Cogna (COGN3): após avanços importantes, o que falta para analistas ficarem mais otimistas com ação?

Cenário macroeconômico desafiador e alavancagem ainda alta são barreiras para maior otimista, apontam analistas após Dia do Investidor da companhia

Lara Rizério

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No fim da semana passada, a Cogna (COGN3) realizou o seu Dia do Investidor, em que traçou os seus projetos após a companhia de educação, dona de marcas como Kroton e Vasta, registrar recuperação nos últimos trimestres, mas ainda ser alvo de cautela por parte dos analistas.

Conforme destacou a XP, os destaques foram: (i) o foco da Kroton no ensino digital, que deve ser uma grande alavanca de crescimento daqui para frente; (ii) a qualidade da base de alunos da Kroton, que deve melhorar após a mudança do foco de receita para a lucratividade; (iii) a Vasta, que parece estar bem posicionada para apresentar um sólido crescimento orgânico nos próximos anos; e (iv) a crença da empresa de que pode reduzir sua alavancagem financeira sem novos aportes de capital.

Entre 2020 e 2022, a Kroton executou com sucesso seu plano de reestruturação, migrando para um modelo asset light com menor CAC (custo de aquisição) por aluno e maior crescimento. Para os próximos anos, o ensino digital pode ser a sua principal fonte de crescimento, sustentada por duas principais alavancas: (i) o amadurecimento dos polos atuais, dado que apenas 40% deles têm mais de 2 anos; e (ii) a abertura de novos polos em cidades menores e em bairros específicos das grandes cidades.

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Outra mudança feita foi mudar o foco de volume para rentabilidade. O PEP (programa de financiamento) foi encerrado e as políticas de renegociação e de matrículas foram alteradas, melhorando o ciclo de recebíveis, PDD e evasões. A empresa espera que essas métricas melhorem ainda mais nos próximos trimestres.

Já no caso da Vasta, ela pode se beneficiar de uma recuperação das matrículas de ensino básico nos próximos anos e espera atingir 26-28% de participação de mercado em seu conteúdo core (de 24,4% atualmente). Além disso, a empresa acredita que pode triplicar a penetração de ensino complementar, atingindo o mesmo número das escolas de currículo básico.

A administração está confiante de que a geração de caixa e a atual posição de caixa no balanço da companhia são suficientes para reduzir a dívida pensando em diante. No entanto, a empresa ainda está aberta a oportunidades para alongar o perfil de sua dívida.

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“No geral, as discussões tiveram um tom positivo, embora acreditemos que incertezas macroeconômicas possam continuar impactando o setor”, aponta a XP, que tem recomendação neutra para COGN3, com preço-alvo de R$ 3,10, ainda um potencial de valorização de 48% em relação ao fechamento de sexta-feira (9).

Aliás, o cenário macro é a tônica para a cautela contínua dos analistas com a ação. “Nos tornamos relativamente mais positivos com COGN3, devido a uma possível surpresa para com os resultados de 2023 e seu valuation atual e a recente queda das ações (queda de 27% em apenas um mês). De qualquer maneira, no setor, mantemos a nossa preferência por ANIM3, com base em seu valuation ainda mais descontado”, aponta o Bradesco BBI. A recomendação dos analistas é underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 2,70, ainda um upside de 28%.

Para os analistas, a principal mensagem do Cogna Day foi a confirmação da administração da orientação de 2024 (definida em 2020) – o que é positivo, pois é daqui a apenas dois anos, e seria alcançado em um cenário econômico desafiador.

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As perspectivas de lucro da empresa são, portanto, positivas, com o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) previsto para atingir R$ 2,4 bilhões em 2024 (contra projeção do Bradesco BBI em R$ 1,94 bilhão), de R$ 1,4 bilhão em 2022, com conversão de caixa semelhante (quase R$ 550 milhões em geração operacional de caixa em 2022 para R$ 1 bilhão em 2024, contra R$ 0,9 bilhão projetado pelo BBI). Essa orientação não assume grandes contribuições de: (i) recebíveis de empréstimos estudantis (R$ 1 bilhão no 3T22); (ii) novos negócios; e (iii) um potencial impulso do programa FIES.

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A estratégia da Cogna para reverter a queda na receita e voltar a crescer

Segundo a Genial Investimentos, o evento não trouxe muitos dados novos. Contudo, a gestão passou um tom confiante com o futuro. “A companhia vem ‘performando’ de forma interessante o ano de 2022, com bons avanços operacionais. Seguimos acompanhando os principais desdobramentos sobre a tese com o pensamento de que o pior já passou. Contudo, o cenário macroeconômico ainda nos traz um tom cauteloso para os papéis do setor”, avalia a casa, que tem recomendação de manutenção para os ativos, com preço-alvo de R$ 2,90, ainda um potencial de alta de 38% frente o último fechamento.

Na mesma linha, o Itaú BBA tem recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra), com preço-alvo de R$ 3 para 2023, ou um upside de 43%. Durante o evento, a gestão discutiu os resultados da reestruturação da Kroton, perspectivas de crescimento para os próximos anos e as iniciativas para reduzir a alavancagem.

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Já o Bank of America tem recomendação underperform, com preço-alvo de R$ 2,60 (upside de 24%) para os ativos. Os analistas apontam que precisam se sentir mais confortáveis em relação à desalavancagem.

“A Cogna destacou sua crescente geração de caixa como chave para suportar a amortização da dívida nos próximos anos. Embora reconheçamos as melhorias históricas e vejamos valor na nova abordagem, mantemos nossa visão conservadora em relação ao processo, pois a agenda de amortizações ainda é apertada e pode precisar de um movimento de gerenciamento de passivos que pode resultar em custo de dívida mais alto”, avalia o banco.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.