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Em foco após as eleições presidenciais, a Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou na véspera o seu plano estratégico para o período entre 2023 e 2027 trazendo, entre os pontos principais, um aumento do investimento total para US$ 78 bilhões (5 anos), de US$ 68 bilhões no plano anterior, além de fluxo de caixa operacional estimado mais forte com política de dividendos inalterada. A distribuição de dividendos estimada agora soma cerca de US$ 68 bilhões a US$ 80 bilhões (dos quais US$ 20 a US$ 30 bilhões para a União), ou US$ 13,6 bilhões a US$ 16 bilhões por ano (contra US$ 13 bilhões no plano anterior, assumindo um pagamento de 60% do fluxo de caixa operacional reduzido dos investimentos).
Além disso, curva de produção ficou praticamente inalterada, com leve queda em todos os anos relacionados ao desinvestimento da Sépia e Atapu. Como resultado, a previsão de produção total foi reduzida para 2,6 milhões de barris por dia, de 2,7 milhões em 2026, enquanto a estimativa de longo prazo foi reduzida para 3,1 milhões de 3,2 milhões em 2027.
Entre os outros pontos de destaque, esteve oumento do foco na descarbonização e na transição energética. A Petrobras continua fortalecendo suas iniciativas ESG em relação aos planos anteriores. A empresa planeja investir US$ 4,4 bilhões em iniciativas de descarbonização, contra US$ 1,8 bilhão anunciados no plano anterior. A Exxon, por exemplo, planeja investir US$ 12,5 bilhões em iniciativas de descarbonização até 2027. O fundo de descarbonização da Petrobras aumentou de US$ 250 milhões para US$ 600 milhões para atingir as metas de descarbonização em diferentes níveis de escopo.
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Os analistas de mercado avaliam que o plano não trouxe grandes mudanças em relação à toda condução que já tinha feita nos últimos trimestres para a companhia. Contudo, a grande questão é se esse plano de negócios irá durar mesmo os cinco anos projetados pela estatal, levando em conta a expectativa de grandes mudanças para a empresa com o novo governo eleito, o que inclusive suscitou diversas revisões nas estimativas para baixo para a ação da estatal, com projeções de mais investimentos em refinarias, menos dividendos e mudanças nas políticas de preços.
Para o Bradesco BBI, por mais uma vez, o plano de negócios foi principalmente evolutivo, com algum aumento de investimentos em capital (capex) trazido principalmente por variáveis macroeconômicas e novos projetos de transição.
“Infelizmente, com o governo em transição, acreditamos que o mercado dará pouca atenção a esse plano. O próximo plano deve ser muito mais revolucionário, com adições significativas de capex para refinarias, eólica e também novas premissas em termos de paridade de preços e política de dividendos”, avaliam os analistas do banco.
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O Morgan Stanley, que possui recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para os ADRs (recibos de ações da Petrobras negociados nos EUA) da companhia, destacou manter suas estimativas e valuation, uma vez que espera que o novo governo, juntamente com a nova composição de diretores e Conselho de Administração, faça revisões profundas no plano de investimentos.
“Esperamos uma revisão material para cima no capex, especialmente nos últimos anos, com maior foco em downstream (como em refinarias) e em energia renovável. Também esperaríamos uma contração material da política de dividendos. Esperaríamos pelo plano revisado antes de fazer alterações em nossas estimativas”, avalia o banco.
Os analistas esperam que o nível de ruídos no mercado permaneça alto à medida que o novo governo tome posse e comece a compartilhar sua visão e estratégia para as estatais. “Embora comentários e entrevistas recentes da equipe de transição do governo para questões de energia tenham trazido moderação na narrativa da intervenção, acreditamos que dividendos, capex e preços de combustível corram o risco de mudar, potencialmente para pior, o que nos deixa à margem [de investimentos nos ativos] por enquanto”, avalia o banco.
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O Credit Suisse, que antes das eleições rebaixou a recomendação da ação da estatal para equivalente à neutra, destaca que o plano segue as mesmas diretrizes recentes, com foco em ESG e geração de valor em ativos core (principalmente no pré-sal). Em relação ao plano do ano passado, o capex aumentou U$ 10 bilhões, ou U$ 2 bilhões por ano, mas isso não muda a capacidade da Petrobras de fornecer retornos substanciais aos acionistas, avaliam os analistas do banco suíço.
Os dividendos para os próximos cinco anos são projetados em cerca de US$ 80 bilhões (com a média do petróleo a US$ 75 o barril), equivalente a cerca de 110% do valor de mercado atual da Petrobras, apontam os analistas.
“O valuation da Petrobras continua atrativo, ainda mais se os preços do petróleo permanecerem em níveis elevados de US$ 90 o barril por mais tempo, que levam os yields (dividendo em relação ao preço da ação) para patamares acima de 30%.
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Mas os analistas também avaliam que, apesar de ser um plano de 5 anos, existe o risco de que ele não fique em vigor por tanto tempo, visto que os membros da equipe de transição do governo eleito estão querendo reduzir dividendos e aumentar os investimentos (principalmente em refinarias e renováveis).
Desse modo, embora aponte que a empresa fez uma excelente restruturação empresarial nos últimos anos, a equipe de análise destaca estar menos confiante com o futuro, principalmente em relação à alocação de capital. Neste contexto, acredita que o aumento na percepção de risco continuará a pesar sobre o papel. “Esperamos alta volatilidade nos próximos meses, portanto preferimos esperar uma maior margem de segurança antes de adicionar exposição ao case”, avaliam os analistas.
O Credit lembra ainda as estimativas do quanto a empresa pode contribuir para a sociedade por meio de pagamentos de impostos e de dividendos para a União.
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Os pagamentos de impostos são esperados em U$ 200 bilhões e a parcela de dividendos do governo adiciona outros U$ 30 bilhões. Isso representa um total geral de U$ 230 bilhões devolvidos à sociedade, mais de 4 vezes os dividendos que serão pagos aos acionistas minoritários no mesmo período (cerca de US$ 50 bilhões).
“Desde 2016, a Petrobras contribuiu com cerca de R$ 1,2 trilhão em impostos para a sociedade brasileira. Para colocar isso em perspectiva, esse valor seria suficiente para financiar o programa Auxílio Brasil por quase 3 décadas. De fato, o valor que os governos receberam da Petrobras é sete vezes maior o dos dividendos recebidos pelos acionistas minoritários no mesmo período”, avalia.