Fadiga da Crise: governos perderam a credibilidade com a população

A pandemia do Covid-19 está afetando nossa rotina de uma maneira inesperada. Mas por que algumas pessoas simplesmente não aceitam o isolamento social solicitado pelos órgãos oficiais?

Silvia Alambert Hala

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(Jessica McGowan/Getty Images)
(Jessica McGowan/Getty Images)

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Pode ser que a postura de repulsa pelo apelo governamental esteja relacionada a um tipo específico de estresse que vem ocorrendo nos últimos anos: “fadiga da crise”.

Quando você se depara com uma ameaça, seu corpo se prepara para duas possíveis situações: luta ou fuga. Em momentos como os que estamos vivendo, nos quais nosso cérebro é bombardeado por um ataque massivo de crises, é comum despertar o sentimento de estarmos perdidos ou dormentes.

Ao longo das duas últimas décadas temos sofrido com crises políticas e financeiras, enfrentado os discursos apocalípticos sobre fim dos tempos, sobrevivido à gripe suína, gripe aviária, Ebola, febre amarela, crise financeira global, agitação civil nacional.

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Então, é bem provável que as pessoas simplesmente se sintam “vacinadas” dos avisos de políticos e agora os ignoram.

O coronavírus acrescentou mais estresse e tensão onde a ansiedade e a luta pela sobrevivência já era uma realidade dura dentro da sociedade.

O problema é que altos níveis de estresse causam outros estragos à saúde, tais como ansiedade e insônia, que levam a outros problemas, como ganho de peso, pressão alta e até perda óssea. O estresse pode matar.

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A “fadiga da crise” se traduz em cansaço mental, resultado da exposição constante a discursos sobre crises políticas e financeiras, tragédias ambientais, escândalos de corrupção, fazendo com que as pessoas permaneçam em estado de alerta, preocupadas, amedrontadas e com a emoção à flor da pele.

Essas preocupações envolvem as questões ligadas ao trabalho, à família e às finanças pessoais, até que a confiança se rompe e então os indivíduos passam a se guiar por seus instintos. Por que ficar isolado se já passamos por tantas outras crises que disseram ser tão graves e ao final nem era tudo isso?

Ao que parece, muitas pessoas – e os jovens adultos em especial – simplesmente estão ignorando os riscos de não ficarem em casa e estão desafiando não somente os órgãos oficiais de saúde, mas a própria vida, como um sinal de protesto a tudo o que discordam ou naquilo que deixaram de acreditar.

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A mensagem é “cansamos de atender aos seus chamados e de sermos esquecidos. Temos causas mais importantes para defender”.

Considerando que para muitos, o medo já faz parte do dia a dia, não se importam em violar as regras, viver suas experiências e lutar por suas causas.

As pessoas estão cansadas em lutar por discursos vazios que não trazem resultados práticos.

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Silvia Alambert Hala

Sócia, co-fundadora da Creative Wealth™ Intl (USA), empresa americana fundada em 2002 e proprietária dos programas de educação financeira para crianças e jovens The Money Camp™, Camp Millionaire™, Moving Out! ™ e The Money Game™ que se dedica à formação de educadores financeiros escolares e mentores e tutores de crianças e jovens ao redor do mundo. Silvia atua há 15 anos como educadora financeira de crianças e jovens em escolas e nas famílias, coach especializada em finanças comportamentais, palestrante, formadora de educadores financeiros escolares no Brasil, co-autora do livro “Pai, ensinas-me a poupar!” (Ed. Rei dos Livros) publicado em Portugal, representante da APOEF™ (Associação de Profissionais Orientadores e Educadores em Finanças) nos Estados Unidos da América e coordenadora do projeto de educação financeira para jovens atletas de alto desempenho da empresa Sports To Go™. Instagram: @silviaalambert_edufin www.silviaalambert.com www.creativewealthintl.com