Produção de veículos recua em junho mesmo com programa de descontos para carros “populares”, mostra Anfavea

Muitos dos carros vendidos com incentivo do programa já estavam em estoque; montadoras pararam produção no período

Equipe InfoMoney

(Getty Images)
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A produção de veículos teve queda de 7,1% no mês passado, quando comparada ao volume de junho de 2022. No total, 189,2 mil unidades foram montadas, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, os dados foram divulgados nesta pela Anfavea, a associação que representa o setor.

O número representa uma queda de 17% em relação à produção de maio, quando as montadoras reforçaram os estoques à espera da corrida dos consumidores às concessionárias por conta do programa de descontos para carros “populares”. A redução pode variar entre R$ 2 mil e R$ 8 mil com o subsídio dado pelo governo.

O balanço mostra que a indústria automotiva produziu 1,13 milhão de veículos no primeiro semestre, ainda uma alta de 3,7% frente aos seis primeiros meses do ano passado.

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Em seu comunicado, a Anfavea diz que os reflexos positivos do programa de descontos só começaram a ser percebidos na última semana de junho, mas foram suficientes para fazer dele o “segundo melhor mês do ano” em vendas e projetar um julho com emplacamentos “acima da média”, já que cerca de 79 mil veículos com bônus de desconto foram repassados às concessionárias, mas somente 54 mil deles tiveram vendas efetivadas em junho, considerando carros e utilitários leves.

“Foi uma excelente medida de curto prazo para aquecer o mercado”, avalia Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. “Sem dúvida, ficou claro para todos o potencial dessa demanda reprimida por veículos zero quilômetro, algo que, esperamos, proporcione uma contínua elevação das vendas no segundo semestre, à medida em que as condições de financiamento comecem a atrair mais clientes”.

Suspensão da produção

Com o impulso dos descontos do governo, as vendas de veículos subiram 8,6% na comparação com junho de 2022 e 8% frente a maio, somando, no mês passado, 179,6 mil unidades na soma de de automóveis e comerciais leves.

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Porém, boa parte dos carros vendidos já estava em estoque. Sabendo que os bônus autorizados pelo governo seriam consumidos rapidamente, as montadoras voltaram a parar a produção em junho, já que, apesar do repique estimulado pelo apoio federal, o mercado segue pressionado pelo aumento dos juros.

Neste mês, os ajustes continuam em fábricas da Renault e da General Motors (GM), que suspenderam, na segunda-feira, um turno de produção em São José dos Pinhais (PR) e São José dos Campos (SP), respectivamente.

A Volkswagen também volta a parar na semana que vem a produção do utilitário esportivo T-Cross no Paraná e vai dar, a partir de segunda-feira, dez dias de férias coletivas em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde monta os modelos Novo Virtus, Novo Polo e Nivus, além da picape Saveiro.

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De janeiro a junho, 998,6 mil veículos foram vendidos no País, 8,8% a mais do que no primeiro semestre do ano passado. O balanço da Anfavea mostra ainda queda de 22,6% das exportações, no comparativo de junho com igual mês do ano passado.

Os embarques, de 36,6 mil veículos no mês passado, caíram 17,4% contra maio. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, as exportações tiveram queda de 7,7%, somando 227,2 mil unidades.

Segundo o levantamento da entidade, 505 vagas de trabalho foram fechadas em junho nas montadoras, que agora empregam menos de 100 mil pessoas.

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Sucesso do programa, mas metade do subsídio

Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), afirmou nesta quinta-feira (5) que foram vendidos mais de 115 mil veículos em menos de quatro semanas com o programa de descontos para carros populares, lançado pelo governo federal no início de junho.

Ele considera que o programa foi um sucesso e que também impulsionou a procura por seminovos de valores mais caros. Inclusive, especialistas já tinham antecipado que o movimento de descontos para os carros novos poderia baratear também o mercado de usados.

A repercussão foi tão grande que o governo estendeu a exclusividade para pessoas físicas e também anunciou um valor extra de subsídio de R$ 300 milhões. O montante foi somado aos R$ 500 milhões inicialmente disponibilizados para os carros, totalizando um novo teto de R$ 800 milhões do programa, que foi amplamente divulgado pelo governo.

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Porém, na prática, esse adicional é de metade divulgado: R$ 150 milhões. Isso porque foi deduzido do montante divulgado impostos como PIS/Cofins e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Desse total “real”  já foram solicitados R$ 100 milhões. Restam, portanto, R$ 50 milhões para uso.

O MDIC afirmou em nota ao InfoMoney que não há previsão de quanto mais o programa vai durar, mas é possível que não dure nem até o fim do mês de julho. A regra de duração é: enquanto o subsídio durar. Clique aqui para acessar o painel do MDIC sobre o programa.

*Com Estadão Conteúdo

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