Com mais de R$ 90 bi em concessões, crédito automotivo cresce 45% no 1º semestre – mas ainda há um oceano a ser explorado

Apesar desse “boom”, isso não reflete efetivamente em aumento de “share”: a penetração dos financiamentos nas vendas de carros novos e usados é de apenas 35%.

Raphael Galante

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Caros leitores, digníssimas leitoras: o Banco Central, com a sua plena agilidade (#sqn), divulgou os dados de crédito do sistema financeiro do primeiro semestre do ano. No nosso caso, o enfoque que daremos é sobre o setor automotivo.

Pois bem, como estamos no meio de uma pandemia (que, daqui a pouco, completará dois anos), além de termos uma política macroeconômica que se assemelha aos clássicos da Sessão da Tarde da Globo (“Apertem Os Cintos… O Piloto Sumiu!”), nosso único consolo é saber como anda a disposição dos bancos em ajudar a parte séria da economia (a única) que é gerida pelo empresariado.

Para nossa grata surpresa, usando o bordão “crássico” do amigo do Bob Esponja: “nunca antes na história deste país” se financiou tanto veículo!

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Segundo o Banco Central, neste primeiro semestre tivemos quase R$ 93 bilhões em concessões para a aquisição de veículos, um crescimento de 45% sobre o ano passado.

Ok, cara pálida! Você vai me dizer que comparar o resultado deste ano com o do ano passado é meio forçado, já que 2020 para nós está mais como a obra de Robert Wise: O Dia Em Que A Terra Parou. Mas, se compararmos com 2019, o crescimento ainda é de 28%.

Na verdade, este primeiro semestre registrou o melhor resultado “forever and ever” do setor!

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Isso ajuda a explicar o crescimento das vendas de veículos, que registrou evolução de mais de 30%.

Além disso, a qualidade do crédito vem se mantendo. Apesar de estarem altas, as taxas de inadimplência e de atraso se encontram em seus valores mínimos históricos para o período:

Nossa preocupação é em relação a quanto tempo os bancos ainda manterão as suas posições. Com a gradual alta da Selic e com o IPCA rondando a casa dos 9% ao ano, é de se esperar um encarecimento do crédito. Mas, até o momento, ele ainda não aumentou tanto…

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Em resumo, as taxas praticadas em junho deste ano são praticamente as mesmas de dois anos atrás. Mas já registramos um aumento de 8,85% sobre o mesmo período do ano passado (que foi aquele nosso “ano estranho”).

O que vem mantendo a “prestação” do consumidor é a dilatação gradual dos prazos de financiamentos, que está chegando aos 47 meses.

Mas, apesar desse “boom” em financiamentos, isso não reflete efetivamente em aumento de “share”. A penetração dos financiamentos nas vendas de carros novos e usados é de apenas 35%. Sendo que a penetração em veículos novos é de 45% (pior resultado dos últimos 12 anos) e em veículos usados é de 33%. Ou seja, existe ainda um oceano para o pessoal dos bancos explorar!

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva