Opinião: As lições que 2022 deixa para o setor automotivo

E o que esperar para 2023? Tudo vai depender das locadoras...

Raphael Galante

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Trânsito no eixo monumental, em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Trânsito no eixo monumental, em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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Caros leitores, digníssimas leitoras,

Estamos iniciando um novo ciclo no mercado automotivo. Mas o que podemos tirar de lição de 2022?

Para começar, o ano terminou com 1,954 milhão de carros vendidos, contra 1,974 milhão de veículos comercializados em 2021. Tivemos uma queda de 1%.

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Apesar disso, o mercado automotivo, graças às locadoras, iniciou sua recuperação no segundo semestre e reverteu uma retração de dois dígitos para apenas 1%.

E é esse o nosso primeiro ponto de atenção: LOCADORAS.

No ano que passou, foram quase (mas quase mesmo) 400 mil carros vendidos para elas – 20% do total das vendas.

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Existe no mercado automotivo uma força que ditará para qual lado a indústria irá. As locadoras ganharam tal forma e importância que, em algumas marcas, já possuem quase uma cadeira cativa!

E isso gerou uma grande mudança no perfil do consumidor!

Esse é o nosso segundo ponto: o CONSUMIDOR.

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Ele, caro leitor, não é aquele cliente como você ou eu. Hoje, quase metade (na real, 49,8%) de todos os carros vendidos vão parar nas mãos das pessoas jurídicas. Temos os 20,4% das locadoras e mais 29,4% de carros que são vendidos para CNPJs (empresas).

Consumidores como você, caro leitor, correspondem por metade das vendas. E esse número deverá ser menor de 50% neste ano.

Tivemos também outras mudanças no ranqueamento de marcas. Estamos vivenciando a “Era da Fiat” (com share de 22%), ou melhor, a supremacia do grupo STELLANTIS (Fiat-Peugeot-Citroen-Jeep-Ram), que já detém 1/3 do mercado.

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Mas, para nós, a grata surpresa do ano que passou foi a Toyota, que fechou 2022 na quarta colocação e se consolidou como uma das marcas mais desejadas do país.

O feito da Toyota é louvável, pois ela registrou crescimento de 10,5% no ano passado – e a marca só vende produtos de altíssimo valor agregado.

Além disso, vale a menção mais que honrosa para o pessoal da GM, que registrou crescimento de 20% em 2022. E aqui estamos falando da segunda maior marca de volume no mercado nacional.

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Esses feitos da Fiat, da GM e da Toyota ilustram o nosso terceiro ponto: qual é o PRODUTO que o consumidor quer?

Se pegássemos um DeLorean, voltássemos uns 10-15 anos no tempo e afirmássemos que a Fiat seria uma marca “picapeira”, teríamos sido motivo de chacota! Mas eis que ela está aí para queimar a nossa língua!

O carro mais vendido do ano passado foi a nossa Fiat “pato” Strada, com mais de 112 mil unidades vendidas (quase 6% do total). A GM cravou o seu Tracker como o SUV mais vendido, ao emplacar quase 71 mil carros.

Se fizermos um top 20 dos carros mais vendidos (65% do total), perceberíamos que, dos 20 veículos que aparecem neste ranking, oito são de SUV; três de Picapes; três de Sedans – veículos com ticket médio mais caro!

Os hatch pequenos, como o Kwid e o Mobi, são os outros seis veículos que compõem o nosso TOP 20.

Por fim, outro ponto mais que preocupante é que o CRÉDITO automotivo veio definhando ao longo do ano.

A média histórica dos financiamentos é de uma participação de 60%. Em 2022, tivemos mês com 43%. E, em novembro, cravamos o pior resultado da história, com 32,4%.

E não temos sinalização de que isso irá melhorar!

Mas, afinal de contas: REI MORTO, REI POSTO! O que devemos esperar de 2023?

Caros leitores, essa é a pergunta de US$ 1 milhão (de novo)!

Temos, de um lado o aumento da restrição do crédito ao consumidor; a desaceleração da economia; o aumento contínuo nos preços dos carros e, acima de tudo, não sabemos qual será o apetite das locadoras neste ano!

Se elas forem às compras, o ano será excelente. Mas, se elas decidirem tirar o pé, teremos um ano complicadíssimo!

O que acreditamos é num mercado oscilando entre 1,98 milhão até 2,1 milhões.

Mas, de novo, tudo depende das locadoras.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva