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(Bloomberg) – A semana em que os títulos da Argentina sofreram um forte movimento de sell-off e o peso foi desvalorizado em quase 20% chegou ao fim com os investidores já se preparando para mais perdas após a vitória do candidato outsider Javier Milei nas primárias presidenciais.
Os títulos de dívida caíram e o peso foi desvalorizado na segunda-feira, depois que Milei ganhou as primárias de uma forma inesperada com cerca de 30% dos votos, com a liquidação continuando ao longo da semana. Os títulos com vencimento em 2030, entre os mais líquidos do país, caíram quase 4 centavos nesta semana, para cerca de 32 centavos de dólar, atingindo a mínima de dois meses na quarta-feira, antes de voltarem a subir.
O governo desvalorizou o peso em 18%, para 350 em relação ao dólar no mercado oficial, levando ao maior declínio semanal desde 2019 e a uma queda da moeda nos mercados paralelos.
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Mas o pior ainda pode estar por vir. O Bank of America vê a taxa de câmbio oficial enfraquecendo para 545 por dólar no final deste ano e depois caindo para 1.193 no final de 2024.
A desvalorização foi uma medida que os economistas disseram ser muito esperada, mas insuficiente para consertar a economia cheia de distorções da Argentina. Além do mais, levou o comércio a aumentar os preços em 20% durante a noite, alimentando a inflação que já está em três dígitos.
Operadores e gestores de recursos também estão se preparando para outra reestruturação da dívida argentina – é a quarta nos últimos 20 anos – e estão procurando pistas sobre se o plano de Milei de acabar com os controles de capital, dolarizar a economia e fechar o banco central realmente funcionará.
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Milei se reuniu virtualmente com autoridades do Fundo Monetário Internacional na sexta-feira para discutir seu plano econômico, que diz ser “muito mais difícil” do que as exigências do credor com sede em Washington.
Ainda assim, estrategistas do Citi, incluindo Donato Guarino e Luis Costa, disseram na segunda-feira em nota que continuam overweight (exposição acima da média) em dívida argentina.
A desvalorização “provavelmente será vista favoravelmente na revisão do FMI deste mês”, enquanto Milei provavelmente suavizará sua posição e tentará “obter algum consenso entre outras forças políticas”, disseram eles.
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O plano de dolarização de Milei replicaria o modelo usado pelo presidente Nayib Bukele em El Salvador, permitindo que pessoas e empresas usem voluntariamente ambas as moedas com “absoluta liberdade”.
Claro, resta saber se o candidato pode manter sua liderança nas pesquisas antes do primeiro turno de votação em 22 de outubro. Milei só liderou os candidatos da oposição mais favoráveis ao mercado por 1,8 ponto percentual na votação de domingo.
“Nossa impressão inicial é que Milei está determinado nesta eleição”, escreveram em nota os analistas da Portfolio Personal Inversiones liderados por Pedro Siaba Serrate. “Parece que ele se apaixonou pela narrativa de que se tornará o próximo presidente”, complementam.
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