JSL (JSLG3) e Arezzo (ARZZ3) avançam em suas estratégias e ações fecham em alta após anúncios de aquisições

JSL comprou a IC Transportes por R$ 338 milhões, enquanto Arezzo adquiriu fatia na empresa italiana Paris Texas por 25 milhões de euros

Lara Rizério

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Duas operações de aquisições geraram reação positiva no mercado na sessão desta sexta-feira (3), ainda que em proporções diferentes.

As ações da JSL (JSLG3), empresa de logística do grupo Simpar (SIMH3), subiram 5,01%, a R$ 6,92, após a companhia anunciar a aquisição da IC Transportes, sua sétima compra de empresa desde a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), em meados de 2020. O negócio reforça a tese vendida ao mercado de consolidação da liderança no segmento.

A companhia da família Simões vai desembolsar R$ 338 milhões pelo equity value (valor de mercado menos dívidas) da companhia, que foi avaliada em R$ 587 milhões. Foi o maior M&A feito pela JSL. A IC, que tem cerca de 1,7 mil funcionários, seguirá como uma empresa à parte da JSL e sob comando, Ivan Luis Camargo, filho do fundador.

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Já a Arezzo (ARZZ3) teve ganhos de 2,05%, a R$ 74,22, após anunciar que a sua subsidiária ARZZ Itália firmou acordo com a Baltimora Studio e seus sócios fundadores para aquisição de participação na empresa italiana de calçados femininos de luxo Paris Texas por 25 milhões de euros.

Essa é a primeira aquisição da Arezzo fora do Brasil e representa, segundo a empresa, um passo importante na estratégia de desenvolvimento de sua plataforma global de calçados de luxo, ao lado da marca Alexandre Birman.

Aquisições estratégicas

No caso da JSL, a Eleven Financial apontou que a aquisição adicionaria cerca de R$ 1,7 bilhão à receita bruta pro-forma da JSL de 2022, ou cerca de 24% da receita pré transação. No ano passado, segundo dados ainda não auditados, a IC apresentou uma receita líquida de R$ 1,4 bilhão (+51% versus 2021), e se mantida a margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) obtida no 2T22 de 9,5%, resultaria em um Ebitda de R$ 133 milhões no ano.

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Além disso, a transação foi avaliada em R$ 587 milhões (EV), refletindo um múltiplo de aquisição de cerca de 4,4 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda, abaixo do múltiplo de negociação da JSL, de 5,3 vezes.

“A nova adição ao portfólio traz grande potencial de crescimento orgânico através de ganhos de escala e do incremento da participação da JSL em segmentos de receitas resilientes e que são fundamentais à economia real. Além disso, existem potenciais sinergias de custos como já comprovado nas aquisições anteriores”, avaliam os analistas.

A IC apresentou crescimento acelerado entre 2019 e 2022, registrando uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 28%, em um mercado ainda fragmentado que tem espaço para novas aquisições.

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Assim, os analistas reforçam a visão positiva para a tese de JSL baseada no plano estratégico de longo prazo de consolidação do mercado de logística no Brasil tanto pelo crescimento orgânico (reportado em 25% para 2022 vs. 2021) quanto através de aquisições, mantendo a liderança no transporte rodoviário de cargas. A recomendação é de compra do papel, ao preço-alvo de R$ 12, sugerindo um upside de cerca de 82,1% frente o fechamento da véspera.

O Bradesco BBI também tem uma visão positiva para o negócio e reiterou recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação, com preço-alvo de R$ 11 (ou upside de 67%).

Os analistas estimam um impacto positivo de R$ 0,30 por ação JSLG3. “Vemos o negócio como positivo para a JSL, pois está em linha com a estratégia de M&A da companhia de adquirir empresas fortes e consolidadas em seus respectivos segmentos, que tragam expertise para a JSL sem a necessidade de grandes esforços de integração”, aponta.

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Com este acordo, a JSL atinge R$ 8,8 bilhões em receita bruta pró-forma, tornando sua meta de receita bruta de R$ 10,8 bilhões para 2025 ainda mais viável, avalia.

Arezzo avança na sua estratégia de internacionalização

Já no caso da Arezzo, a XP destaca que a aquisição está alinhada à estratégia de internacionalização da companhia, com notícias indicando que há mais por vir.

Ao InfoMoney, Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co,  afirmou que os M&As fazem parte da estratégia de crescimento da empresa e que novos negócios seguem no radar. Estamos estudando e avaliando novas aquisições, inclusive de fábricas. Sempre mirando deals pequenos, mas com grande potencial, marcas que sejam objeto de desejo”. 

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Na avaliação da XP, a aquisição marca a estreia no mercado europeu através de uma empresa que conta com um produto forte (botas Texas), fundadores talentosos e engajados e know-how do mercado de calçados europeu. A empresa também tem exposição aos EUA (10% das vendas), que deve ser alavancada pela operação da Arezzo nos Estados Unidos.

Por outro lado, os analistas avaliam que, apesar da transação agregar valor do ponto de vista de valuation e ser bem-vinda do ponto de vista de diversificação geográfica, os resultados de curto prazo podem ser ligeiramente impactados por investimentos mais altos em moeda forte para fomentar o crescimento das vendas. Os analistas mantêm recomendação de compra e preço alvo de R$ 100 por ação.

O JPMorgan também celebrou a transação porque (1) fortalece a base internacional da Arezzo, particularmente no segmento de luxo/luxo acessível, que tende a ser mais resiliente do que o posicionamento premium principal; (2) é provável que haja algumas sinergias de distribuição, particularmente com a marca Alexander Birman; e (3) a empresa começa a se posicionar como uma potencial grande empresa global de calçados, enquanto a Paris Texas poderia desfrutar de sinergias de abastecimento com a estrutura de fabricação da Arezzo. Porém, por conta do valuation, os analistas mantêm recomendação neutra para as ações.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.