Aura Minerals conclui compra de mineradora australiana e assume projeto de exploração no RN

Segundo CEO, aquisição é importante passo para colocar empresa entre os maiores "players" do mercado

Mitchel Diniz

Aura Minerals (Divulgação/Aura Minerals)
Aura Minerals (Divulgação/Aura Minerals)

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A Aura Minerals (AURA33) concluiu nesta quarta-feira (21) a aquisição do controle acionário da australiana Big River Gold. A mineradora canadense, com operações na América Latina, pagou US$ 51,6 milhões à vista por 80% da companhia. Os outros 20% ficam com a Dundee Resources, desenvolvedora de projetos do Canadá. A Big River é dona do projeto Borborema, de exploração de ouro a céu aberto, no Rio Grande do Norte. Ao assumir o controle da empresa, a Aura Minerals tem chances de elevar sua produção ao nível dos grandes players do mercado.

“Não sabemos ainda se Borborema vai fazer a gente passar das 500 mil onças [por ano]. Estamos fazendo estudos para saber qual é a sua  produção. Sabemos que vai superar os 400 mil, mas queremos estar entre 500 mil e 1 milhão de onças”, afirmou Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals, ao InfoMoney.

O ganho de escala vai permitir que a Aura acesse recursos de grandes fundos de investimentos e investidores internacionais. A produção anual superior a 500 mil onças é um número chave. De acordo com a Aura, mineradoras nesse patamar também costumam ser negociadas por múltiplos maiores no mercado de ações. Novas operações de fusões e aquisições (M&A) seguem na estratégia da companhia.

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Aura Minerals vai decidir qual projeto começar primeiro

Borborema é um projeto greenfield, assim como dois outros que já faziam parte do portfólio da Aura Minerals no Brasil: Almas, no Tocantins, e Matupá, no Mato Grosso. “Com esses dois, a gente sabia muito bem como chegar nas  400 mil onças”, explicou Barbosa. O projeto Almas começou a ser construído no final do ano passado e já tem mais de 60% das obras concluídas, segundo o CEO. A previsão é que a produção no local tenha início a partir do ano que vem. Almas deve produzir, em média, 51 mil onças de ouro por ano.

A dúvida da companhia no momento está entre dar início à construção de Matupá ou de Borborema. “Temos condições financeiras, uma situação de balanço robusta e uma forte geração de caixa que nos permitiria desenvolver os três projetos ao mesmo tempo se assim quiséssemos”, explica Barbosa. Mas o CEO afirma que a empresa quer desenvolver cada um deles em separado. “É uma obsessão nossa a excelência na gestão. Começar dois projetos ao mesmo tempo desfocaria o time.”

Borborema já possui as licenças ambientais para que sua construção seja iniciada, mas Matupá já está na fase final de obtenção dos licenciamentos. De qualquer forma, a diferença de tempo entre o início da construção dos projetos seria de no máximo seis meses, segundo Barbosa.

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“Até a aquisição da Big River, o objetivo era iniciar a construção de Matupá no primeiro semestre do ano que vem. Com Borborema, reavaliamos qual vamos construir primeiro. Até o início de 2023 a gente vai decidir”, afirmou o CEO.

Empresa tem conseguido controlar custos, apesar da inflação alta

Rodrigo Barbosa admite que a Aura Minerals não passou ilesa à escalada da inflação, mas diz que a alta dos custos da empresa ficou abaixo da média do setor. “A obsessão pela gestão e eficiência têm nos permitido combater boa parte da inflação dos custos”, afirma. O orçamento para a construção do projeto Almas segue conforme o previsto inicialmente, em R$ 74 milhões.

Mas a inflação elevada tem impacto sobre outros aspectos do negócio da Aura, inclusive o seu produto final. A expectativa de alta de juros nos Estados Unidos tem pressionado os preços do ouro para baixo. No entanto, Barbosa afirma que o patamar de preço do minério, entre US$ 1.700 e US$ 1.800 a onça, continua interessante.

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“Para o brasileiro, o ouro cai, mas o real desvaloriza e fica a mesma coisa. Por isso fizemos o lançamento [de BDRs] na Bolsa do Brasil, por trazer uma estabilidade interessante à uma carteira diversificada”, disse.

O CEO também se mostrou tranquilo quanto ao resultado das urnas em outubro. Na avaliação de Rodrigo Barbosa, a regulação da mineração está bem consolidada, o que protegeria o setor de grandes mudanças políticas.

“A mineração é um setor importante para o país, independentemente do governo. Ela tem uma regulação forte, que a torna menos vulnerável a atuações tempestivas de algum governo”, concluiu.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados