Rede D’Or (RDOR3) tem capacidade de crescer preços acima da inflação em 2023, diz CEO

Foi a primeira teleconferência de resultados da companhia após fusão com a SulAmerica

Mitchel Diniz

Rede D'OR - São Luiz - Jabaquara (SP)
Rede D'OR - São Luiz - Jabaquara (SP)

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No primeiro balanço da Rede D’Or (RDOR3) após a fusão com a SulAmerica, analistas destacaram o impacto negativo da sazonalidade nos números do quarto trimestre. Mas também chamaram atenção para o controle de custos que a empresa tem conseguido fazer.

A Rede D’OR reportou lucro líquido de R$ 282,5 milhões no 4T22, queda de 32,7% na comparação com igual período do ano imediatamente anterior, quando chegou a R$ 419,5 milhões. Segundo a companhia, os resultados ainda não contemplam o consolidado com SulAmérica, uma vez que a incorporação foi concluída em 23 de dezembro.

O Credit Suisse identificou impactos negativos tanto do lado provedor (hospital) quanto do pagador (seguradora).

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“Pelo lado do negócio de hospitais, a empresa foi negativamente afetada pela sazonalidade, que comprometeu a ocupação de leitos”, observaram os analistas. A taxa de ocupação ficou em 65,3%, 4,3 pontos percentuais a menos que no terceiro trimestre de 2022, mas 0,1 ponto percentual (p.p.) maior que um ano antes.

Já os tíquetes médios da Rede D’Or recuaram 1,3% na comparação trimestral e cresceram 2,6% na comparação anual, sem contar com a parte de oncologia. A inflação no período, por sua vez, cresceu 2,8%.

Na teleconferência com analistas sobre os resultados, o CEO da empresa, Paulo Moll, afirmou que os tickets da Rede D’Or não acompanharam o IPCA por conta do mix, mas disse que a tem capacidade de crescer preços acima da inflação em 2023.

“Já vínhamos reajustando operadoras em linha com inflação ou acima do IPCA”, afirmou. “Isso continua no mesmo ritmo em 2023.

O índice de sinistralidade médica, na visão do Credit, ficou acima do normal para um quarto trimestre, em 92,5%. O número de vidas, por sua vez, sofreu uma adição líquida de 16 mil, o que um banco considerou um crescimento tímido.

Para Otávio Lazcano, a expectativa é de normalização de sinistros e recuperação de glosas médicas, os valores não repassados por operadoras de saúde. No 4T22 elas cresceram 27,5%, para R$ 330,6 milhões.

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“Por conservadorismo, não reduzimos provisões de glosas. Só  vamos fazer quando fecharmos o período com glosas mais baixas”, afirmou.

“Apesar das limitações na linha das receitas, a companhia conseguiu em conter impactos negativos na rentabilidade”, ressaltaram os analistas do Credit. Eles observam que os custos e despesas cresceram menos que as receitas, graças a esforços de contenção da companhia.

O banco acredita que a Rede D’Or está passando por efeitos naturais do mercado, como diluição do mix e sazonalidade, especialmente para uma companhia que passou por um processo rápido de expansão.

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Os resultados do quarto trimestre vieram abaixo das expectativas do Itaú BBA. A casa já esperava uma redução de volume no período, por conta da sazonalidade, mas avalia que a queda sequencial de 1,3% no preço, excluindo oncologia, foi inesperada. “Chamou a nossa atenção, já que estávamos aguardando uma alta”, afirmaram os analistas.

A equipe do BBA diz ainda que, embora tenha havido alguma desalavancagem operacional, acabou sendo maior do que o esperado pela casa. Os analistas citaram “uma série de custos aumentando como porcentual da receita líquida, o que levou a pressões de rentabilidade um resultado operacional que ficou bastante abaixo do projetado”.

A sinistralidade de SulAmerica cresceu 5,3 pontos percentuais, também acima das expectativas do BBA.

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Raquel Giglio, presidente da área de saúde da SulAmérica, acredita que a sinistralidade em 2023 deve ser menor. Ele explicou que fraudes em pedidos de reembolso na medicina diagnóstica e terapias aumentaram de forma relevante. “As terapias têm sido um vilão”, afirmou.

A Rede D’Or prevê R$ 335 milhões de sinergias com a seguradora.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados