Irani (RANI3) vê lucro cair 2,1% no 3º trimestre, mas aponta indicadores ‘consistentes’

Fabricante de embalagens de papelão registrou crescimento dos custos na ordem de 20%, o que impediu um avanço do resultado líquido no período

Rikardy Tooge

Fábrica da Irani em Indaiatuba (SP)
Fábrica da Irani em Indaiatuba (SP)

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A fabricante de celulose e embalagens de papel Irani (RANI3) reportou nesta segunda-feira (31) lucro líquido de R$ 95,5 milhões no terceiro trimestre do ano, com queda de 2,1% em relação a igual período do ano passado.

Apesar da baixa, a avaliação da empresa é de que o resultado da companhia segue consistente. Para Odivan Cargnin, diretor financeiro da Irani, a conjuntura econômica se deteriorou muito do terceiro trimestre de 2021 para o atual, tornando a base de comparação mais difícil.

“No ano passado, nossos custos eram muito menores, em função dos juros e inflação estarem em patamares mais baixos”, afirma Cargnin, em entrevista ao InfoMoney.

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Sob este aspecto, a Irani viu sua margem apertar e seus custos dispararem. As despesas operacionais subiram 23,7% no terceiro trimestre, para R$ 36,6 milhões muito por conta das altas do frete no período. Os gastos administrativos avançaram 26,3% na comparação com o terceiro trimestre de 2021, a R$ 23,3 milhões, pressionados pela inflação.

Na outra ponta, a receita líquida avançou 2,1% no comparativo anual, para R$ 441,4 milhões, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 137,4 milhões, o que representa uma queda de 5,1%. A margem Ebitda caiu 2,7 pontos percentuais, para 31,1%, enquanto a margem líquida subiu 1,9 ponto, para 21,6%.

“O importante é apontar que que existia uma dúvida no mercado se nossos bons resultados de 2021 se manteriam para 2022, e estamos conseguindo entregar”, acrescenta o executivo.

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Consistência em 12 meses

Cargnin reforça que, a despeito dos indicadores trimestrais mais fracos, o resultado de janeiro a setembro e o de 12 meses são muito sólidos. Nos nove meses de 2022, o lucro líquido cresceu 31,7% na comparação com o ano passado, chegando a R$ 292,3 milhões. Já no período de 12 meses, o resultado foi 39% maior, alcançando R$ 355,6 milhões. “São poucas empresas com números tão consistentes”, justifica.

O executivo destaca que a empresa segue firme em seu plano de investimentos para o projeto Gaia, que visa expandir a capacidade de produção de papelão ondulado, responsável por 59% do faturamento da companhia, nos próximos anos. Ao todo, a Irani irá investir R$ 1 bilhão na iniciativa – cerca de R$ 613 milhões já foram aplicados.

Com isso, a Irani viu sua alavancagem financeira (indicador que leva em conta a dívida líquida pela geração de caixa) subir de 0,64 vez Ebitda em setembro de 2021 para 1,18 vez neste trimestre. Vale destacar, no entanto, que a alavancagem está bem abaixo do limite imposto pela companhia, de 2,5 vezes Ebitda.

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“Nosso caixa está seguro e boa parte dos investimentos está em andamento. Quem comprar nossa ação agora, irá contratar um crescimento [vindo do projeto Gaia] que ainda não foi precificado”, avalia Odivan Cargnin.

Emissão de CRA

Um reforço para o caixa foi a emissão de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), lastreada em debêntures da companhia, que levantou R$ 720 milhões em outubro. O recurso, que será contabilizado apenas no próximo balanço, será destinado à operação florestal da Irani.

O executivo chama a atenção da forte adesão de pessoas físicas ao título, que compraram 80% da emissão.

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RANI3 na Bolsa

Novata na Bolsa brasileira, a Irani é um dos papéis que os investidores pessoa física da B3 estão de olho. Com pouco mais de dois anos de capital aberto, atraiu 47 mil investidores para sua base – nível próximo a algumas favoritas da Bolsa, como Localiza (RENT3), com 65 mil, Minerva (BEEF3), com 64 mil e SLC Agrícola (SLCE3), com 45 mil.

A tese de investimentos da companhia se baseia na sustentabilidade que as embalagens de papelão possuem em relação ao plástico. Atualmente as embalagens de papel detêm um terço do mercado brasileiro de embalagens, enquanto o plástico é responsável por outro terço. A aposta é que a substituição do plástico por papelão possa ser uma grande alavanca de crescimento para os próximos anos.

Outro ponto visto por gestores é que a Irani trabalha um valor agregado que outras empresas do segmento de papel não atuam, já que as caixas de embalagens vendidas pela Irani são personalizadas. Os principais clientes são do setor de delivery e e-commerce, que hoje são afetados pela alta de juros. “Apesar disso, nosso ritmo de vendas segue muito parecido com o do ano passado”, destaca Cargnin.

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Com esse diferencial e uma tese de investimentos focada em sustentabilidade, a empresa admite que vem tentando se comunicar mais com os investidores do varejo para aumentar a base de investidores.

No ano, os papéis RANI3 subiram 39,6%, cotados a R$ 8,90, abaixo da máxima histórica de R$ 9,46 neste ano, porém bem acima do valor de IPO, que foi de R$ 4,50.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br