a de reguladores e executivos do setor bancário, que culparam a liderança do SVB por sua incapacidade de gerenciar os riscos de taxa de juros ou diversificar os negócios do banco para além do setor de tecnologia altamente concentrado na Baía de São Francisco.

Becker disse não acreditar “que qualquer banco pudesse sobreviver a uma corrida bancária dessa velocidade e magnitude”.

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Becker, juntamente com o ex-co-fundador e presidente do Signature Bank Scott Shay e o ex-presidente Eric Howell, estão programados para testemunhar diante do Comitê Bancário do Senado na terça-feira às 11h (horário de Brasília), onde aparecerão publicamente pela primeira vez desde que suas empresas entraram em colapso, desencadeando uma rara intervenção governamental para proteger os depósitos.

Ex-executivos do Signature Bank, com sede em Nova York, que também faliu em março, afirmaram que o banco poderia ter sobrevivido se os reguladores não tivessem optado por fechá-lo, segundo depoimentos separados.

Ascensão e queda

Por 30 anos, Greg Becker, de 55 anos, foi o “cara” do dinheiro no Vale do Silício. Becker ingressou no Silicon Valley Bank em 1993, e, em seis anos foi promovido para supervisionar a emergente área de capital de risco e em 2011 assumiu o cargo de CEO.

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A essa altura, o Silicon Valley Bank já havia se tornado um gigante na indústria de tecnologia, com mais de duas dúzias de escritórios em todo o mundo.

Nos anos seguintes, o dinheiro inundou o SVB à medida que as startups conseguiam atrair cheques cada vez maiores e passaram a recorrer ao banco para outros serviços financeiros. Com isso, as ações da controladora dispararam de US$ 50 por ação em 2011 para mais de US$ 755 em seu pico em 2021.

Durante todo este tempo, Becker marcou presença em jantares privados, eventos de caridade e festas do Vale: os atalhos para fazer negócios em uma indústria conhecida pela formação de ‘clubinhos’.

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Tudo mudou no início de março de 2023, quando as ações do SVB Financial Group começaram sua ‘espiral de morte’. Becker tentou falar com algumas dezenas de pessoas e empresas, como Alex Rampell, sócio da a16z, com quem manteve relação esperando que parte da boa vontade que ele havia passado décadas acumulando como chefe do banco da comunidade de startups pudesse ser retribuída.

Nas 24 horas seguintes, o a16z e muitas outras gestoras de VC e empresas do ecossistema de empreendedorismo perceberam a situação precária do banco e passaram a sacar dinheiro da instituição — e aconselhar que outros seguissem o mesmo caminho. Na tarde seguinte, o SVB já estava nas mãos da Federal Deposit Insurance Corp (FDIC).

O colapso do SVB pôs fim à carreira de 30 anos de Becker no banco. Pouco mais de uma semana depois de ele ter pedido calma aos clientes em uma teleconferência organizada às pressas, enquanto o dinheiro escorria de suas contas, a controladora do banco entrou com pedido de falência.

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(com informações da Agência Reuters e da Bloomberg)