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Como o seguro garante o pagamento das vendas na Black Friday?

Seguros de crédito e prestamistas garantem o pagamento de vendas parceladas em caso de imprevistos

Gilmara Santos

Black Friday e Copa do Mundo ajudaram nas vendas do mês (Shutterstock)
Black Friday e Copa do Mundo ajudaram nas vendas do mês (Shutterstock)

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A Black Friday 2023 deve movimentar algo em torno de R$ 4,64 bilhões, crescimento de 4,3% em relação ao ano passado, descontando a inflação, segundo estimativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Com o evento em operação, empresários em todo o país buscam meios para garantir que tanto as vendas parceladas aos varejistas (o chamado B2B) quanto para os consumidores finais (B2C) sejam pagos. É aí que entram os seguros.

Do lado dos fornecedores, o seguro de crédito é o grande aliado, enquanto que os clientes finais se apoiam no seguro prestamista.

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Seguro de crédito

Desde o escândalo da Americanas, no início deste ano, o seguro de crédito passou a ganhar destaque entre os fornecedores do varejo. Essa modalidade garante a cobertura de pagamento dos recebíveis de transações comerciais a prazo das vendas B2B.

À época, o mercado de seguros estimava que as apólices envolvendo a Americanas somavam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em risco segurado, trazendo sinistros de proporções inéditas.

Segundo Guilherme Krupellis, sócio-diretor da Vokan Seguros, o seguro de crédito, na Black Friday, agrega ao garantir as vendas tanto no mercado interno quanto no externo.

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Ainda de acordo com Krupellis, no segundo semestre, a companhia já contabiliza aumento de 5 vezes na procura de clientes interessados neste seguro na comparação com igual período do ano passado , principalmente agora.

“Observamos os clientes falando sobre o assunto e sobre a expectativa de vendas de aumento para o segundo semestre. As pessoas passaram a ter percepção que, por mais que seja empresa conhecida e com nome no holofote, pode acontecer alguma coisa que a gente precisa se resguardar”, diz.

Caio Lhano, superintendente de crédito e seguro paramétrico da consultoria de riscos e corretora Marsh Brasil, explica que o seguro de crédito é uma ferramenta que protege contra a inadimplência as vendas realizadas a prazo. “Ele cobre o não pagamento das vendas a prazo, seja por insolvência [recuperação judicial ou falência] ou mora prolongada (atrasos)”, complementa.

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De acordo com ele, as seguradoras de crédito comercial geralmente cobrem dois tipos de risco:

O advogado Bruno Maglione, do escritório Fernandes Figueiredo Françoso e Petros Advogados, lembra que o seguro de crédito ainda não é uma modalidade muito difundida no Brasil como nos Estados Unidos, mas está crescendo desde a pandemia.

“Como o seguro de crédito visa proteger o segurado da inadimplência, em épocas de feriados comerciais relevantes [Black Friday, Dia das Mães e Natal, por exemplo}, os comerciantes podem, de certa maneira, se blindar contra os inadimplentes especificamente nas vendas a prazo”, explica.

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Apesar de ser mais usado entre as grandes varejistas, Maglione considera que o seguro de crédito é indicado também para empresas que vendem produtos ou serviços para outras empresas menores, muitas vezes um microempreendedor individual (MEI).

“Cientes de que para se prepararem para a Black Friday muito comerciantes enchem seus estoques com compras a prazo apostando no sucesso das vendas, eventuais problemas relacionados ao inadimplemento podem ser minimizados com a contratação do seguro de crédito”, comenta o advogado.

Seguro prestamista

Com crescimento de 4% no primeiro semestre deste ano, o seguro prestamista pode pegar carona nesta Black Friday.

“As pessoas têm percebido que o seguro prestamista pode ajudar a proteger as conquistas que cada um tem, contribuindo assim para o planejamento financeiro individual e familiar, temas que a sociedade brasileira ainda não avançou”, comenta Carlos Eduardo da Silva, superintendente de parcerias da Zurich.

Silva explica que o seguro prestamista tem por objetivo quitar ou custear parte da dívida contraída pelo segurado seja através de empréstimos, financiamento de bens, saldo de cartões de crédito ou limite de contas-corrente.

Vale lembrar, comenta o executivo, que as coberturas são definidas no momento da adesão do seguro dando cobertura em situações de desemprego involuntário e incapacidade física temporárias para profissionais liberais ou autônomos, causadas por invalidez permanente ou, em situações extremas, como morte ou incapacidade física permanente por acidente.

“Em ocasiões como morte, invalidez ou desemprego involuntário, é comum a preocupação do segurado ou de sua família com a quitação de dívidas. E o seguro prestamista oferece tranquilidade em relação a inadimplência ou negativação de nome, uma vez que ele assegura o cumprimento do compromisso financeiro”, explica o superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência, Ricardo Campos.

O produto também atua como uma proteção ao credor. “Quando ocorre um dos eventos cobertos, a seguradora oferece uma compensação financeira para ajudar a quitar de forma parcial ou total a dívida. Isso representa uma segurança adicional para as instituições ao conceder crédito”, acrescenta Campos.

“O seguro prestamista é um produto importante ao planejamento financeiro. É uma proteção não apenas para o segurado, mas para a sua família porque, além de ajudar a evitar a perda de um bem, resguarda os familiares de possível transferência da dívida aos beneficiários”, afirma Daniel Brandão, diretor comercial da seguradora Assurant.

Importante ressaltar, lembra Brandão, que o seguro prestamista pode ser adquirido de forma voluntária, sempre que houver uma tomada de crédito —  direto ao consumidor (CDC), empréstimo pessoal, parcelamento de compras, financiamento de casa própria ou mesmo automóveis. “É necessário que o credor tenha um contrato de oferta do seguro junto aos canais de distribuição. A adesão é sempre feita no momento da contratação do crédito.”

Podem ser garantidos por meio desse seguro os pagamentos de:

As coberturas podem ser acionadas em situações como:

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.