Com integração de aquisições, Oncoclínicas (ONCO3) reverte prejuízo e lucra R$ 41,2 milhões no 1º trimestre

Foi o terceiro trimestre seguido de lucro da companhia, que reduziu custo operacional; receita líquida e Ebitda foram recordes no período

Anderson Figo

Oncoclínicas (Divulgação)
Oncoclínicas (Divulgação)

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Com a integração das aquisições no ano passado e menor custo operacional, a Oncoclínicas (ONCO3) registrou lucro líquido de R$ 41,2 milhões no primeiro trimestre de 2023, revertendo um prejuízo de 15,6 milhões visto um ano antes.

“Ganho de eficiência operacional e foco nas coisas mais importantes, é isso que tem refletido nesses resultados”, afirmou Bruno Ferrari, CEO do grupo, ao InfoMoney.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi recorde, de R$ 276,9 milhões, numa alta de 145,4% sobre o primeiro trimestre de 2022.

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A receita líquida, também recorde, teve crescimento de 60,1% na comparação anual, para R$ 1,3 bilhão. “Desse crescimento, mais da metade, ou 33%, foi orgânico”, afirmou Ferrari.

“O crescimento orgânico que temos conseguido entregar ao longo dos últimos trimestres, o qual tem sido consistentemente acima do crescimento do setor de oncologia, atesta que nossa tese de expandirmos nossa atuação pela jornada de tratamento dos nossos pacientes, sobretudo através dos cancer centers, tem se provado correta e bem executada”, completou o executivo.

A margem bruta da Oncoclínicas avançou de 33,6% no primeiro trimestre de 2022 para 36,4% nos três primeiros meses deste ano, em função de ganhos de eficiência das unidades de alta complexidade, levando ao crescimento de 73,4% do lucro bruto no trimestre, que atingiu R$ 1,7 bilhão.

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O nível de despesas operacionais em relação à receita líquida passou de 19,6% a 15% na comparação anual. No último trimestre de 2022, estava em 17,6%.

“Esse número mostra o quão rápido a companhia evolui na integração de suas aquisições”, disse Cristiano Camargo, CFO e diretor de relações com investidores do grupo. “A medida que a gente conclui as integrações, reduzindo despesas duplicadas no nível das clínicas e unidades, e substituir essas funções por funções administrativas que o nosso centro de serviços compartilhados absorve, a gente tem esse ganho de eficiência operacional”, completou.

Segundo o executivo, esse indicador de 15% de despesas operacionais/receita líquida estava previsto para o último trimestre de 2023. “O grande ganho de margem que a companhia teve nos últimos 12 meses vem de um trabalho interno em buscar essas eficiência e não às custas de onerar o setor ou os planos de saúde”, disse.

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O CFO disse que 2023 será um ano de desalavancagem para a companhia, apesar de o indicador de dívida líquida sobre receita líquida estar em um patamar que a Oncoclínicas considera “confortável”, de 3x. No último trimestre de 2022, estava em 2,7x.

No ano passado, a companhia fez duas grandes emissões, de um CRI de R$ 500 milhões, em agosto, e uma debênture de R$ 750 milhões, em dezembro. As operações estenderam os prazos das dívidas da companhia e garantiram recursos para investimentos para os próximos dois anos.

Aquisições

“A gente tem um crescimento de receita já contratado bastante robusto para este ano, o que nos dá o benefício de não precisarmos fazer nenhuma aquisição neste ano, mas ainda assim termos crescimento forte. Este é um ano que a gente vê como um ano que a companhia reduz sua alavancagem, que hoje está em 3x, o que a gente considera confortável e prudente neste cenário de custo de capital elevado que todo mundo atravessa”, disse.

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“Não teremos uma agenda de aquisição tão ativa como tivemos nos últimos anos”, completou o Camargo. O CFO não descartou, no entanto, a possibilidade de um movimento de M&A caso haja uma oportunidade.

A Oncoclínicas fez IPO em agosto de 2021, numa operação em que levantou R$ 2,6 bilhões, sendo R$ 1,7 bilhão na oferta primária. Em outubro, adquiriu a rival Unity, num acordo de R$ 1,2 bilhão, que foi aprovado pelo Cade no ano passado.

Ainda naquele ano, ela comprou uma participação de 60% no centro ambulatorial Itaigara Memorial, em Salvador, por R$ 101,1 milhões. Em janeiro de 2022, ela comprou o laboratório Microimagem por R$ 8 milhões. No mês seguinte, adquiriu a rede de clínicas Cemise, em Sergipe, por cerca de R$ 150 milhões.

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Em março do ano passado, a Oncoclínicas anunciou a compra de 49% da Medsir, empresa espanhola de pesquisa e tratamentos inovadores para pacientes com câncer, por € 5,75 milhões (cerca de R$ 32 milhões).

Ainda em 2022, o grupo também fez outros movimentos de M&A, como a compra da fatia de 40% que ainda não tinha na Oncobio, unidade de tratamento de câncer em Nova Lima (MG), além da abertura de um “cancer center” em Salvador no valor de R$ 138,6 milhões, junto com o hospital Santa Izabel.

Em janeiro de 2023, a Oncoclínicas firmou um contrato para o desenvolvimento do “cancer center” Goiânia, um complexo hospitalar de alta complexidade e centro integrado de diagnóstico, prevenção e tratamento ao câncer que vai operar em sinergia com o Dana-Farber Cancer Institute, um dos principais centros de tratamento e pesquisa em câncer no mundo. O investimento estimado é de cerca de R$ 145 milhões.

A empresa já havia anunciado a construção de um “cancer center” em São Paulo, por meio de uma joint venture com a Unimed Nacional. Também no começo deste ano, anunciou a compra da Unidade de Oncologia Clínica e Pediátrica (UOCP), em São Paulo, especializada em tratamento oncológico para crianças e adolescentes.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.