Banco brasileiro tem rating rebaixado para “junk” e S&P avisa: novos cortes podem vir

Vale lembrar que no fim de 2013 o banco foi vendido para o China Construction Bank (CCB) por R$ 1,62 bilhão

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou o rating do BicBanco (BICB4) de “BBB-” para “BB”, classificação considerada “junk”, ressaltando que novos cortes na nota poderão ocorrer. A agência tem uma avaliação “fraca” do banco e ressalta que as baixas devem ser bem maiores do que a de seus pares.

Segundo a S&P, o BicBanco “vem enfrentando perdas líquidas substanciais, empréstimos problemáticos muito superiores aos da média da indústria e enfraquecimento na sua capitalização”. “Revisamos a posição de risco do banco, de ‘adequada’ para ‘fraca’, dados os seus elevados empréstimos problemáticos. Por consequência, rebaixamos os ratings de crédito de contraparte de longo e curto prazos do banco na escala global de ‘BBB-/A-3’ para ‘BB/B’ e os de longo prazo na Escala Nacional Brasil de ‘brAA+’ para ‘brA+’”.

Vale lembrar que no fim de 2013 o banco foi vendido para o China Construction Bank (CCB) por R$ 1,62 bilhão, anunciando também que seria realizada uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para a retirada da companhia da Bolsa. Desde então, a volatilidade dos papéis BICB4 caiu forte. 

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O CCB Holding propôs aos acionistas duas opções de pagamento: 1ª) pagamento à vista de R$ 6,6763 por ação, atualizada com a variação média diária da Selic, e o mesmo direito de receber pagamentos adicionais nos mesmos montantes que vierem a ser pagos aos vendedores; 2ª) um único pagamento à vista de R$ 7,30 por ação, atualizado de acordo com a variação média diária da Selic. No mês passado, o CCB Brazil informou o ajuste nas condições de pagamento da opção I na OPA, para R$ 8,3213 por ação.

Em maio, os chineses do CCB passaram a tentar um acordo com os antigos controladores e com os acionistas minoritários para reduzir o valor final da transação em R$ 288 milhões, segundo informações da Folha de S. Paulo. A diferença entre os valores foi apurada após os trabalhos de uma auditoria contratada pelo próprio CCB com o objetivo de estimar possíveis perdas na Justiça com ações cíveis e trabalhistas, além da constituição de provisões e de baixas contábeis devido a calotes.

Desde que assumiram o comando, no segundo semestre de 2014, os chineses fizeram provisões de R$ 2,3 bilhões para calotes. Essas provisões derrubaram o resultado do banco, que teve prejuízo de R$ 735 milhões no ano passado. As operações de crédito recuaram 7,7% no período –de R$ 10.591 bilhões para R$ 9,775 bilhões.

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Ainda em 2014, o Ministério Público encaminhou uma denúncia contra nove executivos do BicBanco, acusados de maquiagem de balanço, gestão temerária e indução ao erro de investidores. Os executivos teriam deixado de constituir provisão para calotes no valor de R$ 611 milhões em abril de 2011. O caso foi investigado pelo Banco Central, que pediu providências e decidiu multar os dirigentes do banco.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.