Aeris vê redução de instalação de aerogeradores no Brasil em 2024, estuda fábrica nos EUA

A empresa, que é a maior fabricante de pás para aerogeradores da América Latina, está em fase de discussões comerciais sobre encomendas

Reuters

(Shutterstock)
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SÃO PAULO (Reuters) – A fabricante de pás eólicas Aeris Energy deve elevar seus volumes de exportação a partir de 2024, quando enxerga uma potencial redução da demanda no mercado brasileiro, ao mesmo tempo em que prossegue com estudos para a abertura de uma fábrica nos Estados Unidos, de acordo com o diretor de Planejamento e de Relações com Investidores, Bruno Lolli.

A empresa, que é a maior fabricante de pás para aerogeradores da América Latina, está agora em fase de discussões comerciais com clientes sobre os volumes e destinos das encomendas para os próximos anos.

“Este ano, produzimos 100% do volume para mercado doméstico. Em 2024 e 2025 tende a ser menor para o doméstico, o que cria espaço para retomarmos exportações”, afirmou Lolli à Reuters.

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Segundo o executivo, a perspectiva de uma menor demanda para pás no Brasil ocorre em meio à desaceleração do desenvolvimento de novos projetos de geração de energia eólica.

“Os projetos hoje estão em ‘stand-by'”, disse, citando uma combinação de fatores para esse cenário, como a volatilidade dos custos de novos empreendimentos, preços mais baixos da energia no médio prazo, grande oferta sendo adicionada à matriz, principalmente de geração solar distribuída, e baixo crescimento do consumo nacional de energia.

O contexto é o inverso nos Estados Unidos e Europa, onde as taxas de retornos para novos projetos de energias renováveis estão muito melhores, acrescentou.

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“Nunca vimos empreendedor tomando decisão de instalar parque (renovável) ganhar tanto dinheiro (nos EUA e Europa). Então ao mesmo tempo em que vemos Brasil com um risco de redução de volume até 2026, temos uma restrição imensa de fabricação de componentes para essas regiões”.

A Aeris tem sua produção concentrada na zona industrial de Pecém (CE), de onde também exporta a depender da demanda de sua carteira de clientes, que inclui as maiores fabricantes mundiais de aerogeradores. A empresa deve atingir uma capacidade de produção de pás equivalente a 4 gigawatts (GW) por ano.

A empresa também segue estudando a abertura de uma fábrica nos Estados Unidos, país que vem incentivando fortemente o mercado de energia renovável, com perspectiva de mais do que dobrar as taxas anuais de instalação de parques eólicos.

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Lolli afirmou que a Aeris está aprofundando estudos sobre benefícios fiscais no âmbito do Inflation Reduction Act (IRA), lei americana de apoio à transição energética, ao mesmo tempo em que negocia com potenciais Estados que poderiam receber a fábrica e com clientes que consumiriam suas pás.

Em paralelo, a empresa também avalia se seria um projeto “greenfield”, com a instalação de uma fábrica do zero, ou “brownfield”, montando uma linha de produção em algum espaço alugado ou comprado.

Embora ainda não haja decisão tomada, o diretor considera que uma planta fora do país é “passo inevitável” para a Aeris.

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“É um passo que julgamos inevitável porque clientes estão demandando que a gente instale capacidade fora do ‘site’ atual. Hoje nosso apetite de expandir o ‘site’ atual reduziu por conta da demanda dos clientes de ter diversificação de geografias”.

A Aeris também está avaliando a produção de pás para projetos de geração eólica offshore, mas considera que essas discussões são um pouco mais complexas. Isso porque, além de o número de “players” nesse mercado ser menor, há um movimento mundial de algumas fabricantes de aerogeradores de verticalizar suas produções, explicou.

(Por Letícia Fucuchima)