Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3) e mais: quais resultados de educacionais podem se destacar no 1º tri?

Analistas avaliam que ainda não será virada para setor e alavancagem seguirá como ponto-chave, mas apontam quem deve sair ganhando no período

Lara Rizério

(Getty Images)
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A temporada de resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23) para as empresas de educação tem início nesta terça-feira (9) com a divulgação dos números da Yduqs (YDUQ3) e expectativa para as companhias, tanto por conta das tendências para as empresas em si quanto pelos possíveis anúncios do governo para o setor, principalmente sobre o FIES.

Os analistas da XP esperam que as empresas de educação entreguem resultados mistos no 1T23. Os números de captação não devem apresentar uma direção clara para as empresas de cobertura da casa, com algumas podendo apresentar altas taxas de crescimento, enquanto outras podem mostrar desempenhos negativos, avaliam os analistas.

“Os tickets médios podem ser um ponto positivo, dado que as empresas parecem não estar mais dispostas a garantir altas captações às custas de preços menos sustentáveis. Por fim, a alavancagem deve continuar sendo um ponto de atenção importante para essas empresas, com as despesas financeiras pressionando os resultados de forma geral”, avaliam os analistas da casa, que esperam que a Cruzeiro do Sul (CSED3) seja o destaque positivo desta temporada de resultados entre as empresas da sua cobertura.

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O Bradesco BBI projeta que, dentre as empresas de sua cobertura, Yduqs (YDUQ3) seja o destaque positivo e Ânima (ANIM3) o negativo.

O BTG Pactual projeta que o período mostrará novamente a mesma dinâmica de resultados fracos, com a desaceleração da captação do EAD (embora ainda crescendo em termos anuais), volumes presencias fracos e dinâmica de precificação fraca (abaixo da inflação para a maioria das empresas no presencial e no segmento EAD).

“Portanto, prevemos resultados apenas razoáveis. Ainda vemos baixo crescimento orgânico da receita líquida para os nomes mais líquidos e balanços altamente alavancados das companhias”, avaliam.

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A captação nos cursos presenciais seguirá fraca e a captação do EAD continua a crescer (embora em um ritmo mais lento), aponta. “Prevemos uma temporada de captação sem intercorrências para o segmento presencial, com crescimento de um dígito. A Cruzeiro do Sul deve superar, com crescimento de dois dígitos, enquanto a Yduqs deve ter um desempenho inferior aos pares (redução de 15% ao ano)”, segundo o BTG. No ensino a distância (EAD), vê crescimento de captação de dois dígitos (ao ano) para a maioria das empresas, embora com desaceleração versus ciclos de admissão anteriores. A Cogna (COGN3) deve ter um desempenho inferior (+5% ao ano) entre as ações de sua cobertura.

“Ainda não estamos otimistas com o setor de educação. Não esperamos uma recuperação em formato de V para o setor de educação neste ano, o que acaba nos impedindo de sermos mais otimistas. No geral, as ações de educação devem continuar ultracorrelacionadas com o fluxo de notícias sobre os incentivos do governo, incluindo mudanças na regulamentação dos cursos de medicina e mais detalhes sobre o novo programa FIES (que não incorporamos em nossas estimativas)”, afirmam. Os balanços alavancados das empresas de educação listadas também devem continuar sendo um grande desafio, evitando que o banco seja otimista no setor.

O Itaú BBA espera no geral bons volumes de captação de alunos para as empresas de ensino superior no segmento presencial, enquanto os cursos digitais devem mostrar mais um forte desempenho de captação.

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“Em termos das mensalidades dos cursos superiores, esperamos que as empresas consigam reajustar os preços no segmento presencial, especialmente nos cursos premium. Já no setor de ensino à distância, no entanto, devemos continuar vendo preços pressionados devido ao cenário competitivo desafiador”, aponta. A maioria das empresas de ensino superior possui um alto índice de alavancagem; assim, os analistas acreditam que os investidores estarão ansiosos por quaisquer sinais de desalavancagem financeira e vão monitorar de perto a dinâmica de geração de caixa.

Confira as análises por empresa:

Cogna (COGN3)

Os analistas da XP esperam que a Cogna apresente resultados neutros no 1T23, com a receita da Kroton crescendo 11% na base anual, impulsionada por cursos de baixa presencialidade, enquanto a margem Ebitda (Ebitda= lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) ajustada pode ficar estável, com maior impacto de despesas.

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A XP espera que a Vasta apresente um aumento de 6% ano a ano da receita – em linha com o seu guidance – embora com uma queda de 4 pontos percentuais (p.p.) na base anual da margem Ebitda ajustada, pressionada por provisões e despesas com marketing. A Saber deve continuar a apresentar resultados sem destaques devido ao ciclo do PNLD. O lucro líquido deve continuar sendo impactado pelo resultado financeiro líquido (47% do Ebitda ajustado no 1T23).

Já para o Bradesco BBI, a receita líquida deve apresentar expansão, de 10% no comparativo anual, mas com ajustes. A margem Ebitda, para o banco, deverá ser estável (-0,6 ponto percentual, para 33,5%) e lucro líquido ajustado negativo em R$ 16 milhões (excluindo reversão de contingências).

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A Kroton deve registrar bons números de receita em 10% e uma margem Ebitda de 1 ponto percentual, para 35%, com menores provisões para devedores duvidosos.

Para o BTG Pactual, apesar do crescimento decente da receita, as margens devem decepcionar. Os resultados do primeiro trimestre devem ser marcados por uma expansão decente da receita líquida, queda da margem Ebitda ao ano (prejudicada pela Saber e Vasta) e Lucro Por Ação (LPA) sob pressão.

O Itaú BBA vê, para a Kroton, crescimento anual de um dígito no volume de entrada, impulsionado principalmente pelo segmento de Baixa Presença no Local (LOA). No entanto, a receita de captação provavelmente apresentará um crescimento anual de um dígito baixo devido à maior participação do segmento LOA, que possui ingressos mais baixos, no mix.

A rentabilidade da Kroton provavelmente melhorará significativamente em relação ao ano anterior, impulsionada principalmente pela maior alavancagem operacional como resultado do crescimento do segmento LOA. A melhor rentabilidade da Kroton provavelmente será ofuscada por menores margens da Vasta, levando a Cogna a reportar uma margem Ebitda recorrente anual estável de 34,2%, afirma.

Yduqs (YDUQ3)

A XP espera que a Yduqs entregue resultados ligeiramente positivos. A receita líquida pode aumentar ano a ano com (i) uma abordagem mais sustentável em relação a preços do setor em geral, (ii) algum efeito positivo do ciclo de captações do 1T23 e (iii) bons números da vertical de ensino premium. A margem Ebitda ajustada pode se beneficiar de uma maior participação dos segmentos digital e premium – que possuem maiores margens operacionais – no mix consolidado. O lucro líquido, em R$ 105 milhões, ainda deve sofrer com as altas despesas financeiras líquidas (38% do Ebitda ajustado no 1T23).

O Bradesco BBI também espera resultados positivos no 1T23 devido ao bom crescimento do Ebitda de 13% no comparativo anual (seu guidance de 10-20%) e um lucro líquido quase estável (queda de 4% no comparativo anual).

A receita deve crescer modestos 7% em base anual, impulsionada por 19% para o segmento premium (22% para cursos de medicina) e 11% para EAD (presencial, por sua vez, deve cair 2%).

“Esperamos que o ticket médio deva crescer 6-7% para cursos presenciais e EAD devido a uma maior penetração do empréstimo estudantil juntamente com um aumento nas mensalidades para calouros e alunos existentes. Seu crescimento de ticket combinado com ganhos de eficiência em custos de pessoal e menor provisão para devedores duvidosos deve impulsionar a margem Ebitda para expandir 2 p.p. no comparativo anual, para 35,5%”, avaliam os analistas do BBI.

O BTG Pactual espera trimestre sólido, com expansão da margem Ebitda e LPA. A receita líquida deve crescer 5%, para R$ 1,25 bilhão, impulsionada principalmente pelo aumento de 12% na captação de EAD, parcialmente compensado por um
declínio anual de dois dígitos nas captações nos cursos presencias. A dinâmica de preços deve melhorar ligeiramente, com o ticket médio crescendo em um dígito no EAD e no presencial.

“Nós assim esperamos 15% de expansão do Ebitda ajustado ano a ano, para R$ 461 milhões (em linha com o guidance), principalmente auxiliado por melhores PDAs, despesas com vendas e menor CPV”, afirma. O banco projeta lucro líquido ajustado em alta de 12% ao ano, para R$108 milhões. “Continuamos neutros devido a um cenário ainda difícil do setor”, afirma.

O Itaú BBA espera que a companhia cumpra a orientação de admissão anunciada nos resultados do quarto trimestre. Os segmentos premium e de aprendizado digital provavelmente fornecerão um volume anual de crescimento de dois dígitos, enquanto o segmento presencial deve registrar um desempenho mais fraco com volumes menores em base anual. “Devemos ver um crescimento anual de um dígito no ticket médio em todas as verticais”, avalia.

Ânima (ANIM3)

Os analistas esperam resultados fracos para a Ânima no 1T23. A XP aponta que a receita líquida pode apresentar um ligeiro aumento ano a ano, com melhorias nas frentes de ensino digital e da Inspirali, enquanto o Ânima Core permanece com um desempenho estável.

Os efeitos dos aumentos salariais e despesas com marketing podem compensar a maior participação de segmentos mais lucrativos no mix de receitas, mantendo a margem estável. A XP projeta um lucro líquido ajustado de R$ 19 milhões, pressionado pelas despesas financeiras líquidas (50% do Ebitda ajustado no 1T23).

O BBI espera queda de 82% no comparativo anual no lucro líquido ajustado (60% ex. IFRS 16) e nenhuma melhora em sua margem Ebitda (ex. IFRS 16).

A receita deve crescer apenas 5% no comparativo anual devido a um desempenho estável em seu principal segmento presencial. Inspirali deve ser o destaque positivo com crescimento de receita de 15% no trimestre. Enquanto isso, sua margem Ebitda ajustada deve cair 1,5 ponto percentual, para 36% nos custos/despesas com pessoal com impacto do reajuste salarial coletivo (em linha com a inflação de aproximadamente 5,5%) no 1T23 (versus impacto salarial no 2T22). No entanto, sua margem EBITDA ex. IFRS 16 deve ficar estável em relação ao ano anterior devido a uma queda nos custos de aluguel.

O BTG Pactual também vê números fracos, projetando que a receita líquida deva crescer 6% ano a ano, para R$ 959 milhões, ajudado principalmente pelo crescimento da Inspirali e uma maior base de alunos EAD (compensada por um ticket médio fraco). As operações principais da Anima (operação presencial) devem ter uma receita estável ao ano, prejudicada por uma base menor de alunos e fraca captação (+3%), apesar de uma precificação ligeiramente melhor.

O BBA aponta que, embora os volumes de captação provavelmente aumentem em base anual em seu principal negócio, espera uma contração na base de alunos no período. Em relação ao ticket (preço) médio, a empresa provavelmente foi capaz de reajustar os preços de acordo com a inflação para cursos presenciais, mas uma parcela maior de os cursos híbridos no mix provavelmente levarão a um crescimento anual mais lento no ticket médio total da vertical.

“No segmento digital, esperamos crescimento de dois dígitos nos volumes de entrada, enquanto os ingressos provavelmente continuaram estáveis. Para rentabilidade, esperamos maiores despesas de marketing, levando a uma pressão de 1,7 ponto na margem Ebitda ajustada em um ano”, avalia o BBA.

Cruzeiro do Sul (CSED3)

A XP espera que a Cruzeiro do Sul apresente resultados ligeiramente positivos. A receita líquida pode se beneficiar de um ciclo de captações positivo na primeira metade do ano em ambas verticais presencial e digital, combinado com um ligeiro aumento no ticket médio presencial e um ticket médio estável no ensino digital. A margem Ebitda ajustada pode cair na base anual, principalmente devido a aumentos de despesas com pessoal. Os analistas da casa estimam um prejuízo líquido de R$ 21 milhões, pressionado por despesas financeiras líquidas (73% do Ebitda ajustado no 1T23).

O BTG Pactual prevê um primeiro trimestre “decente” em uma base relativa, marcado por expansão da DRE na base anual e margens estáveis. Ajudado pelo crescimento da base de alunos ano a ano e captação sólida (+40% no EAD; +11% no presencial, conforme orientado no quarto trimestre), parcialmente compensado pela fraca dinâmica de preços em ambos os segmentos (no presencial, alunos que iniciaram a faculdade pré-pandemia com os maiores tickets médios agora estão se formando).

A receita líquida deve crescer 9%, para R$ 515 milhões, com Ebitda ajustado de R$ 157 milhões (+10% ano a ano) e margem estável de 30%. Apesar das maiores despesas financeiras (-R$ 84 milhões versus -R$ 78 milhões no 1T22), crescendo menos que a receita líquida, espera um lucro líquido ajustado de R$ 22 milhões (+13% ao ano). Os analistas do BTG reiteram recomendação de compra devido a um valuation atrativo.

O Itaú BBA estima mais um trimestre de resultados operacionais positivos para a Cruzeiro do Sul, impulsionados por boas taxas de renovação e números sólidos de admissão para o ensino presencial e à distância. Os preços de ingresso para o segmento presencial provavelmente seguirão a tendência positiva observada no segundo semestre de 2022, enquanto esperam que a passagem na vertical EAD esteja sob pressão do cenário competitivo mais acirrado.

Ser Educacional (SEER3)

A XP projeta que a Ser Educacional apresente resultados negativos, com receita crescendo 12% ano a ano devido a (i) aquisição da FAEL, concluída no 1T22, (ii) aumentos de preços no segmento presencial e (iii) ajustes na política de descontos. Por outro lado, projeta um impacto negativo de um ambiente ainda muito competitivo no mercado de educação digital. A margem Ebitda ajustada pode ser impactada por maiores despesas com pessoal e marketing em relação a receita na base anual. Os analistas projetam um prejuízo líquido ajustado de R$ 18 milhões, pressionado por altas despesas financeiras líquidas (Ebitda ajustado de 97% no 1T23).

O BTG Pactual vê fraco crescimento da receita, Ebitda estável na base anual e LPA novamente sob pressão.

“A receita líquida provavelmente crescerá 4% na base anual, para R$ 397 milhões, principalmente devido ao crescimento de um dígito médio na  captação no presencial (com ticket médio crescendo abaixo da inflação) e bcrescimento de dois dígitos em EAD, com uma dinâmica de precificação desafiadora”, afirma.

O Ebitda ajustado (ex-IFRS16) deve chegar a R$ 65 milhões (estáveis na comparação anual), com 16% de margem (-90 pontos-base na base anual) devido a maiores despesas gerais e administrativas. A projeção é de um prejuízo líquido ajustado de R$ 15 milhões (versus prejuízo de R$ 1 milhão no 1T22), também impactado por R$ 56 milhões de despesas financeiras.

O BBA espera volumes de admissão mais fracos para a Ser para os segmentos de ensino presencial e à distância, mais uma vez afetado pelo difícil ambiente macroeconômico. Em termos de ticket (preço) médio, estima que a empresa reajuste os preços no segmento presencial, enquanto a pressão sobre os ingressos continua na vertical EAD. Quanto à rentabilidade, estimamos que os reajustes salariais realizados durante o trimestre levarão a uma leve pressão nas margens, afirmam os analistas.

Outras companhias

O Itaú BBA também apontou outras companhias que divulgarão resultados e são listadas na Nasdaq.

Para a Afya, projetam que o desempenho dos cursos de graduação médica continue sólido, enquanto o segmento de educação continuada também deve registrar números positivos, refletindo o início das operações das unidades lançadas recentemente. “O destaque, mais uma vez, provavelmente será o segmento de serviços digitais, diante do impacto negativo do cenário competitivo mais desafiador para a Medcel”, apontam os analistas.

Para a Arco, no negócio editorial, espera um reconhecimento de ACV (valor anual contratado de soluções pelas escolas) positivo de 23%, no topo da faixa de orientação (21%-23%) fornecida pela empresa no quarto trimestre. “Quanto à rentabilidade, esperamos ver novamente uma contração na margem bruta causada por maiores custos de impressão devido a pressões inflacionárias”, avaliam.

Sobre Vasta, projetam reconhecimento de ACV positivo para o trimestre, em 28,5%. Quanto à rentabilidade, o BBA espera uma contração de margem, impulsionada por maiores custos de impressão, uma vez que os contratos de impressão foram ajustados no primeiro trimestre; e maiores investimentos em marketing, principalmente uma iniciativa para impulsionar as vendas no ciclo comercial de 2024.

Por fim, para a Vitru, conforme antecipado pelos executivos da empresa no quarto trimestre, é provável que seja visto crescimento do volume de estudantes para a empresa combinada, impulsionado principalmente pela vertical Uniasselvi.

Para o ticket médio, o BBA espera que a Uniasselvi consiga reajustar preços por patamares próximos ao IPCA, enquanto a passagem da Unicesumar deve continuar sofrendo com a empresa implementando iniciativas para otimizar a estratégia de preços. Em relação à rentabilidade, embora os analistas projetem maiores gastos com provisão para devedores duvidosos como resultado do cenário macroeconômico desafiador, esse fator deve ser mais do que compensado pela captura de sinergias.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.