Bancos, estatais, saúde e educação: os setores da Bolsa que podem ser beneficiados pelo pacote da Fazenda

Medidas devem trazer alívio para empresas com maior endividamento

Mitchel Diniz

Imagem mostra notas de R$ 50 (Rmcarvalho/Getty Images)
Imagem mostra notas de R$ 50 (Rmcarvalho/Getty Images)

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Analistas avaliam quais setores da Bolsa devem ser impactados pelo conjunto de 13 medidas anunciadas hoje pelo Ministério da Fazenda, com objetivo de estimular crédito e ampliar parcerias público-privada (PPP). De acordo com as primeiras impressões, bancos, estatais, empresas do setor de saúde e educação estão entre os grupos que podem vir a se beneficiar com o pacote.

Entre as medidas, estão as que envolvem simplificação e desburocratização do crédito, acesso a dados fiscais, autorização para criação do real digital, aprimoramento de regimes de resolução bancária, e alteração na atual regulamentação da Lei do Superendividamento.

“A nosso ver, o Ministério da Fazenda identificou temas específicos que podem não apenas destravar a originação de crédito, desburocratizando o mercado de capitais, que se agravou no 1T23, mas também tentará reduzir os spreads por meio de melhor acesso a dados, maiores qualidades das garantias e maior competitividade”, aponta o Bradesco BBI.

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Para o Itaú BBA, as medidas devem trazer alívio para empresas com maior endividamento, com as companhias podendo ganhar tempo para que elas possam fazer a gestão de seus passivos de forma adequada. “Provavelmente significará melhor acesso ao crédito, juros mais baratos e condições mais fáceis de renegociação de dívidas”.

Pedro Canto, analista da CM Capital, diz que além da ampliação do crédito, outros benefícios são a redução dos custos operacionais, da inadimplência e de taxas de juros do crédito final ao consumidor.

“Estas medidas, naturalmente, beneficiam o setor bancário. Com uma menor inadimplência, os bancos precisam destinar uma parcela menor para provisões, o que melhora o seu balanço e aumenta o seu lucro líquido”, afirma Canto.

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Segundo ele, o mercado de crédito menos restritivo tem potencial para aumentar a parcela de consumo do PIB. No entanto, o analista lembra que o setor de consumo e varejo na Bolsa ainda está sofrendo com a volatilidade da curva de juros e inspira cautela.

Mara Limonge, diretora de relações com empresas da Apimec Brasil, diz que o pacote por si só não é capaz de mitigar os riscos do setor, bastante exposto ao cenário macroeconômico de juros altos.

Ela explica que o pacote do governo pode ajudar a trazer o crédito de volta para o caixa das empresas, principalmente por meio de fundos que sofreram resgates volumosos desde o começo do ano. “Pode ajudar com mais crédito, que vai ser alocado em setor de menor risco”, diz Mara, sobre a tendência desse capital ir para setores mais seguros.

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Emissão de debêntures com isenção de IR

Os agentes do mercado avaliam que isentar de Imposto de Renda (IR) as emissões de debêntures para investimentos nos setores de educação, saúde e segurança pública é positivo para destravar valor nestas áreas.

Atualmente, a isenção já existe em emissões para financiar projetos de geração e transmissão de energia, construção de rodovias, ferrovias e saneamento básico. Assim, estes novos setores abordados podem ser amplamente beneficiados.

“Em Bolsa, os setores educacional e de saúde foram muito castigados recentemente e podem ter dias melhores com as medidas”, diz Canto.

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Mara Limonge explica que tanto as empresas de saúde quanto as de educação tiveram grande economia operacional ao longo do pandemia, mas tiveram que encarar a volta dessas despesas em nível ainda mais elevado, em um momento no qual o crédito ficou mais escasso.

“Permitir que as empresas acessem uma debenture incentivada é excelente, elas vão precisar acessar mercado e, por serem listadas, já têm estrutura para essas emissões”, afirma.

De acordo com o analistas, as novas medidas também reduzem a percepção de risco e tornam os projetos mais atrativos, pois diminuem o custo de capital e melhoram sua viabilidade econômica.

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Minoritários mais protegidos

O governo deve apresentar um projeto de lei para dar mais proteção aos acionistas minoritários das empresas. A ideia é que o mecanismo crie mais condições para que esses investidores acionem a Justiça em casos no qual o controlador causa prejuízo ao negócio. O governo entende que ao dar proteção adequada ao minoritário vai atrair mais financiamento para o mercado de capitais.

Para os analistas, essa medida tem potencial positivo para empresas estatais.

“Com regras mais rigorosas contra a ingerência política, boa parte do risco do controlador que paira sobre Petrobras (PETR3;PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) pode ser mitigado, beneficiando a performance das ações e melhorando o seu valuation“, afirma Canto, da CM Capital. Isso em um contexto de maior temor recente do mercado com eventuais mudanças na Lei das Estatais.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados