SÃO PAULO – Sair do Brasil para trabalhar em outro país é desejo de 91% dos profissionais, segundo pesquisa feita pela companhia de recrutamento Talenses. Para a maioria destas pessoas, os Estados Unidos são a principal opção, seguido por Canadá e Portugal. Mas é possível tornar este sonho realidade?
A nação norte-americana foi classificada pela ONU, em 2018, como o 18° país mais feliz do mundo para se morar, 10 posições à frente do Brasil. De acordo com o Itamaraty, mais de 1,4 milhão de brasileiros vive nos Estados Unidos hoje, a maioria na Flórida.
Apesar do discurso anti-imigração do presidente Donald Trump, 90% dos pedidos de visto para Green Card são aprovados, segundo o especialista de imigração Leonardo Freitas, sócio-fundador e gerente de negócios da consultoria Hayman-Woodward.
O InfoMoney separou tudo que você precisa saber sobre como imigrar para os Estados Unidos. Confira:
Como conseguir um Green Card?
O Green Card é o cartão que garante residência permanente nos Estados Unidos. Ele deve ser renovado de 10 em 10 anos e assegura uma série de direitos e deveres, tais como trabalhar, abrir um negócio, receber Previdência Social, pagar impostos e usufruir da educação e outros serviços públicos.
Com ele, você também pode entrar e sair livremente do território norte-americano, contanto que não se ausente por mais de 6 meses consecutivos. Ainda assim, o cartão não oferece aos imigrantes direito de votar nem de se eleger a um cargo público, para isso é preciso ter cidadania.
Se você deseja solicitar a cidadania americana, é necessário possuir o Green Card e comprovar ao menos 5 anos de presença física no país.
Leia também:
– Canadá: tudo o que você precisa saber para morar e trabalhar no país
– Trabalhar em Portugal: como conseguir o visto e quanto custa morar lá
O Green Card pode ser adquirido através de casamento, caso você se case com um cidadão norte-americano; parentesco, caso você tenha um parente que seja cidadão norte-americano; ou trabalho.
No último cenário, há 5 tipos de visto que concedem o Green Card:
– EB1
Segundo Leonardo Freitas, o EB1 é o tipo mais solicitado. Ele se aplica a pessoas com habilidades extraordinárias em ciência, arte, educação, negócios ou atletas; a professores e pesquisadores; ou a executivos de multinacionais que estejam em transferência.
– EB2
Este é o segundo visto mais solicitado e se aplica a três grupos de profissionais. O primeiro deles é o de acadêmicos com 5 anos ou mais de trabalho progressivo em pós-bacharelados, mestrados, ou PhDs.
Em segundo lugar, abrange pessoas com habilidades excepcionais. Isto é, aquelas que cumprem ao menos 3 dos seguintes critérios: graduação acadêmica na área em que trabalha; licença para praticar a profissão no país de origem; ao menos 10 anos de profissão; ser membro da associação profissional do país; ter realizado contribuições significativas reconhecidas pelos superiores de seu meio; evidências de que recebe remuneração compatível com suas habilidades.
Por fim, o terceiro tipo de profissionais que podem solicitar o EB2 são aqueles que comprovem dispensa de empregador por interesse nacional. “Um exemplo clássico são pilotos de linha aérea comercial que, apesar de não terem graduação acadêmica, têm mais de 5 anos de trabalho na área. A imigração aprova a grande maioria destes casos por interesse nacional, porque nos Estados Unidos faltam muitos pilotos”, diz Freitas.
Outras profissões que podem ser consideradas “de interesse nacional” são fisioterapeutas, dentistas, médicos e profissionais da área da saúde, explica o especialista.
– EB3
O EB3 é destinado a pessoas com bacharelado e pelo menos 2 anos de experiência profissional na área de formação, ou para pessoas que não possuem experiência mas podem comprovar um certificado de trabalho qualificado. Para adquiri-lo, é necessário já possuir oferta de trabalho no país.
– EB4
Este visto é concedido para “imigrantes especiais”, ou seja, pessoas que trabalharam ao menos 20 anos para o governo americano fora dos Estados Unidos, como em consulados ou embaixadas.
– EB5
O EB5 é o famoso “visto por investimento”. Para solicitá-lo, o imigrante deve investir de US$ 500 mil a US$ 1 milhão de dólares no território americano, a depender da região. Também é necessária a criação de no mínimo 10 empregos no país. Se o negócio for considerado “bem sucedido” pelo governo, ele pode adquirir o seu cartão.
Freitas comenta que muitas pessoas solicitam o EB5 porque desconhecem outros tipos de visto. “Na maioria das vezes, uma pessoa que se aplica ao EB5 também se encaixa no EB1 e EB2.” Tanto é que o Brasil bateu recorde de solicitações do “visto de investidor” no ano passado.
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Em todos os casos de Green Card, o cartão também é concedido aos filhos menores de 21 anos do imigrante e ao cônjuge, podendo ser renovado por eles de 10 em 10 anos, mesmo em caso de divórcio.
Visto de trabalho para quem não tem Green Card
Caso você não cumpra nenhum dos requisitos anteriores para solicitar o Green Card, deve tentar adquirir um visto de trabalho temporário.
Existem 187 tipos de visto para os Estados Unidos, 83 deles permitindo trabalho, explica Freitas. Todos os vistos de trabalho requerem fluência em inglês, o que será comprovado em entrevistas com a embaixada.
Segundo Pedro Drummond, advogado licenciado nos Estados Unidos e Brasil, especializado em operações entre os dois países e em processos imigratórios, os vistos mais solicitados são os do tipo H, O e L. No entanto, há uma série de outras opções, como vistos exclusivos para jornalistas, para atletas e para religiosos. Os mais comuns são:
– H1B
Concedido para recém contratados nos Estados Unidos. Para solicitá-lo é preciso ter formação acadêmica concluída ou certificado profissional com habilidades diferenciadas. Este visto tem duração de até 3 anos, podendo ser estendido por mais 3.
Cônjuges e filhos com menos de 21 anos podem acompanhar o profissional, mas não possuem permissão para trabalhar no país.
– H2B
Trabalhadores qualificados ou não qualificados podem solicitar o H2B, contanto que comprovem que vão cumprir um trabalho de natureza sazonal ou temporária, em áreas com escassez de mão-de-obra entre os residentes americanos.
A duração inicial do H2B é de 1 ano, podendo se estender para até 3. O empregador americano precisa apresentar ao Departamento de Trabalho um certificado que confirme a falta de trabalhadores norte-americanos para a função contratada.
– H3
Este visto é concedido para estagiários estrangeiros que pretendem receber algum treinamento em território norte-americano. A área do treinamento não precisa ser relacionada com a graduação do estudante.
– L1
Utilizado principalmente em expansões internacionais, o L1 é o visto de transferência de executivo. Isto é, “quando uma empresa brasileira estabelece uma operação nova nos Estados Unidos e deseja transferir um executivo ou gerente brasileiro para o país”, explica Drummond. Neste caso, o cônjuge pode imigrar com o portador do visto e recebe permissão para trabalhar.
– O1
Assim como o EB1, este visto é concedido a pessoas com habilidades extraordinárias em ciência, arte, educação, negócios ou atletas. “Um executivo que trabalha em posição crítica em uma empresa relevante, por exemplo, ou uma pessoa que recebe um salário comprovadamente muito acima da média, pode solicitar o O1”, comenta Carlos.
Como conseguir emprego?
Todos os vistos citados no tópico anterior exigem que o imigrante já possua promessa de trabalho no país. Além disso, estes vistos costumam ser solicitados e financiados pelo próprio empregador americano.
Por isso, Freitas recomenda que sejam evitados “trabalhos braçais”, como cargos de garçons ou atendentes. “Nestes casos, o empregador pode não estar disposto a financiar o processo de imigração.”
Para conseguir um emprego, o imigrante pode recorrer ao auxílio de uma empresa de recrutamento ou buscar vagas em sites americanos, como por exemplo:
- GlassDoor
- SimplyHired
- Monster
- CareerBuilder
- Dice
- Media Bistro
As áreas com maior demanda de mão de obra são: profissionais de saúde, aviação, empreendedorismo e os chamados STEN (Science, Tecnology, Engineering and Math), que engloba ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Para conseguir uma vaga, é recomendado possuir um currículo norte-americano, fluência em inglês e perfil atualizado no LinkedIn.
O salário mínimo estadunidense é de US$ 7,25 por hora, mas este valor pode variar a depender do estado. Na Califórnia, por exemplo, o mínimo a ser pago é de US$ 11,00 por hora.
Mas atenção: os vistos de trabalho não concedem cidadania, é preciso solicitar primeiro o Green Card, após alguns anos trabalhando no país, e depois a cidadania, após alguns anos como residente permanente.
O que mais eu preciso saber?
É importante ressaltar que todas as análises feitas pelo consulado são subjetivas. Não necessariamente uma atividade será considerada como “habilidade excepcional” por todas as pessoas, por exemplo.
Chegando aos Estados Unidos com o visto de trabalho, será necessário tirar o Social Security Number (SSN), que funciona como o CPF brasileiro. Este número permite que a pessoa receba pagamentos, adquira crédito e faça transações bancárias, por exemplo. O SSN não precisa ser renovado.
Drummond comenta que o ambiente de trabalho americano é “muito receptivo para estrangeiros, principalmente em áreas com maior demanda para mão de obra qualificada.” No entanto, segundo ele, os órgãos estão cada vez mais rigorosos na análise de documentos, por isso os processos de visto tem demorado cada vez mais.
Se você tem vontade de se mudar para os Estados Unidos, também é recomendado contratar um advogado de imigração, principalmente caso ainda não possua perspectiva de trabalho no país. Este profissional pode analisar individualmente sua situação e te recomendar o melhor visto.
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