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Tok&Stok recua no digital em aposta nas conversões na loja física

Empresa diz ter reduzido custos com a área de TI em mais de 50%.

Iuri Santos

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Como parte da estratégia para retomar os trilhos do negócio após meses de turbulência envolvendo renegociações de dívidas junto a credores, a Tok&Stok muda a rota do seu canal de vendas digitais, enxuga os gastos com TI e aposta na experiência digital como um atrativo para as lojas físicas.

Para a fundadora e atual CEO da Tok&Stok, Ghislaine Dubrule, a crença de varejistas de que o comércio online passaria a ter participação muito alta no faturamento das empresas, em especial depois da pandemia, não se confirmou. “Houve essa ilusão de que o digital chegaria a um share de 30% a 40 % na venda total do varejo […] E percebeu-se que depois da pandemia, no fundo, houve uma grande queda dessa participação na venda do digital”, diz.

Diante da avaliação de que a bolha do comércio varejista online está cedendo, a Tok&Stok tem se afastado da guerra de preços que marca as vendas em canais digitais e investe em um site “aspiracional”, que sirva para apresentar tendências e coleções para os clientes e remeter às visitas à loja física. “O que precisa ter é uma omnicanalidade que funcione bem, que a jornada do cliente entre o mundo físico e o mundo digital leve à melhor experiência possível”, diz Dubrule.

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As vendas pelo canal digital já chegaram a representar 27% da receita total da Tok&Stok, mas hoje estão em 17%. “Eu acho que esse é o lugar dele”, diz a CEO da companhia. A mudança de estratégia tem resultado em economias para a empresa. Nos últimos meses, a Tok&Stok internalizou sistemas utilizados em sua operação que antes eram contratados (normalmente nas opções mais caras do mercado), de empresas terceiras. Foi o caso do sistema de gerenciamento da carteira de pedidos, para o qual já havia uma solução interna, mas a empresa também contratava um periférico.

Ghislaine Dubrule, CEO da Tok&Stok (Divulgação)

Essas alterações reduziram em mais de 50% os custos com a área de TI da companhia, que passou de 350 colaboradores para 120. Essa adequação, segundo a empresa, não significa diminuir a importância da tecnologia, bem como do próprio digital, mas mantê-la “dentro de proporções adequadas”.

Para Dubrule, as lojas físicas são o motor de conversão, de fluxo e de interesse dos clientes. Além dos ambientes tematizados característicos, a companhia aposta em eventos para demonstrar que não parou, mesmo diante das notícias negativas que marcaram o primeiro semestre, quando a Tok&Stok precisou negociar uma dívida de R$ 350 milhões (R$ 600 milhões considerando recebíveis), recebeu um aporte de R$ 100 milhões de seus controladores, o fundo de private equity Carlyle, para dar fluxo ao seu caixa e fechou 17 lojas.

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O posicionamento, que se estende por todo o marketing da empresa, foca em mostrar que novas linhas e lançamentos de produtos seguem acontecendo, e apela para a memória afetiva dos consumidores da marca.

A empresa não abre números, mas diz que a estratégia está dando certo. Dubrule afirma que todos os indicadores de redução nas vendas observados no começo do ano, quando chegou a registrar menos de 30% das vendas do mesmo período de 2022, estão melhorando no segundo semestre. “A diferença de crescimento que nós tínhamos no início do ano para esse segundo semestre está diminuindo muito […] Tínhamos um porcentual muito elevado de perda de fluxo, de perda de vendas no primeiro semestre e hoje estamos em menos da metade dessa perda”, diz.

A volta da executiva à liderança da empresa também faz parte da tentativa de retomar a confiança na varejista. Diante das dificuldades de arcar com custos de aluguel, risco-sacado e antecipação de valores, Dubrule voltou, após exercer o cargo entre 2012 e 2017, como uma figura de credibilidade para fornecedores e parceiros.

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Fusão com Mobly

A Tok&Stok diz que as negociações por uma fusão com a concorrente Mobly seguem “em análise” e certamente não haverá qualquer resultado do due diligence feito pelas duas empresas até o início do próximo ano. “Não quer dizer que a fusão necessariamente será realizada”, pondera Dubrule.

Ela explica que o processo de análise com a Mobly, ou qualquer outra empresa que tenha capital aberto, seria uma possibilidade de crescimento e alavancagem mais rápidos. “Esse tipo de empresa, que já é aberta e tem essa estrutura de capital já no mercado, pode trabalhar muito bem rapidamente com um follow-on e pode capturar bastante recurso financeiro no mercado”, explica.

Diferentemente da Tok&Stok, a Mobly se posiciona como uma empresa de tecnologia. Analistas acreditam que uma fusão entre as marcas teria sinergia, dada a estrutura de lojas físicas da companhia mais tradicional e o foco na plataforma digital da companhia de comércio eletrónico.

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No início de setembro uma notícia do Valor Econômico afirmou que as duas empresas já haviam acertado os termos de uma fusão, mas o negócio ainda não se concretizou. No dia seguinte à publicação, a Mobly se manifestou dizendo que as empresas mantém conversa, mas não há qualquer acordo ou proposta vinculante entre as duas companhias.