Após despencar 17% na quinta, Sanepar tem dia volátil em meio a início da consulta pública

Vale destacar que esta sexta-feira marca o início da consulta pública sobre a revisão tarifária, que vai se estender até o dia 22 de março, enquanto a audiência se dará no dia 24

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após a derrocada de 17,71% na quinta-feira em meio à revisão tarifária preliminar da Agepar (Agência Reguladora do Paraná) que decepcionou – e muito – analistas e gestores de mercado, a ação da Sanepar (SAPR4) abriu em expressiva queda, chegando a registrar baixa de 7,26%, a R$ 10,34. Contudo, às 10h51, os papéis zeraram as perdas e, às 10h53, tinham baixa de 1,17%, a R$ 11,02, indicando um dia de forte volatilidade na Bolsa. Às 10h58 (horário de Brasília), os papéis tinham ganhos de 1,17%, a R$ 11,30. Contudo, vale destacar que, nas últimas três sessões, a baixa acumulada é superior a 20%. 

Vale destacar que esta sexta-feira marca o início da consulta pública sobre a revisão tarifária, que vai se estender até o dia 22 de março, enquanto a audiência se dará no dia 24. 

Entenda o caso

A Sanepar passou a ser uma das queridinhas do setor de utilities em 2017, em meio às expectativas positivas com o reajuste das tarifas cobradas pelos seus serviços no Paraná – de dezembro a fevereiro, as ações da companhia de saneamento do estado subiram quase 50%. Março era tido como o “mês-chave” para estes eventos por conta do cronograma de aprovação destes novos preços.

E na última quarta-feira (8), tivemos o “primeiro teste” com a apresentação da nota técnica preliminar da Agepar (Agência Reguladora do Paraná). O veredicto provisório indica a necessidade de revisão tarifária de 25,63%, ao longo de oito anos, sendo a primeira parcela fixada em 5,7% e as demais corrigidas pela Selic.

Apesar de toda a celeuma, para os analistas do BTG Pactual e do Bradesco BBI, a proposta não foi ruim – pelo contrário, uma vez que o reajuste foi acima do esperado. Porém, um fator é preponderante para a forte queda do papel: o “risco político”.

Para o BTG, os principais parâmetros da revisão (o aumento de 25,63% ajustado pela Selic, com o aumento inicial de 5,7% em 2017) foram melhores que o esperado, mas o diferimento de oito anos traz o “imponderável” risco político para o radar. “No geral, número de base veio bom, mas o que gerou ruído é a forma que irá ocorrer, que será com 5,7% de aumento agora e o restante em dois ciclos ajustados por Selic. Como é reajustado pela Selic, o impacto no preço-alvo da ação é pequeno, mas isso gera uma incerteza grande para os próximos anos, uma vez que teremos duas eleições nesse período e os reajustes para os próximos anos deverão ser altos”, disse o BTG em nota enviada aos clientes. Com duas eleições estaduais durante o período ecom um aumento de cerca de 6% ao ano nas tarifas, o fardo será grande para os próximos governadores – ou seja: a tentação de “interferir” nisto para conseguir capital político será maior. “Isso trará maior risco aos investidores”, complementa. 

Em meio a esse cenário, os analistas do BTG apontam para uma solução: “embora entendemos que a concessão de um aumento imediato, todo feito de uma vez, é difícil do ponto de vista político, acreditamos que a melhor solução seria fazer um diferimento somente para o próximo ciclo tarifário (como a Aneel fez no ano passado) ou garantir um aumento maior agora para gerar um fardo menos pesado daqui para frente”, explicam.

Durante a tarde de ontem,  a empresa convocou uma call com alguns grandes investidores para explicar o ocorrido e esclarecer eventuais dúvidas. O que parecia uma boa ideia não teve o resultado esperado: a call feita às pressas teve início às 16h (horário de Brasília), durou quase 1 hora e foi marcada por uma série de hostilidades. Muitos investidores não conseguiram entrar por conta das linhas cheias (o InfoMoney participou da teleconferência, mas sem enviar perguntas). As grandes críticas ficaram com o fato da empresa não mostrar muita disposição de negociar com a Agepar os acordos propostos. Confira a análise completa sobre a companhia clicando aqui. 

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.