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Está cada vez mais difÃcil para o trabalhador brasileiro manter as contas em dia. A inflação elevada associada ao desemprego e à renda domiciliar no menor nÃvel desde 2012 estão levando muitas famÃlias a recorrem ao rotativo do cartão de crédito, quando o consumidor não paga a fatura completa até o vencimento.
De acordo com dados do Banco Central, essa modalidade atingiu R$ 159,3 bilhões em novos empréstimos nos seis primeiros meses deste ano, atingindo o maior nÃvel para o perÃodo desde 2014. à época, foram concedidos R$ 174,7 bilhões, considerando a correção pela inflação.
âUm dos resultados muito ruins da pandemia e da crise causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia foi o aumento em nÃveis mundiais da inflação. Apesar de estarmos recuperando nÃvel de emprego e de um certo dinamismo econômico, com as pessoas circulando mais, o fato é que a renda média do brasileiro caiu bastante, e a inflação corroeu o poder de compra dessa renda que já é menor. Muitas pessoas continuaram a usar o cartão de crédito para fazer as compras e, com a renda caindo, as famÃlias têm menos dinheiroâ, avalia Carlos Caixeta, economista e membro do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
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O rendimento médio mensal domiciliar por pessoa caiu 6,9% em 2021 e passou de R$ 1.454 em 2020 para R$ 1.353, menor valor da série histórica, iniciada em 2012, pela Pnad ContÃnua (Pesquisa Nacional por Amostra de DomicÃlios) e divulgada recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica).
Além disso, o endividamento e a inadimplência das famÃlias avançaram. De acordo com a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), 29% das famÃlias brasileiras contavam com algum tipo de conta ou dÃvida atrasada em julho, maior percentual de inadimplência registrado desde 2010, quando começou a apuração mensal do indicador.
Também o endividamento das famÃlias brasileiras chegou a 78% em julho, maior Ãndice registrado nos últimos 12 anos. O percentual de comprometimento da renda permanece no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dÃvidas.
âEspecialmente nas classes C, D e E, os custos dos alimentos pesam muito e, por isso, carregaram dÃvidas muito fortes no cartão de crédito, que tem custo médio de 370% no ano. à um crédito muito caro porque é muito fácil, o valor já está pré-aprovado, mas a conta chegaâ, alerta Caixeta. âMesmo com todas as dificuldades, as pessoas continuaram comprando e rolando a dÃvida, pagando o mÃnimo, se esforçando para comprar o mÃnimo possÃvel porque está mais caroâ, complementa o especialista.
A boa notÃcia é que julho foi o terceiro mês consecutivo com queda das dÃvidas de cartão de crédito (1,2% a menos em relação a junho), conforme dados da CNC. Do total de endividados no paÃs, 85,4% possuem dÃvidas no cartão de crédito, proporção que havia chegado a 88,8% em abril deste ano.
âAs famÃlias têm buscado alternativas de crédito mais baratas por conta dos juros elevados. Com isso, carnês de loja e crédito pessoal foram as modalidades que avançaram no endividamento, neste inÃcio de semestre, representando 18,8% e 9,2% do total de famÃlias com dÃvidas, respectivamenteâ, analisou à época Izis Ferreira, economista da CNC, responsável pela pesquisa.
