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Investidores estrangeiros voltam para a B3 em novembro

Juros, menor tensão no Oriente Médio e valorização do minério são algumas das explicações que justificam o melhor mês de entrada de capital em 2022.

Alessandro Emerich

(scyther5/iStock/Getty Images Plus)
(scyther5/iStock/Getty Images Plus)

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Novembro foi o mês de 2023 que, ao menos até agora, foi marcado pelo melhor fluxo de entrada de capital estrangeiro na B3 – além do melhor mês desde março de 2022. Ao total, segundo dados da própria Bolsa, foram R$ 21 bilhões de saldo positivo, resultado, majoritariamente, do recuo dos juros nos Estados Unidos.

“O mês foi marcado por uma expressiva entrada de capital estrangeiro na bolsa e um notável aumento no apetite por risco”, explica Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos.

A especialista destaca que a maior economia do mundo trouxe dados de inflação abaixo das expectativas, bem como outros dados ligados ao mercado de trabalho e ao desempenho econômico.

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Juros mais baixos nos Estados Unidos tendem a criar um fluxo de capital para ativos de risco. Os treasuries yields para dez anos, por exemplo, saíram da casa dos 4,85% no começo de novembro para fechar o mês próximo dos 4,30%.

“Com os títulos da dívida pública norte-americanos – considerados os “mais seguros do mundo” – pagando menos, investidores tiram dinheiro desses ativos para colocar em outros, aceitando assumir mais risco.”

— Alessandro Emerich

“Esse cenário de juros mais longo em queda, de arrefecimento gradual do nível de atividade do mercado de trabalho somado a uma inflação mais arrefecida, traz um otimismo e ajuda o ajuste de posição, ou seja, o ajuste técnico de final de ano dos investidores”, diz Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital.

“A entrada de capital por parte do investidor estrangeiro foi notável, aproximando-se da máxima do ano. Esse fluxo de investimentos estrangeiros é um indicador significativo do crescente interesse e confiança nos mercados emergentes e outros ativos considerados de maior risco”, explica a Genial Investimentos, em análise publicada no primeiro dia de dezembro.

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InfoMoney

Para dezembro, as perspectivas, no que tange o fluxo estrangeiro, continuam otimistas. No entanto, os especialistas apontam que uma possível realização de lucros pode minguar o movimento.

“A expectativa é de que a Bolsa brasileira mantenha sua trajetória ascendente em dezembro, mesmo que com um impulso mais moderado em comparação ao observado em novembro”, menciona Sene.

Fonte: InfoMoney

Ela expõe que o esperado é que empresas mais ligadas ao consumo cíclico continuem se beneficiando da queda dos juros – no caso de essa trajetória se consolidar.

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Investidores, no começo de dezembro, contudo, estão se posicionando com alguma cautela, esperando a publicação do payroll nos Estados Unidos, marcada para a próxima sexta-feira.

Além dos juros

Fora a entrada em ativos de risco, por conta dos juros mais fracos, o mercado também busca a renda fixa brasileira, que tem taxas mais atrativas na comparação. “Com a aposta em quando o juro vai cair, o dinheiro buscou mercados com taxas maiores, como o Brasil”, disse o diretor de investimentos da Nommos, Beto Saadia.

A economista da Nova Futura, ainda falando de menor aversão ao risco, destaca que novembro também foi marcado por uma diminuição dos temores relacionados à guerra entre Israel e Hamas no Oriente Médio.

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Se em outubro havia o temor de que o conflito se espalhasse pela região, o que provavelmente causaria um problema inflacionário dada a importância da região na produção de petróleo, o décimo primeiro mês de 2023 foi marcado por um apaziguamento dos discursos.

O VIX, considerado o índice do medo, encerrou outubro sendo negociado acima dos 20 pontos e acabou novembro abaixo dos 13.

Por fim, houve também o fluxo gerado por conta da valorização das commodities, principalmente do minério de ferro.

Outro título

As ações ordinárias da Vale (VALE3), com peso importante no Ibovespa, ganharam mais de 10% no mês, acompanhando a alta da commodity, na esteira das notícias de que a China irá estimular o seu setor de construção civil. E, para o futuro, as projeções continuam otimistas para a commodity, com os estoques do gigante asiático ainda apertados, em uma época sazonalmente marcada pela alta da demanda na preparação para o ano novo chinês.

A balança comercial brasileira é outra explicação para a forte entrada de recursos externos na B3. Até a terceira semana de novembro, o superávit comercial do mês de novembro foi de US$ 6,003 bilhões.

Mais um título

“Por outro lado, aconselho cautela com o setor de petróleo, especialmente no segmento de exploração e refino. Este setor pode enfrentar maior volatilidade e possíveis correções, dado o recente movimento de queda na commodity de referência nas últimas semanas, e ainda persistem dúvidas sobre novos cortes de produção”, fala a economista da Esh.

O Brasil vem, por fim, minimamente também fazendo sua tarefa de casa. Novembro, por exemplo, foi marcado pela notícia de que o Governo Federal não iria alterar sua meta de déficit para 2024.

Mais um de mais título

“Dados da economia brasileira continuam positivos. Tivemos, por exemplo, o Caged de outubro nesta semana, que mostrou uma queda do desemprego brasileiro, apesar de uma criação de vagas menor do que em setembro. O IPCA de outubro também foi mais ameno do que as expectativas, bem como o IPCA-15 de novembro, que trouxe uma prévia mais benigna”, contextualiza Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital.

Ela lembra também alguns avanços no cenário político brasileiro – caso, por exemplo, da aprovação da PL de tributação de fundos exclusivos feita na semana passada no Senado, que deve melhorar a situação fiscal do país.

Para a estrategista-chefe do Inter, Gabriela Joubert, a mudança da “água para o vinho” no cenário externo e melhora na percepção do país em relação a outros emergentes deve sustentar o apetite do investidor estrangeiro na B3.

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