Melhores e piores do ano no setor automotivo: a derrocada do interior

Se no passado o crescimento da indústria esteve alicerçado no interior do país, desta vez foram as capitais que quase salvaram o ano

Raphael Galante

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Carros estacionados em pátio (Reuters/Roosevelt Cassio)
Carros estacionados em pátio (Reuters/Roosevelt Cassio)

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Caros leitores, digníssimas leitoras,

Faltando um dia para finalizar o nosso ano de 2022, percebemos onde as vendas de veículos foram “menos ruins”.

Se em um passado não tão distante o crescimento da indústria automotiva esteve alicerçado no interior do país, desta vez foram as capitais e principais centros econômicos do país que quase salvaram o ano.

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Faltando apenas mais um dia de vendas, os dados de 2022 mostram que, enquanto o setor registrou queda nas vendas de 1,2%, as capitais dos estados tiveram aumento superior a 6%, enquanto o interior caia 8%.

Logicamente, as vendas em São Paulo (a capital) e Belo Horizonte foram fortemente influenciadas pelas compras de locadoras. Mesmo assim, o interior de apenas oito unidades de federação teve desempenho melhor que suas capitais.

Além disso, só o interior de Goiás deverá ser a única região que apresentará crescimento nas vendas. Já as capitais Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis e São Paulo vão registrar crescimento nas vendas.

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Com esses resultados, a participação das capitais sobre o volume de vendas da indústria deverá aumentar em quatro pontos percentuais sobre o ano de 2021.

E qual o motivo dessa análise?

Simples: o mercado de veículos (mas poderia ser qualquer outro setor da economia) é demasiadamente saturado nas capitais. Em geral, quando fazemos algumas análises nas quais mostramos a quantidade de habitantes por veículos, por exemplo, existe sempre uma imensidão de crescimento no interior dos estados.

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Tanto que, quando fazemos uma proxy de crescimento econômico do interior frente a uma projeção no volume de vendas, os melhores percentuais estão por lá.

Além disso, para as montadoras é mais rentável e menos custoso conquistar novos consumidores do que batalhar por aqueles consumidores já atingidos por alguma marca.

E isso eles encontram (ou já dá para dizer “encontravam”?) no interior.

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O lado preocupante é que aquela força motriz da economia que vinha do interior deste “Brasilzão” parece que deu uma desacelerada boa em 2021 e 2022. E tememos o que vai acontecer em 2023.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva