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A opinião de que a Bolsa brasileira está barata vem sendo compartilhada há tempos por analistas e gestores. A informação parece já ter sido incorporada pelos investidores, mas a gravidade do dado ainda chama atenção. âA Bolsa está no nÃvel de valuation mais baixo que já viâ, dispara Sara Delfim, sócia-fundadora e membro do time de gestão da Dahlia Capital. à a fala de quem acompanhou de perto crises agudas que derrubaram os preços das ações ao longo das duas últimas décadas.
Sara usa como exemplo a crise do subprime de 2008, que elevou a inflação e juros no Brasil, fazendo o dólar disparar também. âFoi sem precedentes o que aconteceu. Exportadoras quebraram com o dólar forte, pois tinham dÃvida em moeda americana, custos em dólar, não tinham investimentos em logÃsticaâ, lembra a gestora. Pensar que a Bolsa e empresas de diversos portes e setores estão sendo negociados em nÃveis ainda mais baixos ‘não faz sentido’â, diz a gestora.
âHoje, apesar das empresas mais fortes, gerando caixa e pagando dividendos, estamos em um nÃvel de valor mais baixo que 2008â, aponta Sara, usando o exemplo da Petrobras (PETR3;PETR4). Na semana passada, a petrolÃfera anunciou o pagamento de dividendos de R$ 6,73 por ação, totalizando R$ 87,8 bilhões.
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âApós o pagamento dos dividendos, a Petrobras vai ser negociada ao preço de uma petrolÃfera na Argentina. A empresa está mais barata do que quando não havia lei de estatais, governança e polÃtica de preçosâ, observa Sara. Na visão da sócia da Dahlia Capital, essa distorção é explicada pelos juros mais altos da economia brasileira em cinco anos. âO que prejudica a Bolsa é o CDI a 14%, sem riscoâ, afirma.
Sara participou do painel âDescobrindo as vencedoras da Bolsaâ na Expert XP, junto com Danniela Eiger, head de Varejo e co-Head de equity research. A discussão foi mediada pelos apresentadores do Stock Pickers, Henrique Esteter e Lucas Collazo. A  Expert XP é realizada em São Paulo (para acompanhar as palestras online ou presencialmente acesse aqui).
Bolha de luxo
Na visão de Daniella, a Bolsa está vivendo vivendo uma bolha de ativos de luxo. âAs varejistas de alta renda são outro mundo, não param de crescer, trimestre em cima de trimestreâ, explica. Com foco em um público de poder aquisitivo mais alto, essas empresas têm ido na contramão de varejistas de clientela mais ampla e suscetÃvel à alta dos preços.
Para Sara, ainda assim, essas empresas estão descontadas. âA Iguatemi negocia o metro quadrado a R$ 14 mil, enquanto só a licença para construir custa R$ 17 mil. Tem muita distorção. O micro das empresas está muito bom, elas têm pouca dÃvida e quando tem, são dÃvidas em reais. Estão pagando dividendosâ, explica.
A gestora explica que a Dahlia tem âum pouco de exposiçãoâ em empresas de consumo de alta renda e está ânamorandoâ varejistas que praticam tÃquetes mais baixos. âTalvez seja a hora de migrar do consumo de alta renda para o consumo da classe média. Os agentes de mercado estão começando a antecipar esse movimento e tem probabilidade de acontecerâ, afirma Sara.
Cautelosamente otimista
Sara diz que a Dahlia segue com carteira diversificada e está âcautelosamente otimistaâ. O foco são ações de qualidade e defensivas, mas com perspectiva de crescimento e pagamento de dividendos. âO setor mais representativo é o elétricoâ, diz a gestora, dando destaque para Eneva (ENEV3). âà uma empresa de gás, em transição energética, que vem descobrindo novas reservasâ, diz Sara. A gestora diz que prioriza empresas com maior liquidez.
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Ainda sobre a carteira, a Dahlia tem uma pequena posição em commodities (mais petróleo). âTemos posição em commodities que, se der ruim, não machucaâ, afirma.
Na carteira da XP, entre as ações mais âblindadasâ, segundo Daniella, estão Assaà (ASAI3) e Localiza (RENT3). âSão empresas que, independentemente do que vier, estarão protegidas. Ações sempre têm risco, mas pensando no âmicroâ, são boas escolhas para serem feitasâ, diz a analista.
Por outro lado, ela ainda recomenda cautela com ações de tecnologia. âA gente ainda não recomenda a compra desses papéis. Ainda há muitos desafios de base e de conjunturaâ, afirma.
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