Israel planeja controle sobre Gaza por tempo “indefinido”, diz Netanyahu

Invasão do Hamas à Israel completa um mês nesta terça-feira (7)

Bloomberg

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em 22 de setembro de 2023, em Nova York (Spencer Platt/Getty Images)
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em 22 de setembro de 2023, em Nova York (Spencer Platt/Getty Images)

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que vê seu país tendo o controle de segurança sobre Gaza por um período indefinido, sugerindo que manterá esse papel mesmo depois do fim dos combates no território derrotado.

“Israel, por um período indefinido, terá a responsabilidade geral pela segurança porque vimos o que acontece quando não a temos”, disse Netanyahu em trechos de uma entrevista à ABC News transmitida na noite de segunda-feira (6). “Quando não temos essa responsabilidade pela segurança, o que temos é a erupção do terror do Hamas numa escala que não poderíamos imaginar.”

Israel está empreendendo uma ofensiva, agora em seu segundo mês, que diz ter como objetivo destruir o Hamas depois que o grupo militante palestino invadiu o sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.400 pessoas e sequestrando mais de 240.

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As Forças de Defesa de Israel têm bombardeado Gaza diariamente pelo ar e, nos últimos 10 dias, manteve infantaria e tanques dentro da parte norte da faixa, com o objetivo de desmantelar as infraestruturas militares e governamentais do Hamas. Cerca de 10 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

Israel concentrou-se principalmente no norte do enclave, encorajando os civis a deslocarem-se para o sul através de um corredor de evacuação, mas também realizou numerosos ataques no sul quando identifica agentes ou alvos do Hamas, dizem os seus militares. O Hamas é designado como organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

Questionado sobre a declaração do primeiro-ministro, seu conselheiro de política externa, Ophir Falk, disse que está de acordo com os planos de Israel para depois do fim da guerra.

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“Há uma série de opções sendo discutidas para o dia seguinte ao Hamas”, escreveu ele em mensagem de texto. “Os denominadores comuns de todos os planos são que 1) não existe Hamas, 2) Gaza está desmilitarizada, 3) Gaza está desradicalizada.”

A natureza do controle de segurança – na verdade, a natureza da Faixa de Gaza – após esta guerra tão punitiva está longe de ser clara. Israel está em estado de choque e de luto desde o ataque há um mês, sentindo uma sensação de vulnerabilidade que não sentia há décadas. Isto aumentou a noção de que o país nunca mais poderá negligenciar o que acontece em Gaza, especialmente para as comunidades que vivem ao longo da fronteira sudoeste, onde ocorreu o ataque.

A expectativa em Israel é que haja uma zona tampão dentro de Gaza para impedir que alguém se aproxime da fronteira no futuro.

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Peter Lerner, porta-voz militar israelense, disse à Rádio Bloomberg na terça-feira que “a cidade de Gaza é o centro das operações do Hamas e o centro do governo. Eu diria que é o centro de gravidade. Então, obviamente, esse é um ponto focal muito, muito substancial de nossas atividades”.

“A situação no terreno exige uma mudança de paradigma. Requer uma nova realidade para israelenses e palestinos, como aquela em que ambos os lados da fronteira vivam sem risco de terrorismo ou morte. E, de fato, a realidade, como eu disse, precisa mudar e precisa mudar agora”, afirmou Lerner.

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