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Uma coisa que intriga muitos investidores e economistas é por que as pessoas (e consequentemente o mercado) não conseguem prever grandes crises e ir mudando suas posições de uma forma menos abrupta do que quando ocorrem as crises de fato – o que poderia até evitar a existência de próximas crises em última hipótese.
Esta semana o blog Acertar na Mosca trouxe uma reflexão muito interessante sobre obsolescência e por que os especialistas erram tanto. Divido aqui alguns pontos que considero sobre o tema.
Temos uma dificuldade enorme em sair do dia a dia e olhar questões em que estamos muito envolvidos. Isso é gerado por inúmeros vieses que nós, seres-humanos, temos e que nas últimas décadas têm sido estudados pela economia comportamental. Para se ter uma ideia de quantos são, já foram mapeados mais de 100.
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Um deles é o viés de confirmação, pelo qual se constata que as pessoas tendem a ver mais evidências que confirmem sua visão do que as que as contrariem.
O exemplo clássico: mulheres notam muito mais mulheres grávidas quando também estão grávidas.
Outro viés é a valorização do Status Quo, onde pouca importância é dada para coisas que podem afetar ou mudar a direção atual. E como o comportamento do mercado financeiro segue os mesmos padrões humanos, a nossa forma de agir ou pensar afeta também os mercados.
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E aí vem o texto do Mosca, que coloca que as rápidas mudanças que estão ocorrendo no mundo, em conjunto com a necessidade de se dedicar muitas horas para se tornar um especialista em algo, estão fazendo com que os especialistas errem cada vez mais. O “X” da questão aqui para mim passa pelos vieses comportamentais.
Essas inúmeras horas dedicadas a um só tema fazem com que nos restrinjamos a poucos temas, pouco espaço para aceitar mudanças, e aí entramos em um espiral de só ver e tentar explicar as coisas da mesma forma.
Dá para se precaver e tentar “enganar” esses vieses, mas esse é um trabalho árduo de ir contra nossa natureza e exige uma disciplina e processos que nem sempre são capazes de seguir por muito tempo.
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E mesmo assim, isso não garante que a disciplina e os processos atuais que você utiliza para pensar e definir estratégias valham para daqui 5 anos. É preciso que eles acompanhem as inovações, informações e evoluam com o tempo.
Um primeiro passo importantíssimo é reconhecer que temos esses vieses e sempre nos questionarmos se eles estão ou não afetando nossas decisões. Isso vale para investimentos, mas também para a vida.
Quando vamos para a vida lembro-me de dois episódios que ilustram bem isso. Um de um pai de um amigo que era um empresário muito bem-sucedido na Venezuela e que foi ficando, ficando, ficando… até que o governo tomou os negócios dele e não o deixou sair do país, pois seus negócios foram tidos como essenciais.
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Apesar de muito bem-sucedido, ele não tinha um centavo investido fora da Venezuela e está lá, até hoje, como “funcionário” do governo. Ou será “prisioneiro”?
O outro episódio é o caso dos judeus na segunda guerra mundial. Recentemente vi o filme “The last days”, do Steven Spielberg, que ilustra como os judeus húngaros só foram perceber o que estava acontecendo quando já estavam nos campos de concentração.
Um caso emblemático de que não conseguimos acompanhar a velocidade e no caso, a gravidade, das mudanças.
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Nós, humanos, temos total capacidade de vermos o todo e nos adaptarmos, mas, para isso, é necessário um esforço para tentar ver as coisas sob um novo ângulo, o que é se torna mais difícil quanto mais especialista você é em determinado assunto.
E aí fica a pergunta: até quando você vai achar que cripto e bitcoin é só coisa de nerd?
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Fontes consultadas para esse texto:
http://acertarnamosca.blogspot.com/2021/11/obsolescencia-usdbrl.html
The Behavioral Biases of Individuals (cfainstitute.org)