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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam com perdas nesta terça-feira (28) em um dia bastante movimentado para o setor de petróleo, com as notÃcias sobre as medidas para compensar a reoneração dos combustÃveis no radar.
No fim da tarde desta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apresentou os detalhes da reoneração dos combustÃveis sinalizada pelo governo federal na véspera e que passará a valer a partir de amanhã.
Em entrevista coletiva na sede da pasta, Haddad disse que a gasolina sofrerá reoneração sobre o preço final de R$ 0,47 por litro e o etanol de R$ 0,02 por litro. Segundo ele, a medida respeita determinação de emenda constitucional que previa diferença de R$ 0,45 na cobrança de tributos sobre os dois produtos em desfavor do combustÃvel fóssil.
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Mais cedo, a Petrobras anunciou que, a partir da próxima quarta-feira (1), o preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras passará de R$ 3,31 para R$ 3,18 por litro, uma redução de R$ 0,13 por litro, ou de 3,93%. Para o diesel A, o preço médio passará de R$ 4,10 para R$ 4,02 por litro, uma redução de R$ 0,08 por litro, ou de 1,95%.
A notÃcia já era esperada pelos analistas de mercado, uma vez que os preços do diesel e da gasolina da Petrobras estão com um prêmio na comparação com as cotações internacionais, uma âgorduraâ na polÃtica de paridade com os valores externos que permitiria uma redução visando compensar o impacto inflacionário da volta dos tributos.
Ao comentar sobre o Preço de Paridade de Importação (PPI), Haddad disse na noite de ontem que tal polÃtica âsignifica que há um colchãoâ que permitiria aumentar ou diminuir o preço dos combustÃveis, e que isso poderia ser utilizado.
Porém, para haver uma compensação completa da reoneração dos impostos sobre combustÃveis, o corte nos preços teria que ser maior, o que manteve uma incerteza no mercado sobre a manutenção da polÃtica de combustÃveis atual da Petrobras e também sua polÃtica de dividendos.Â
Os temores se intensificaram após notÃcia do jornalista Valdo Cruz, do g1, de que, em reunião nesta manhã entre o presidente Lula, ministros e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, discutiu-se, além das alÃquotas da reoneração dos combustÃveis, a distribuição de dividendos da estatal.
Com isso, as ações aceleram as perdas no começo da tarde, baixa esta que continuou durante toda a sessão: as ações PETR3 fecharam com queda de 4,39%, a R$ 28,75, enquanto PETR4 caiu 3,48%, a R$ 25,24.
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A decisão, segundo a coluna, é de que a distribuição de proventos preservará uma parte para investimentos e para que a empresa âcumpra seu objetivo socialâ, evitando repassar os aumentos do petróleo. Não houve anúncio sobre o tema nesta terça.
Cabe ressaltar que analistas também já monitoram, desde a eleição no ano passado, as possÃveis mudanças de dividendos da Petrobras com Lula na presidência da República.
Nos primeiros 9 meses de 2022, a Petrobras pagou um total de US$ 35,4 bilhões em dividendos e/ou juros sobre capital próprio, o que equivale hoje a um rendimento de cerca de 46,6%.
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O Goldman Sachs reforça que a notÃcia sobre a mudança na polÃtica de distribuição de dividendos não é uma novidade, mas o banco apontou não ter ficado claro se isso já poderia impactar o potencial anúncio de dividendos esperado para amanhã junto com os resultados do quarto trimestre de 2022 (o que seria uma novidade).
De qualquer forma, ainda que os dividendos do quarto trimestre de 2022 (4T22) tenham a sua polÃtica atual de pagamentos preservada, uma vez que ainda não houve mudanças no Conselho de Administração, a questão fica para os próximos trimestres.
Conforme destacou o JPMorgan antes das notÃcias do começo da tarde, as condições para o dividendo mÃnimo ainda estão em vigor para o 4T22. Os preços do petróleo estão acima do limite mÃnimo de US$ 40 o barril , conforme exigido pela polÃtica. “A Petrobras continua a gerar caixa substancial â prevemos um rendimento de fluxo de caixa livre de 25,5% em 2023, o balanço está em muito boa forma e abaixo do limite de dÃvida bruta de US$ 65 bilhões discutido na polÃtica â temos [projeção de] dÃvida bruta de US$ 54,3 bilhões até o final de 2022, e a polÃtica permanece em vigor. Nossos cálculos sugerem que o dividendo mÃnimo deve ser de US$ 3,4 bilhões no trimestre, que é nosso caso base hoje”, avalia.
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Já sobre os próximos trimestres, os analistas do banco reiteraram maior incerteza. “Em todos os trimestres do ano passado a Petrobras pagou acima do dividendo mÃnimo. Esta ainda é uma opção, mas muito improvável em nossa opinião”, afirma.
O outro extremo seria pagar um valor abaixo do dividendo mÃnimo â ou mesmo um dividendo nulo, atribuindo também probabilidade baixa.
“No entanto, a polÃtica de dividendos tem um lado subjetivo. Um de seus princÃpios diz que os dividendos ‘não devem comprometer a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo’, o que abre espaço para um número menor. No entanto, isso também é improvável, pois a empresa está em uma condição muito forte e sustentável”, afirma. o JP tem recomendação neutra para os ativos.
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Guilherme Nippes, analista da XP, avalia estar na “ponta otimista” no debate sobre os dividendos. “Colocamos no nosso modelo do quarto trimestre que teremos 60% do fluxo de caixa menos o Capex, que é o que a Petrobras tem seguido nos últimos trimestres”, avalia.
O mercado, porém, está olhando de forma desconfiada, destaca o analista. “Há quem considere que a Petrobras não pagará nada no quarto trimestre, uma vez que já pagou o dividendo mÃnimo de 25% do lucro lÃquido. Ainda não saberemos como será, apesar de estarmos otimistas”, reforça.
Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, aponta que, para amanhã, possa ser que o resultado, caso positivo, seja catalisador. “Contudo, o que estamos vendo dificulta o otimismo com a empresa tanto quanto aos dividendos quanto na questão de interferência do governo”, avalia.
Petroleiras juniores com queda mais intensa
Cabe destacar ainda as notÃcias durante a tarde de que o governo brasileiro estaria considerando introduzir impostos de exportação de petróleo, o que levou a uma queda mais forte das petroleiras privadas do que da petroleira estatal. A notÃcia foi considerada negativa para as empresas independentes de exploração e produção.
A notÃcia foi confirmada posteriormente por Haddad no fim da tarde. Para compensar a diferença entre os impostos passados e atualizados, haverá uma cobrança do imposto de exportação do petróleo de zero para 9,2% pelos próximos quatro meses.
Com isso, as ações de 3R Petroleum (RRRP3), PRIO (PRIO3) e PetroReconcavo (RECV3) tiveram queda forte, acentuada na reta final do pregão. PRIO3 caiu 9,04%, a R$ 33,70, enquanto 3R teve perdas de 6,97%, a R$ 36,41, e RECV3 teve baixa de 6,01%, a R$ 28,30.