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Como a Gerdau mantém um plano de investimentos bilionário em um mercado saturado de aço

Até o final do terceiro trimestre de 2023, a Gerdau havia utilizado 27,7% dos R$ 11,9 bilhões de seu plano de investimento

Mitchel Diniz

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O excesso de aço importado no mercado brasileiro pode até ter abalado os últimos resultados financeiros da Gerdau, mas a siderúrgica segue confiante em seu plano de investimentos bilionário. Mesmo em um cenário de sobreoferta, a companhia mantém a estratégia desenhada em 2021, quando anunciou um montante de R$ 11,9 bilhões a serem investidos em cinco anos. Até o final do terceiro trimestre de 2023, a Gerdau havia utilizado 27,7% desses recursos, uma cifra de R$ 3,3 bilhões.

“Esse plano, hoje em execução, foi cuidadosamente avaliado pelos nossos times […] para termos de fato soluções robustas e projetos que geram valor em diferente cenários, não só de vacas gordas”, afirmou Rafael Japur, CFO da Gerdau, em entrevista ao Por Dentro dos Resultados do InfoMoney.

Para se proteger de conjunturas adversas, a companhia baseou sua expansão além de receitas e volumes, priorizando a busca por competitividade. O plano de investimentos prevê, por exemplo, a produção de 5,5 milhões de toneladas de minério de ferro de alto teor, com empilhamento a seco, para abastecer as unidades da Gerdau em Minas Gerais.

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“Muito do que estamos fazendo é verticalização da nossa capacidade de produção, investindo em diferencial competitivo, matérias-primas de qualidade, diferenciais logísticos e uma carteira de produtos com mix de maior valor agregado”, diz Japur.

O CFO afirma que os investimentos da Gerdau não preveem um crescimento relevante de capacidade de produção.

“Quando pensamos em capacidade instalada de aço bruto e semi-acabado, é um portfólio que deve gerar algo em torno de 700 mil toneladas [adicionais] dentro de uma capacidade de entrega na faixa de 12 a 13 milhões de toneladas”, exemplifica.

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Japur explica que os investimentos levam tempo para serem concebidos e executados e que a Gerdau não pode ser “oportunista”. “Temos que ser criteriosos, fazer investimentos que a gente acredita que vão gerar valor em diferentes cenários no longo prazo”, diz.

Segundo ele, a empresa está confiante que vai alcançar “um outro patamar de rentabilidade e competitividade no longo prazo” com o plano de investimentos do jeito que está.

Entre 2015 e 2022, a Gerdau revisou sua estratégia para reduzir sua alavancagem e fez uma série de desinvestimentos nesse período. “Saímos de algumas geografias, vendemos algumas ativos e, com os recursos, reduzimos de forma muito expressiva a nossa alavancagem e dívida bruta”, explica Japur.

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Ao fortalecer o balanço, a empresa tem condições em avançar com seu plano de investimentos. No terceiro trimestre, período em que a empresa registrou uma queda anual de 47% no lucro líquido (de R$ 1,592 bilhão) e 19,3% na receita (de R$ 17,06 bilhões), a geração de caixa da companhia continuou forte e o nível de endividamento reduzido. A relação dívida líquida e lucro operacional foi de 0,3x.

“Nossa filosofia é deixar o indicador abaixo de 1,5x para que mesmo em um momento de stress, onde nosso Ebitda caia de forma muito rápida, nossa alavancagem fique dentro dos patamares considerados investment grade [grau de investimento] pelas agências de rating“, diz Japur.

“Em um setor tão intensivo em capital, ter a capacidade de captar recursos de forma competitiva e rápida é absolutamente essencial para a nossa perenidade no longo prazo”.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados