Os fatores que devem guiar mais um balanço positivo para a “ação premium” Multiplan

Combinação de queda dos juros e retomada econômica deve guiar bons números da Multiplan

Lara Rizério

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Publicidade

SÃO PAULO – Queda de juros, retomada da economia e um foco para o cliente, voltado também em serviços. O grau de sucesso dessa conjunção de fatores para a Multiplan (MULT3), administradora de shoppings – como o Morumbi, em São Paulo, e Barra, no Rio de Janeiro – será revelado nesta segunda-feira (30), após o fechamento do mercado, quando a companhia divulgará seu balanço do terceiro trimestre de 2017.

E a empresa, que está na carteira InfoMoney de outubro, deve apresentar bons números, a exemplo do segundo trimestre, quando as linhas do resultado foram impulsionadas pelo crescimento da linha de aluguéis e menores despesas administrativas. 

As vendas mais saudáveis em julho e agosto devem levar a um crescimento no SSS (vendas nas mesmas lojas) entre 4,5% e 6,5%, aponta o Itaú BBA. Esse percentual é um pouco abaixo do registrado no segundo trimestre (quando o SSS subiu 6,7% na base de comparação anual), mas ainda acima do resultado do mesmo período do ano passado, notam os analistas do banco.

Continua depois da publicidade

Além disso, avaliam, é provável que o crescimento da SSR (aluguéis nas mesmas lojas) permaneça resiliente, apesar da queda nas taxas de inflação, e não deve haver mudanças importantes nas taxas de ocupações dos lojistas.

Finalmente, a melhoria da perspectiva das vendas no varejo provavelmente ajudará a empresa a diminuir a sua taxa de inadimplência, apontam os analistas do Itaú BBA.

Se a queda da inflação pode impactar nos aluguéis, ela pode ser muito benéfica para o fluxo de caixa operacional da Multiplan (e outras companhias administradoras de shopping). Isso porque as empresas do setor têm um fluxo de recebíveis ligado à taxa pré de longo prazo. Em um período de queda da Selic, receber em taxa prefixada e pagar em posfixada é uma boa forma de lucrar. O corte de juros é positivo para elas, portanto, porque a geração de fluxo de caixa dessas empresas fica maior com a queda de juros, uma vez que elas operam com alto índice de alavancagem.

Continua depois da publicidade

 Os analistas do BTG Pactual esperam uma alta do FFO (Fluxo de Caixa Operacional –  soma do lucro líquido ajustado, depreciação e amortização) de 15% na base de comparação anual, a R$ 114 milhões, enquanto o Itaú BBA mostra maior otimismo, com FFO de R$ 145 milhões, “notavelmente ultrapassando o número postado no mesmo período do último ano”, de R$ 99,6 milhões. 

Assim, a expectativa é de que a companhia registre bons números em meio aos sinais de queda de juros e recuperação econômica, este último devendo mostrar ainda maior importância. Isso porque muitas casas de análise, como é o caso do Bradesco BBI e do Bank of America Merrill Lynch, vêm mostrando preferência por shoppings com foco em renda mais alta, uma vez que consumidores com maior poder financeiro estão voltando a consumir mais rapidamente. 

No caso do Bradesco BBI, a preferência é pela Iguatemi, enquanto o BofA aponta preferência também pela Multiplan, destacando que as duas empresas são de “shopping premium” sem um valuation atual premium, que não reflete o desempenho superior das companhias. Desta forma, a recomendação é de compra para ambas as companhias. Para a Multiplan, o preço-alvo do BofA é de R$ 88,00 – um potencial de valorização de 19,5% em relação ao fechamento da última sexta-feira (27). 

Continua depois da publicidade

Confira os números esperados para a Multiplan no terceiro trimestre de 2017:

em R$ milhões 3T17E* 3T16 3T17E/3T16
Receita líquida 284,8 259 +9,96%
Ebitda 201,4 181 +11,27%
Margem Ebitda 70,7% 69,7% +1 p.p.
Lucro líquido 85,8 67,9 +26,36%

*de acordo com estimativas compiladas pela Bloomberg

Autor avatar
Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.