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Caminhoneiros realizam desde o fim da tarde da quarta-feira, 8, paralisações em estradas de ao menos 15 Estados. São eles: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, EspÃrito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.
Em nota divulgada nas primeiras horas desta quinta-feira, 9, o Ministério da Infraestrutura afirmou que pontos de bloqueio total no Rio de Grande do Sul e em São Paulo foram liberados pela PolÃcia Rodoviária Federal (PRF), além de trechos de retenção no norte de Santa Catarina. Segundo o órgão, agentes ainda estão atuando em pontos de interdição em Minas Gerais.
Em boletim anterior, à s 17h30, o ministério afirmou que a PRF negociava para liberar o fluxo nas rodovias até a meia noite. No comunicado divulgado à s 20h40, no entanto, não havia mais essa previsão. “Agentes encontram-se nos locais identificados e iniciaram o procedimento de desobstrução com a orientação de liberar todos que quiserem seguir viagem”, afirmava o segundo boletim. Ãs 22h30, a PRF informou que havia pontos de concentração em rodovias de 16 Estados. O número foi reduzido para 15 no último informe, à s 0h30.
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Leia também: Bolsonaro pede liberação de estradas por caminhoneiros
Os bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seguiram durante o dia.
“Ao todo, já foram debeladas 117 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas”, afirmou o ministério. “A disseminação de vÃdeos e fotos por meio de redes sociais não necessariamente reflete o estado atual da malha rodoviária.”
Em boletim, o ministério destacou que a composição das mobilizações é heterogênea, “não se limitando a demandas ligadas à categoria” e chegou a afirmar não haver previsão de que os bloqueios nas rodovias afetem o abastecimento de produtos no PaÃs. No último informe, porém, ao anunciar a liberação dos trechos na região norte de Santa Catarina disse que a mobilização no local “chegou a ameaçar” as condições de abastecimento.
As concentrações já preocupam distribuidoras de combustÃveis, que temem desabastecimento de produtos como gasolina e óleo diesel. A situação mais crÃtica é nos Estados de Santa Catarina e Mato Grosso.
Ãs 17h30, o ministério informou que foram registrados pontos de concentração em rodovias federais com abordagem a veÃculos de cargas nos seguintes Estados: Bahia, EspÃrito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul. No boletim das 0h30, não houve detalhamento dos Estados.
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Segundo a PolÃcia Rodoviária Estadual de São Paulo, houve paralisação de caminhoneiros na Rodovia Anhanguera, no km 188. Já o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER) informa que houve uma manifestação de caminhoneiros em Angatuba, na SP-270 (km 204).
Na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, há três pontos com registro de protestos: Campos dos Goytacazes (km 75 da BR 101, sentido Rio); Itaboraà (km 1 da BR 493, em ambos os sentidos); e na capital fluminense (km 113 da BR 040), segundo a PRF, que está presente nesses pontos. Nos locais, a PolÃcia Rodoviária Federal está realizando tratativas para liberação das estradas. Nesses pontos, o trânsito está fluindo mesmo com a interdição, informa a PRF.
Em Roraima, ao menos 20 caminhões estacionaram no quilômetro 482 da BR-174, em Boa Vista, em um protesto contra o aumento no preço dos combustÃveis, em especial o Diesel, e a favor do governo Bolsonaro. A ação faz parte do pacote de mobilização dos caminhoneiros pós 7 de setembro e iniciou por volta das 17 horas, horário local.
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A rodovia federal é a única via de acesso do estado roraimense à Manaus (AM), e é utilizada para o envio de alimentos, combustÃvel e outras mercadorias, de forma mais barata e por terra. A PolÃcia Rodoviária Federal enviou uma equipe para o local.
Um dos lÃderes do movimento intitulado de Caminhoneiros Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do STF. “O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que PaÃs está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão”, disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vÃdeo que circula pelas redes sociais.
Segundo ele, o documento também será entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em outro vÃdeo, Burgardt fala em um prazo de 24 horas para a resposta das autoridades ao pedido. Ele não foi localizado na quarta.
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Diante dos protestos, a Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista enviou na quarta ofÃcios ao diretor-geral da PRF, ao Ministério da Infraestrutura, à Presidência da República e outros órgãos, em que pede ação imediata das forças de segurança pública para garantir o trânsito nas rodovias. A frente afirma que, em decorrência dos atos iniciados no 7 de Setembro, ainda ocorrem obstruções de trânsito em estradas federais “com madeiras, pedras e pneus”.
Presidente da frente, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) afirmou haver “ameaça à integridade fÃsica e danos ao patrimônio com lançamento de pedras contra caminhões de caminhoneiros e transportadores e contra a nossa Constituição, no que se refere ao livre direito de ir e vir”.
O fato de o ofÃcio ter sido enviado pela Frente reforça a falta de unanimidade da categoria sobre as paralisações. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas especÃficas da categoria não aderiram aos atos. Na semana passada, representantes da categoria consideravam que poderia haver presença pontual de transportadores nos atos, mas de forma isolada, sem organização associativa.
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Ao menos nove entidades, entre associações, confederações e sindicatos ligados à categoria informaram ontem que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e LogÃstica (NTC&LogÃstica), que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte e mais de 50 entidades patronais, manifestou repúdio aos bloqueios. Em nota, a entidade afirma que as paralisações poderão causar graves consequências para o abastecimento, que poderão atingir o consumidor final e o comércio de produtos de todas as naturezas, incluindo essenciais, como alimentos, medicamentos e combustÃveis.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de VeÃculos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho polÃtico com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos. “Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra”, disse Chorão, que foi um dos principais lÃderes da categoria na greve de 2018. “Está claro que a pauta não é da categoria”.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e LogÃstica (CNTTL), Carlos Dahmer, relatou ter visto alguns pontos de manifestações de caminhoneiros, “conforme era esperado” diante de manifestações de Bolsonaro. “Vimos veÃculos do agronegócio, como tratores e máquinas agrÃcolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar tentando trabalhar”, disse.
A CNTTL enviou recentemente ofÃcio ao presidente do STF, Luiz Fux, repudiando atos “extremistas”, as declarações do cantor Sérgio Reis e do que chamou de “pseudo lideranças” de caminhoneiros, dizendo que não compactua com atos antidemocráticos.
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