Investir em esporte: retorno garantido

Grande feito de Rayssa Leal provocou um aumento de 80% nas vendas de itens para skate em uma grande rede de e-commerce esportivo

Fernando Scherer (Xuxa)

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(© Tokyo 2020 and TMG)
(© Tokyo 2020 and TMG)

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O Brasil tem o seu o melhor início de Jogos de todos os tempos, são sete medalhas conquistadas, sendo quatro históricas: três em modalidades estreantes – skate e surf , com Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Ítalo Ferreira fazendo história – e duas que marcam o ineditismo do feito (Mayra Aguiar do judô sendo a primeira mulher a conquistar três medalhas consecutivas em três edições de Olimpíada e Rebeca Andrade, primeira ginasta brasileira a subir no pódio olímpico).

Eu vi uma entrevista do Ítalo Ferreira mencionando que mesmo já sendo campeão mundial de surfe, ficou impressionado com a força dos Jogos, com toda a repercussão da sua medalha de ouro, muito maior do que ele esperava ou já viveu. E é isso mesmo. Tóquio hoje está no centro do mundo e nesse momento não são apenas os amantes da sua modalidade que estão te acompanhando, é literalmente o mundo inteiro.

Essa passionalidade que envolve o esporte, somada ao momento em que a humanidade está passando com a pandemia de Covid19, certamente acrescenta ainda mais visibilidade ao maior evento esportivo do planeta. O que obviamente torna o investimento no esporte ainda mais atrativo.

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Sempre falamos no valor agregado para as marcas que investem no esporte como ferramenta de marketing, na importantíssima associação aos valores intrínsecos que o esporte traz (respeito, igualdade, liderança, espírito de equipe), mas não podemos deixar de falar do impacto no consumidor final, em vendas diretas – e esse impacto não é apenas no fã do esporte, em especial no momento específico dos Jogos.

Para se ter uma ideia da força do esporte e dessa visibilidade da Olimpíada, o grande feito de Rayssa Leal, nossa fadinha medalhista de prata, de apenas 13 anos, provocou um aumento de 80% nas vendas de itens para skate em uma grande rede de e-commerce esportivo, a Netshoes.

Já pararam para pensar no impacto em longo prazo na cadeia produtiva do setor? E essa procura por itens da modalidade não é apenas do praticante, pois não foram apenas skates vendidos – é a busca foi por todo um estilo: camisetas, moletons, bonés, sneakers… E isso acaba virando tendência.

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O surfe é outra modalidade que já vinha em uma crescente e movimentava R$ 7 bilhões por ano no Brasil com roupas, pranchas, acessórios (estimativa do Instituto Brasileiro de Surfe – Ibrasurfe), isso sem contar os efeitos secundários em hotéis e restaurantes litorâneos.

Já tínhamos 30% de audiência das plataformas no mundo composta de brasileiros, na frente da Austrália e equilibrada com os Estados Unidos, imagina agora? O Brasil com certeza torna-se o principal mercado.

Obviamente associar sua marca a um atleta ou equipe já vencedor é tiro certo. Mas ao investir desde o começo da história dele e poder contar isso para o público, se apropriando da narrativa é espetacular. Algo que a Red Bull explora muito bem.

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As histórias dos atletas nunca são uma linha reta em subida até o topo: elas sempre trazem a famosa trajetória do herói, composta de obstáculos diversos, superação, dor, resiliência. E é por isso que elas tocam tão profundamente as pessoas, porque elas se enxergam nas trajetórias e se inspiram muitas vezes nelas. E reconhecem as marcas que apoiam seus ídolos como fontes de credibilidade. Mais um ponto para o investimento em esporte.

É indiscutível o papel do esporte como ferramenta social, educacional e transformadora. Mas também é inegável como indústria. Minha esperança é que cada vez mais investidores aqui no Brasil percebam que existe um campo enorme a ser desbravado no Brasil ainda nesse sentido – algo que grandes potências como Estados Unidos, Reino Unido, China, entre outros, já exploram de forma muito bem feita há anos. Investir em esporte de maneira bem feita é retorno garantido.

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Fernando Scherer (Xuxa)

É nadador, duas vezes medalhista olímpico (bronze nos 50m livre em Atlanta-1996 e bronze no 4x100 livre em Sidney-2000). Foi eleito o melhor nadador do mundo em 1998, campeão e recordista mundial, além de deter sete medalhas de ouro em Jogos Panamericanos. Fora das piscinas, atua como empresário, apresentador, comentarista e palestrante. Também dá cursos digitais sobre excelência, performance e expansão de consciência